DEBATE DO MANIFESTO AICL 2012)

 

TEMAS 17º COLÓQUIO ABRIL 2012 LAGOA

1. LUSOFONIA, LITERATURA, ENSINO, FORMAÇÃO, GEOGRAFIA HUMANA E A LÍNGUA PORTUGUESA NO MUNDO.

Subtemas
1.1. A (defesa e preservação da) LÍNGUA PORTUGUESA EM TEMPO DE CRISE qualquer que seja o país ou região onde haja LUSOFALANTES (DEBATE DO MANIFESTO AICL 2012)
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DEBATE DO MANIFESTO AICL 2012

 

Os colóquios da lusofonia criados em 2001 passaram a associação cultural e cientifica sem fins lucrativos em 1 de janeiro de 2011, pretendemos continuar a aproximar povos e culturas no seio da grande nação dos lusofalantes, independentemente da sua nacionalidade, naturalidade ou ponto de residência, todos unidos pela mesma língua.
Em poucos anos os Colóquios já se afirmaram (sem custos para o Ministério da Cultura, Instituto Camões e outras entidades) como a única realização regular, concreta e relevante em Portugal sobre esta temática, sendo totalmente independentes de quaisquer forças políticas ou institucionais. Asseguram essa sua “independência” e sobrevivência através do pagamento das inscrições dos participantes e apoios protocolados especificamente para cada evento que é concebido e levado a cabo por uma rede organizativa de voluntários. Esta independência permite a participação de um leque alargado de oradores, sem temores nem medo de represálias dos patrocinadores institucionais sejam eles governos, universidades ou meros agentes económicos. Ao nível logístico, temos o apoio das autarquias locais que decidem apostar na divulgação e realização deste importante evento. Debatem-se as problemáticas da língua portuguesa, em articulação com outras comunidades como agentes fundamentais de mudança. Apesar do caráter vincadamente independente dos Colóquios, temos estabelecido parcerias e protocolos que nos permitam embarcar em projetos mais ambiciosos e com a necessária validação científica.
Em Portugal não há uma política de língua. Enquanto as Letras se mantiverem subalternas como mera Secção da Academia das Ciências é imperioso que esta seja mais atuante na defesa da língua e das suas variantes face aos desafios que os políticos não conseguem afrontar. A vetusta Academia tem de ser pró-ativa em vez de reativa. O futuro e a preservação da língua não se compadecem com esperas nem vivem de glórias passadas. Portugal está irremediavelmente atrasado. Não pode esperar mais. Por isso sonhámos ainda hoje com a criação de uma Academia das Letras, uma Academia da Língua, independente, sem sujeições a projetos estatais ou outros.
Desde 2009 que temos a nossa Homenagem Contra O Esquecimento, que começou então, entre outros, com Carolina Michaёllis, Leite De Vasconcellos, Euclides Da Cunha, Agostinho Da Silva, Rosália De Castro. Em 2010 criámos um Caderno de Estudos e Literatura de matriz açoriana estando já disponíveis 14 edições, vários suplementos e vídeo-homenagens a autores açorianos que servem não apenas de iniciação para aqueles que querem ler autores açorianos mas também de suporte ao curso AÇORIANIDADES E INSULARIDADES que temos na Universidade do Minho.
Apoiamos os Seminários de Lexicologia da AGLP para mostrar o nosso continuado apoio à novel academia numa época conturbada relativamente à situação da língua portuguesa na Galiza. É de extrema importância manter estes vínculos ativos entre as organizações. Em 2010 e 2011 mantivemos a homenagem contra o Esquecimento que incluiu nomes como Vasco Pereira da Costa, Cristóvão de Aguiar, Dias de Melo, e Daniel de Sá. Igualmente começámos a fazer Sessões de Esclarecimento em liceus e universidades e Sessões de Poesia sendo a mais memorável aquela onde se declamaram poemas de Vasco Pereira da Costa incluindo uma vídeo homenagem ao autor e a declamação ao vivo do seu poema “Ode ao Boeing 747”, lida em 11 das 14 línguas para que foi traduzido pelos Colóquios (Alemão, Árabe, Búlgaro, Catalão, Castelhano, Chinês, Flamengo, Francês, Inglês, Italiano, Neerlandês, Polaco, Romeno, Russo). Estamos a traduzir autores em sete línguas (Búlgaro, Romeno, Italiano, Russo, Francês, Polaco e Esloveno) e continuamos a lutar pela imediata inclusão da ACADEMIA GALEGA DA LÍNGUA PORTUGUESA na CPLP