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ABUSOS E INCOMPETÊNCIA PARA ESTRAGAREM O NATAL A UMA FAMÍLIA
Um amigo meu, guineense, no sábado passado, 21 de Dezembro, viajava de Bruxelas (onde reside e trabalha) para Bissau. Viajava com a mulher e os seus três filhos, a quem ia mostrar, orgulhosamente, a sua terra – todos os filhos nasceram na Europa. Fazia uma curta escala em Lisboa.
O voo de Bruxelas para Lisboa atrasou-se. Inquieto com o risco de perder a ligação no aeroporto da Portela, abordou a tripulação de bordo. Tranquilizaram-no: não haveria problema.
Insistiu, chamando a atenção para o facto de não ter um bilhete único Bruxelas/Bissau, mas dois bilhetes: Bruxelas/Lisboa e Lisboa/Bissau. Voltaram a tranquilizá-lo: que não havia problema, teria tempo para levantar as malas em Lisboa e despachá-las de novo no balcão do check-in em Lisboa; não seria mesmo necessário avisar a escala.
Aterraram em Lisboa com atraso significativo. E foi o pesadelo.
Levantada a bagagem e chegados ao balcão do check-in para Bissau, receberam a notícia de que já estava fechado. (Creio que já tinham o check-in online efectuado e foram fazer o drop-off da bagagem de porão.) Mas o pessoal do balcão, atencioso, digamos assim, indicou-lhes para avançarem com a bagagem de porão directamente para a porta de embarque, que lá poderiam recebê-la e embarcá-los.
Não sei se imaginam o que é um casal com três filhos pequenos carregar com bagagem de porão em todo o percurso do balcão de check-in até às portas de embarque, por todos os corredores do aeroporto, incluindo os tapetes de segurança para verificação por raios x de toda a bagagem. Valeu-lhes a tolerância e assistência do pessoal de controlo, pois a bagagem de porão continha líquidos não aceites na bagagem de mão. Acreditaram na história e deixaram passar essa bagagem, confiando em que iria para o porão. Se não, o meu amigo, mulher e filhos teriam ficado logo barrados aí.
Chegados ao balcão de embarque, foi tudo mau. Afinal, depois de toda a odisseia, não podiam embarcar. Contaram ao balcão tudo o que se passara. Nada! Não podiam embarcar.
Havia mais gente a reclamar, em situação semelhante, embora procedendo de outras origens e com outras histórias de ligação perdida. Segundo o meu amigo, uma outra passageira disse-lhe no final que um total de 57 passageiros teriam sido barrados de embarcar nesse voo Lisboa/Bissau, para que tinham bilhete válido. O meu amigo contou 15 passageiros nessa situação, sendo este o número que considera seguro.
O caso do meu amigo não ficou por aqui. A funcionária no balcão de embarque chamou a PSP para controlar os passageiros que reclamavam. A polícia chega e, pouco depois, dirige-se ao meu amigo, que estava já afastado do balcão. Devem-no ter apontado expressamente, pois a PSP não presenciara nada. Agarram-no, derrubam-no e imobilizam-no no solo, usando de violência excessiva. Vão ao cúmulo de o algemar. A mulher estava aterrorizada, uma das filhas chorava desalmadamente, enquanto outra – a mais pequena – era escondida atrás do balcão por outra funcionária, a fim de não ver a violência contra o pai dela.
A seguir, o meu amigo foi conduzido, sempre algemado, até ao exterior do aeroporto, para uma viatura da PSP. Aí, contou tudo o que se passara, respondendo a todas as perguntas que lhe foram feitas. Acabou por ser libertado uma meia-hora depois. Ficou a memória de um filme de terror.
Fez ainda várias diligências junto da TAP, para seguir rapidamente para Bissau. O melhor que conseguiu foi voo no dia 26, tendo de ficar por sua conta em Lisboa, à espera.
Estragaram-lhe – e de que maneira! – o Natal em Bissau, em que planeara juntar a sua família (sobretudo os seus filhos) aos familiares que lá tem. Na melhor das hipóteses, se mais nada acontecer, chegarão a Bissau a 26 de Dezembro. Pouca sorte! E sobretudo muito pouco respeito.
Fico na dúvida sobre se o facto de ter pele negra terá tido influência nos factos mais negativos. O meu amigo é um quadro superior empresarial, em Bruxelas. E que não fosse. Os agentes policiais não podem agir por ouvir dizer. E os funcionários da TAP têm de saber atender e encaminhar os passageiros, sobretudo quando indignados com os erros, a incompetência e o mau serviço da própria companhia.
Terá havido “overbooking” no voo Lisboa/Bissau? Se houve e nesta escala, é absolutamente intolerável. Vergonha! (enquanto se o pode dizer.)
Comentários
Um comentário a “TAP ABUSOS E INCOMPETÊNCIA PARA ESTRAGAREM O NATAL A UMA FAMÍLIA”
Com imenso pesar por essa Família
Que vergonha prejudicar irremediavelmente uma Família ainda por cima com os objectivos que traziam nos seus sonhos
Em vez de prenderem os verdadeiros ladrões usam a prepotência com gente de bem.