COVID-19 EM PORTUGAL, QUARENTENAS ALASTRAM

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Portugal | Coronavivos

Posted: 09 Mar 2020 12:36 AM PDT

Pedro Ivo Carvalho* | Jornal de Notícias | opinião

Prisões sem visitas, hospitais sem visitas, lares sem visitas. Escolas fechadas, empresas fechadas. Uma população de 100 mil pessoas condicionada na ação.

O presidente da República em isolamento voluntário durante duas semanas porque tirou uma fotografia com um grupo de alunos de uma escola de Felgueiras frequentada por um estudante infetado com coronavírus. O mesmo presidente que, na véspera do anúncio, se sentara ao lado do primeiro-ministro num teatro à pinha e que, horas antes, visitara os doentes internados no Hospital de S. João que estão a receber tratamento ao omnipresente Covid-19. A distância entre o alarmismo descontrolado e a prudência excessiva de base profilática é cada vez mais diminuta. Em Portugal e no Mundo. Teremos mesmo de transformar todos os 8 em 80? Ou será possível atacar a tempestade com bom senso?

A nós, cidadãos que queremos trabalhar, que queremos continuar a ir ao ginásio, ao dentista e ao cinema, que não desejamos deixar de viajar nem de nos inter-relacionarmos, não nos resta senão confiar nas autoridades de saúde. Porque também temos a obrigação de olhar para o que está a suceder em Itália e imaginar, ainda que em tese, que também sobre nós se pode abater um terrível manto de mortandade. Mas a realidade dinâmica do coronavírus, como pomposamente é tratada por quem é forçado a improvisar à medida que caminha, também devia fazer pensar quem toma decisões draconianas. Basta ver como alguns hospitais contornaram as ordens da ministra da Saúde em relação às proibições das visitas para se perceber a necessidade de acautelar as especificidades de cada situação. Se não for a ajuda de familiares e amigos, há doentes internados que não são acompanhados com o zelo necessário. Que não mudam de roupa nem comem. Porque o sistema não aguenta, não providencia. Ignorar isto é ignorar o óbvio. À proibição de visitas vai suceder um reforço de pessoal? Os países que tenham a pretensão de querer imitar os chineses na resposta musculada ao coronavírus podem tirar o cavalinho da chuva. A China, mesmo tendo uma economia de base capitalista, é um estado autocrático e, por isso, não pode ser tipificada como molde. Preparemos Portugal para tudo, mas não transformemos o quotidiano num inferno nem a economia num marasmo. Há vida para além do coronavírus. Ainda que às vezes não pareça.

*Diretor-adjunto

Portugal | Coronavírus isola 100 mil em Lousada e Felgueiras

Posted: 09 Mar 2020 12:25 AM PDT

Aumento de doentes com Covid-19 no Norte leva autoridades a tomar medidas com impacto em mais de 100 mil pessoas.

O aumento dos doentes infetados com o novo coronavírus na Região Norte levou a Direção-Geral da Saúde (DGS) a mandar encerrar todas as escolas públicas e privadas dos concelhos de Felgueiras e Lousada. A DGS explica que 19 dos 23 doentes infetados no Norte ( são 31 no total do país ) são daquela região e, para conter a transmissão da doença, decidiu ainda fechar os ginásios, bibliotecas, piscinas, espaços para eventos e cinemas. Os munícipes estão a ser aconselhados a evitar deslocações desnecessárias e reuniões com muita gente. Medidas que terão implicações na vida de mais de 100 mil pessoas.

Em comunicado, enviado já depois das 22 horas de domingo, a DGS afirma que “a evidência apoia o fecho preventivo de todas as escolas” porque os estudos comprovam que, em situação de epidemia, o fecho preventivo é mais eficaz do que o reativo. “A medida é temporária e durará até ser levantado o encerramento por parte das Autoridades de Saúde”.

A Região Norte concentra 23 dos 31 casos de Covid-19 do país, a maioria (19) com ligação a Felgueiras e Lousada. O surto terá tido início em funcionários regressados de Milão que trabalham na fábrica de calçado de Lousada encerrada desde quinta-feira. A DGS acrescentou que na região há 296 pessoas em isolamento profilático e vigilância ativa, 21 à espera de resultados.

A hora tardia do comunicado da DGS poderá dificultar a sua aplicação prática já esta segunda-feira. Foi o que aconteceu com a decisão, anunciada, sábado à noite, de proibir as visitas aos hospitais, lares e prisões da Região Norte.

Domingo, houve hospitais como o S. João, no Porto, e o Pedro Hispano, em Matosinhos, que não acataram a decisão e permitiram entradas, ainda que com algumas limitações. Contudo, as exceções acabaram: no S. João não há visitas a partir de hoje. Nas prisões gerou-se confusão sobre a abrangência da medida e houve visitas durante a manhã, antes dos serviços prisionais fazerem esclarecimentos.

Aulas à distância

À noite, o S. João enviou ao JN uma nova norma interna que proíbe todas as visitas a partir de hoje. Além disso, suspende as aulas que envolvam doentes e profissionais de saúde dentro e fora do hospital e recomenda à Faculdade de Medicina do Porto a suspensão das aulas e a opção pelo ensino à distância.

Questionada sobre as instruções dadas aos hospitais e eventuais exceções, a DGS explicou que a decisão é tomada “caso a caso por determinação da autoridade de saúde territorialmente competente”, um entendimento diferente do que saiu da conferência de imprensa de sábado.

As medidas visam conter a disseminação do novo coronavírus, que já infetou 31 pessoas, dez só no domingo, o número mais alto num dia. O surto chegou ao Sul, obrigando a encerrar uma Secundária no Algarve, com cerca de 800 alunos. Em causa uma aluna regressada de Itália e que recebeu indicação da linha SNS24 para fazer a vida normal, descreve o agrupamento da Secundária Manuel Teixeira Gomes, em Portimão.

Inês Schreck com A.S.R. | Jornal de Notícias

Coronavírus | Sobe para 31 número de infetados em Portugal

Posted: 08 Mar 2020 10:35 PM PDT

Seis são crianças

A situação epidemiológica em Portugal continua a agravar-se. Há neste momento 31 casos confirmados, 56 pessoas a aguardar resultado laboratorial e 447 em vigilância pelas autoridades de saúde. Entre os infetados estão 6 crianças entre os 10 e os 19 anos, uma deles o primeiro caso de infeção no Algarve. A rapariga é aluna de uma escola em Portimão e esteve recentemente em Itália.

Segundo os dados da DGS, do total de casos 6 estão hospitalizados em Lisboa, no Hospital Curry Cabral e no Dona Estefânia, onde este domingo foi admitido um jovem aluno da Amadora, um em Coimbra e 22 no Porto, 6 dos quais no Santo António e os restantes no São João.

O boletim divulgado ao final da tarde revela ainda que tosse, febre e dores musculares são os principais sintomas dos portugueses infetados. Fica ainda a saber-se que neste momento existem quatro cadeias de transmissão ativas, o que significa que quatro doentes estão na origem da propagação do vírus, sobretudo em meio familiar e em contexto laboral.

Entretanto, às 22h, o Expresso soube que mais uma criança foi diagnosticada no Hospital de Dona Estefânia com covid-19. Trata-se de uma jovem com ligação à professora que dá aulas em duas escolas da Amadora e que ficou infetada numa viagem de férias a Itália.

Vera Lúcia Arreigoso | Expresso