A incrível história de uma açoriana Josepha Mariana da Luz nasceu o 29 de outubro de 1723

 

A incrível história de uma açoriana
Cultura
A incrível história de uma açoriana
RAQUEL DOMÍNGUEZ DE MINETTI

Josepha Mariana da Luz é uma mulher açoriana, uma “isleña”. Ao evocar sua figura, acompanharei o roteiro dela: dos Açores a Minas Gerais, de Minas Gerais à Vila do Rio Grande e do Rio Grande a San Carlos, Maldonado, hoje Uruguai.

Segundo sua certidão de batismo, sabemos que Josepha Mariana da Luz nasceu o 29 de outubro de 1723 na Ilha Terceira, nos Açores.

Viera dos Açores acompanhada de seus pais, sabemos isto porque da certidão de batismo de seu filho Matheo, surge que seus pais encontravam-se aí. Não sabemos se já veio casada das Ilhas.

Desde 1741, Josepha Mariana com seu marido – Manoel Correia Simões – batizam vários filhos em Minas Gerais: Congonhas do Campo e Mariana.

Eu estive aí porque quería percorrer o caminho dela, ver as paisagens que seus olhos viram. A impressão que eu tive é que a história ficou parada no tempo.

Ao redor de 1750, época do maior florescimento das minas de ouro e diamantes em Minas Gerais, com o marido e filhos pequenos, atravessou quase quinhentos quilômetros a lombo de mula, porque era o único meio de transporte, por florestas com animais selvagens, pântanos, arroios, rios, até chegar ao porto de Paraty, ou do Rio de Janeiro, que eram os únicos portos de saída para o mar.

Acho que chegou por mar à Vila do Rio Grande.

O que fêz que esta mulher, com marido e filhos, saísse de Minas Gerais? As condições para eles em Minas Gerais não eram as melhores? Tinham conhecimento de que o Rei de Portugal Dom João V, autorizara “casais” açorianos para ir povoar o Brazil, e que receberiam terras?

O fato é que achamos Josepha Mariana da Luz desde 1752 batizando seis filhos na Vila do Rio Grande.

De 1752 a 1763, nove anos na Vila do Rio Grande, seus olhos puderam olhar livremente desde o Atlântico ao Pampa Gaúcho!

Já assentada no lugar, levando uma vida normal e corriqueira, a fins de 1762 ou princípio de 1763, na época que nasce seu filho Pedro, morre seu marido.

Chega o ano 1763, abril, ao longe ouve-se o ressoar dos cascos dos cavalos, o tinir dos sabres. É a poderosa tropa do General espanhol Dom Pedro de Cevallos. A guarnição portuguesa retira-se.

A população foge apavorada até a costa. Uns conseguem, em pequenas embarcações, cruzar a Barra da Lagoa dos Patos e chegar até o que é hoje São José do Norte.

Embrenham-se no Estreito, entre eles vai Josepha Mariana da Luz, a terceira filha de nossa Josepha, casada há um ano com Manoel da Silva Machado. Esta gente chega aos casarios do Estreito, Mostardas, Viamão… Neste último lugar o Pároco introduz nas certidões de batismos como: “são casais que vieram fugidos do Rio Grande ao inmigo”, “nasceu em perigo no mar com o susto dos inimigos que entraram no Rio Grande”, (5 de junho de 1763, Lo 2 Batismos Viamão, Fo 25v).

O General Cevallos decide levar as famílias açorianas que ficaram na Vila ou arredores, para Maldonado e funda com eles San Carlos. Estos açorianos foram chamados “isleños”. Com essas famílias vai a nossa Josepha Mariana da Luz, já viúva, com dez filhos. O mais novo, Pedro, tinha seis meses. Agora em carreta desloca-se outra vez. Cruza matos, banhados, serras, coxilhas, no meio do inverno.

Assim achamos Josepha entre as famílias fundadoras de San Carlos.

Em 1763 Josepha requereu terras à Coroa espanhola e lhe foram outorgadas. Por parte destas litigou com sua consogra, também chamada Josepha, açoriana e uma lutadora como ela.

Josepha Mariana da Luz viveu na sua vida acontecimentos trágicos: no Rio Grande morre o marido num acidente, como já disse. Em 1772 em San Carlos morre a mãe caindo dum carro puxado por cavalos. Em 1803 o filho Manoel é assassinado e abrasado pelo fogo, com sua mulher e o filho de dezesseis anos.

Mais nem tudo é tragédia. Lembram da filha de Josepha Mariana da Luz que fugiu com o marido quando aconteceu a “corrida espanhola”? Em 1764 ela batiza a filha Escolástica no Estreito. Escolástica casa em 1781 em Mostardas e teve uma filha chamada Joaquina. Encontramos a Escolástica casando por segunda vez na Vila de San Carlos, Maldonado, em 1787. Nesta certidão de matrimônio diz que ela é vizinha de San Carlos. Joaquina casou em 1799 em San Carlos com Felipe Silveira. Vemos assim que a filha Josepha, a neta Escolástica e a bisneta Joaquina com o tempo voltaram a San Carlos.

As gerações tornam a encontrar-se após 20 anos! Desconheço se houve qualquer comunicação entre elas nesse tempo. Acho que sim porque o filho Manuel ía com os carros para levar trigo para o Rio Grande em poder dos castelhanos.

Após lutar para vencer obstáculos físicos e espirituais, Josepha Mariana da Luz morre em San Carlos em 1813. Sua filha Josepha Mariana morre dois anos depois.

Esta é a singela história de uma mulher nascida em uma ilha açoriana que viveu entre dois mundos, é também a história de tantas famílias levadas para América.

(Título original: Uma Ilhoa açoriana de 1700; foto de uruguai.org)

RAQUEL DOMÍNGUEZ DE MINETTI
Notária
Natural de Montevidéu, onde reside, descendente de açorianos fundadores de San Carlos, Uruguai, em 1763.
“opinião”

 

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ILHA DAS FLORES iNDONÉSIA

http://noticias.sapo.tl/portugues/lusa/artigo/17292544.html
Descendentes do rei de Sica, nas Flores, Indonésia, querem museu para tesouro português. Os descendentes do rei de Sica, na região oriental da ilha indonésia das Flores, querem construir um museu para colocar o tesouro oferecido pelos portugueses em 1607 e vão pedir apoio a Portugal. http://observatorio-lp.sapo.pt/pt/noticias/descendentes-do-rei-de-sica-nas-flores-indonesia-querem-museu-para-tesouro-portugues

Descendentes do rei de Sica, nas Flores, Indonésia, querem museu para tesouro português.

Os descendentes do rei de Sica, na região oriental da ilha indonésia das Flores, querem construir um museu para colocar o tesouro oferecido pelos portugueses em 1607 e vão pedir apoio a Portugal.

 

  • Francisco Nuno Ramos O livro sobre a tradição da vila, onde existem dados sobre a história dos portugueses nas Flores e fotografias de caravelas e do folclore luso, e ainda sobre o Toja Bobu, na ilha das Flores, Indonésia, 30 de dezembro de 2013. A Toja Bobu, que para além de dança, inclui canções, com recurso a flautas e tambores, é uma representação teatral inspirada nos autos medievais portugueses que no Natal percorre a aldeia de Sica, numa espécie de Carnaval, desde a casa abandonada do rei até à casa do padre. ANDREIA NOGUEIRA / LUSA

    Sica, Ilha das Flores, Indonésia, 25 de janeiro de 2015. ANDREIA NOGUEIRA/LUSA

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