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Tarde é o que nunca chega
Aos poucos o Governo dos Açores vai anunciando medidas há muito reclamadas pela opinião pública, sobretudo na comunicação social.
Como diz o provérbio popular, “tarde dá o que espera que lhe peçam”.
Ainda bem que as nossas autoridades vão reconhecendo a justeza das inúmeras propostas, algumas delas, aliás, já em aplicação noutras paragens.
É o caso do confinamento dos passageiros que chegam, com quarentena obrigatória num hotel e com polícia à porta.
Infelizmente tem que ser assim, porque começam a surgir casos, incluindo alguns dos que resultaram positivos, que não obedecem à quarentena.
É uma boa medida do Governo Regional, assim como as medidas anunciadas pela Secretária Regional da Solidariedade de apoio aos pais, com isenção de rendas e mensalidades.
Ficam agora a faltar os testes rápidos para todos, que cremos ser, também, uma das preocupações das autoridades de saúde.
É imperioso travar a cadeia de transmissão e o que aconteceu na freguesia de S. Mateus, na Terceira, com o primeiro caso de transmissão local, devia ter levado as autoridades à imposição de um cordão sanitário.
Se o fizeram para toda a ilha quando surgiu apenas um caso, ainda por cima importado, qual é o critério para, agora, não o fazerem numa localidade com dois casos de transmissão local?Às vezes dá ideia que a máquina está um bocadinho emperrada.
Há que tomar decisões rápidas e não aguardar pelo pior.
Também esteve muito bem a SATA ao adiar por mais um mês a operação da sua frota.
É bom que comece a pensar que, nos próximos meses, será um enorme risco voar para as rotas de Lisboa, EUA e Canadá.
São focos intensíssimos de contaminação, sobretudo o descontrolo nos EUA, a que não queremos, certamente, estar ligados.
Convém começar a anunciar que festas como as do Senhor Santo Cristo, Sanjoaninas e outras que se realizam no Verão em várias ilhas, atraindo muitos emigrantes, serão certamente canceladas.
É um enorme sacrifício para muitas famílias, que desejariam viajar até cá (e vice-versa), para férias e rever os familiares, mas a saúde de todos está primeiro, para bem de ambos os lados do nosso Rio Atlântico.
Certamente que haverá dias melhores e voltaremos à normalidade.
Porque vamos vencer a batalha.
Trapalhadas da DGS
No espaço de uma semana a Direcção Geral de Saúde errou em relação aos Açores, o que revela uma negligência inadmissível num assunto tão grave e dramático como o que estamos a viver.
Primeiro, foi ao enumerar um caso positivo nos Açores quando o caso era de um açoriano… mas localizado no continente. Depois, foi o registo de uma morte, que afinal era falso!…
Não sabemos se isto diz muito do trabalho trapalhão que a DGS estará a fazer no continente, mas que há razões para desconfiar, como tem sido salientado nas conferências de imprensa pelos jornalistas em Lisboa, é muito grave.
Já não bastava a acção irresponsável do Primeiro-Ministro e do Presidente da República ao não permitir o fecho dos aeroportos açorianos, que estão a ser a porta de entrada dos casos positivos na região.
Até parece que a República nos quer infectar…
Osvaldo Cabral
Editorial do Diário dos Açores de 28-03-2020
