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Questões sobre o Coronavírus (COVID-19)
Tomaz Ponce Dentinho e Cátia Azevedo Lourenço
O novo Coronavírus (COVID-19), detectado pela primeira vez na China, está a disseminar-se pelo mundo sendo antecipado pelas notícias que o anunciam. A Organização Mundial de Saúde (OMS) emite relatórios diários que incluem o número de pessoas infectadas por país e por província chinesa e o número de mortes associado à infecção.
A Figura 1 apresenta o número de dias de infecção reportados até ao dia 4 de Fevereiro de 2020 pela OMS. Parece evidente que a proximidade das relações económicas é mais relevante do que a proximidade geográfica, mas que haverá países que tardam em identificar e reportar os casos de infecção como se verificou com o Irão, e que provavelmente será demonstrado em países e regiões populosos como a Indonésia, a Ásia Central, África e a América Latina.
Figura 1: Dias de Infecção de Coronavírus Reportada pela Organização Mundial de Saúde
Perante este cenário, surgem questões urgentes ligadas ao desenvolvimento de vacinas e de métodos de diagnóstico e ao tratamento dos doentes, naturalmente do foro da medicina e das ciências médicas.
Há também questões de longo prazo ligadas aos surtos desta infecção que estão relacionados com a estrutura e o funcionamento dos aglomerados populacionais e que urge perceber e corrigir de modo a conter a disseminação e mitigar o impacto do novo Coronavírus.
Mas há ainda questões prementes associadas à monitorização e prevenção que dizem respeito a todos, havendo muito possivelmente indicações que não são efectivas na monitorização da doença e medidas de prevenção e que prejudicam mais do que ajudam, representando um risco que deverá ser devidamente considerado.
Os dados que apresentamos abaixo ajudam-nos a aprofundar um pouco as questões de monitorização e de prevenção.
– Será que todos os países e regiões estão a monitorizar a difusão do vírus de forma eficiente?
– Será que há países em que as medidas de prevenção são mais efectivas do que em outros?
– Será que há países onde o apoio é mais adequado do que em outros?
As Figuras 1, 2 e 3 ajudam-nos esclarecer um pouco mais estas questões.
A Figura 2 apresenta a evolução de infectados depois do primeiro caso reportado. É patente que a China tem muito mais casos do que o resto do mundo e que as restrições impostas têm possibilitado a contenção da epidemia a ponto de, mesmo dentro da China, se verificar que o número de novos infectados por dia é inferior ao número médio de infectados por dia.
No entanto, a evolução do número de casos depois da identificação do primeiro caso é bastante distinta para os outros países (Figura 2). A evolução da epidemia na Coreia do Sul, que reportou o primeiro caso casos doze dias depois da identificação do novo Coronavírus, na Itália e também em Espanha são bastante mais problemáticas do que nos restantes países.
Figura 2: Casos de Infectados por Coronavírus depois do primeiro caso reportado.
A Figura 3 apresenta o número de mortes por 100 pessoas infectadas. Os dados da China são robustos e apontam para uma taxa de mortalidade de 2% a 3% entre os indivíduos infectados.
Há sinais alarmantes em alguns países em desenvolvimento com 33% de mortes entre os infectados que indicam que os casos são reportados após a morte do paciente e contabilizando-se como infectados os familiares quando o seu parente adoece mais gravemente e morre. O alarme também vem de países desenvolvidos quando reportam 8% de causalidades provavelmente porque não há notificação dos c, mas tem um melhor sistema de saúde que os países em desenvolvimento.
O Irão não reportou inicialmente a epidemia e tem mortalidades de 20% entre os infectados, taxa que provavelmente diminuirá nos próximos dias.
Na Itália a percentagem de infectados falecidos subiu para 3%, mas há bons sinais do Japão com a redução de 2% para 1% de fatalidades nos últimos dias. E de notar, o caso de Singapura que ainda não registou qualquer fatalidade embora tenha um número considerável de infectados.
Figura 3: % de Mortes entre os infectados com Coronavírus por país
Em resumo, e tentando dar respostas às questões levantadas:
– Há muitos países onde a monitorização da difusão do vírus é feita de forma ineficiente e por vezes tardia, como acontecerá em alguns países em desenvolvimento, onde uma análise dos dados existentes demonstra que a identificação é feita após a morte do infectado. Noutros casos, como provavelmente estará a acontecer na Indonésia, o país do Sudeste Asiático com maior número de habitantes, o diagnóstico clínico e o reconhecimento da causa de morte não são associados à infecção pelo novo Coronavírus.
– Há países onde as medidas de diagnóstico e prevenção parecem ser mais efectivas do que em outros como acontecerá em Singapura, no Japão, nos Estados Unidos, no Reino Unido e na Austrália e que parece não acontecer de forma tão evidente na Coreia do Sul e na Itália..
– Há países com apoio médico claramente superior a outros como é o caso do Japão e de Singapura.
-A distribuição demográfica da população afectada poderá contribuir para diferenças na taxa de mortalidade nos diferentes países e regiões.
Em suma, as medidas de monitorização, prevenção e tratamento deverão ter por base um conhecimento fundamentado da situação presente, que só é possível pela aprendizagem com aqueles que evidenciam resultados positivos na forma como abordam esta epidemia.