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BATALHA DE MATAPÃO
Comportamento inacreditável dos Estados Italianos, em relação a Portugal
Já aqui comentei a má vontade dos responsáveis dos Estados Italianos, desde tempos imemoriais, em relação ao Reino de Portugal. Tentaram fazer correr que Cristóvão Colombo, que não falava uma palavra de italiano, tinha nascido em Génova. Por outro lado, tentaram apropriar-se de uma série de descobrimentos, feitos por portugueses, apontando gente da sua nacionalidade como seus hipotéticos autores. Mas a deslealdade em relação a Portugal, não ficou por aqui. Longe das vistas da Europa profunda e do Papa, municiaram com armamento sofisticado e especialistas militares o exército turco que navegava pelo Oriente, combatendo as frotas portuguesas do Índico. Na verdade, tinham perdido a corrida comercial com os portugueses, que faziam chegar à Europa os produtos orientais, por um preço muito mais baixo, através da Rota do Cabo, rodeando, por mar, o Sul de África, isto é, o Cabo das Tormentas. Os Estados Italianos continuavam a fornecer-se das especiarias e demais produtos orientais, pela via marítima mediterrânica e através de caras e morosas caravanas terrestres. Numa perspectiva de negócios perdidos com a concorrência portuguesa, a situação era grave!!!. Todavia, nas suas manobras e escuras intenções, os nossos amigos saíram-se sempre mal. Desse modo, o azedume nunca mais desapareceu. A azia violenta contra os portugueses não esmoreceu com o tempo e antes continuou a levedar no silêncio, esperando que os portugueses se esquecessem e tivessem fraca memória para as tropelias feitas pelos transalpinos, através da história. Assim aguardavam pela ocasião certa para voltarem à carga, quando ninguém já desse fé. Sabiam que os portugueses só pela traição e pelas costas poderiam ser desfeiteados. E o momento oportuno, para uma vingança, na sua turva perspectiva, chegou!!!
Corria o ano de 1717 e uma enorme frota turca invadiu o Mar Mediterrâneo, com o intuito de delapidar as cidades cristãs da costa sul europeia. Claro que os principais interessados na defesa do mediterrâneo europeu, eram os Estados Italianos e a Ilha de Malta que imediatamente reuniram as suas armadas para se defenderem, bem como aos seus interesses comerciais. Por essa razão, solicitaram insistentemente uma ajuda ao Papa Clemente XI, para meter no empreendimento defensivo cristão os Países da Península Ibérica e o seu respectivo poder naval. O Papa colocou logo a sua própria e insignificante armada na linha de combate e implorou aos Soberanos Ibéricos a necessária ajuda. A Espanha não respondeu ao apelo feito, mas o Rei D. João V, prontamente, enviou uma frota de guerra, chefiada pelo Conde de Rio Grande, D. Lopo Furtado de Mendonça, constituída por cinco naus, duas fragatas e uma série de embarcações mais pequenas.
No dia 19 de Julho de 1717, portanto há mais de trezentos anos, chegaram os navios portugueses junto das armadas de Veneza, Génova, Florença e Malta e dos navios do Papado. Junto do Cabo Matapão, ao Sul da Grécia, no Peloponeso, entre os Golfos de Lacónia e de Mesena, quando se aproximou a numerosa armada turca, que cobria assustadoramente a linha do horizonte, deu-se o inesperado!!!. Os navios dos Estados Italianos, aterrorizados pela multidão de unidades da armada turca, puseram-se ao fresco, rumando em fuga miserável e abandonando cobardemente os navios do Papa e a Armada Portuguesa. Mas a marinharia portuguesa e as suas chefias já estavam bem habituadas a estas confrontações desiguais, defrontando frotas muito mais numerosas, como já tinha acontecido nomeadamente em Ormuz, no Oriente, e no Mediterrâneo, em Lepanto em 1571. Por essa razão, sem hesitações, os portugueses prontamente atacaram os navios principais turcos, metendo uma série de barcos ao fundo com tiros certeiros e fazendo abordagens aos navios mais pesados da frente da armada inimiga, cuja tripulação se atirava ao mar, desesperada e aterrada perante a ferocidade e o poder combativo da marinhagem portuguesa que lhes caia em cima, voando das suas próprias embarcações para a coberta dos vasos de guerra turcos. O comportamento e a operacionalidade da frota portuguesa colocaram em fuga aquela numerosa armada, tomada de medo perante a estratégia portuguesa e a coragem dos seus tripulantes
A má-língua logo levantou a suspeita de que os responsáveis dos Estados Italianos aproveitaram a ocasião soberana para ajustar velhas contas com os portugueses, fazendo uma retirada à traição e abandonando, na praça pública, os portugueses e os mandatários do próprio Papa. Na verdade, um comportamento indigno, sob todos os aspectos.
A Batalha do Cabo Matapão constitui mais uma página ilustre da História Portuguesa e com tal peso a nível mundial que o Papa Clemente XI., deu o título de Rei Fidelíssimo a Sua Majestade, o Senhor D. João V.
António Moniz Palme, Conselheiro da APAM Associação Portuguesa dos Autarcas Monárquicos