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Marega e o insuportável racismo habitual
O racismo habitual é isso mesmo: habitual. Não tem nada de mal. Não é para levar a sério. E é suposto que as suas vítimas vivam com ele todos os dias, no seu quotidiano, num silêncio bem disposto. Nos estádios, onde a multidão esconde mais facilmente a cobardia, o racismo é uma constante. Não é em Guimarães. É no estádio da Luz, de Alvalade, do Dragão. Em todos. Descarado, boçal, agressivo. Permanente, habitual e sem filtro. Anos destes insultos, e há quem finalmente diga que não pode ser habitual. Ninguém tem de trabalhar e suportar isto durante uma carreira inteira. Comentadores desportivos acusaram Marega de desrespeito pelos adeptos. E Ventura foi Ventura, dizendo que ele sofre do síndrome de Joacine. Agora, até há quem ache que comparar um negro a um macaco é racismo, vejam lá. Não quero saber de nada que tenha a ver com a clubite. Quero saber que Marega, que não se transforma em herói num dia mas foi um herói neste dia, saiu daquele relvado em nome de milhões de pessoas que já não aguentam mais a banalidade do racismo. Que não aguentam mais tanta tolerância com a intolerância.
(Daniel Oliveira)
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