com o estatuto de observador. Trabalhamos na compilação de uma Lexicopédia Contrastiva da língua Portuguesa e disponibilizámos em linha as publicações de trabalhos das Atas/Anais, na nossa página. Depois de irmos a Santa Catarina, Brasil em 2010 em 2011 fomos a Macau e à ilha de Santa Maria, onde se lançou a Antologia (Bilingue) de Autores Açorianos Contemporâneos enquanto a AGLP disponibilizava os seus meios técnicos para a página oficial da AICL, numa nova plataforma. Iniciaram-se contactos para a edição no Brasil dos autores açorianos apoiados pelos Colóquios (Daniel de Sá, Eduardo Bettencourt Pinto e Vasco Pereira da Costa, entre outros). e fez-se uma proposta ao município de Vila do Porto (mas que se pretende extensivo a todas as nove ilhas) para a criação de ROTEIROS CULTURAIS como aquele que experimentalmente ali fizemos no ano passado, antes de regressarmos como filhos pródigos a esta casa paterna da Lagoa.
Gostava de vos dizer que, em minha opinião, a crise do país é mais do que tudo uma crise de ideias, de líderes, de pensadores e intelectuais, aliada ao capitalismo selvagem, dito neoliberalismo, que desde os anos 90 vem tomando dos meios de produção globais e manipulando os governos do mundo ocidental.
O país precisa de mais de se servir dos seus “sages” para usar um termo francês em vez do mais habitual pensadores ou filósofos que não incluiria todos os que pretendo incluir. Um conselho de sábios, por assim dizer seria aquilo que o país necessita para vencer a crise e sairmos da podridão da partidarite viciada em cunhas, nepotismo e esquemas. Teríamos depois, de estabelecer consensos alargados e um plano de mudança e ação a muito longo prazo e buscar a força e iniciativa dos mais jovens para as levar a cabo.
Não devemos deixar que Portugal se perca na sua atual insignificância quando grande parte da sua história foi feita de grandes homens que se sobrepuseram, pela sua visão, a gerações de séculos de Velhos do Restelo. São estes que hoje guiam os nossos filhos e netos para uma subserviência e dependência total ao grande capital internacional sem esperanças de uma vida melhor. Trata-se de um retrocesso ao pior da Grande Revolução Industrial ou rumo a uma criação de novos servos da gleba, automatizados, controlados e vigiados, mas sobretudo intelectualmente deficientes.
A receita universalmente seguida é a da ignorância, em que quase todos hoje vivem, aliviada com um voyeurismo exacerbado em Big Brother e quejandos, e outras telenovelas da vida real que a TV projeta incessantemente nas horas poucas de lazer. Acrescentemos a esta fórmula mágica o entorpecimento futebolístico que ajuda a exacerbar paixões e ventilar frustrações recalcadas e temos o caldo mágico para as gerações futuras.
Um sistema educacional e cultural forte seria a base para partirmos para o futuro em que ainda acreditamos. Temos alguns exemplos de gente excecional, mas infelizmente a grande maioria emigrou e faz carreira no estrangeiro porque este país só apoia a mediocridade. Tratou-se de alunos que se não contentaram com a mediocridade do ensino e brilharam sem se deixarem enredar na modorra anquilosante dos que os governam. É esta situação de exceção que nos traz algumas esperanças. A minha geração e, antes dela, a dos nossos patronos foi criada na certeza de que nada era fácil nem havia almoços grátis. Havia trabalho, muito e mal pago, e a réstia de esperança de que este fosse reconhecido pois todas as promoções eram a pulso na longa escalada que encetámos. Assim, essa geração subiu a novos patamares à custa de trabalho, esforço, estudo e aprendizagem contínua. Tínhamos coisas sagradas a que chamávamos princípios e ética. Líamos, debatíamos, estudávamos e continuávamos a aprender toda a vida. Nada era fácil. Hoje constata-se o que foi feito nas últimas duas décadas para destruir o tecido escolar, com a facilitação extrema apenas para falsificar estatísticas, programas especialmente elaborados para ninguém ficar para trás, uma redução substancial da quantidade e conteúdo de matérias a aprender, o lento esquecimento a que a História foi votada porque os nossos antepassados eram politicamente incorretos, a marginalização da Filosofia porque poderia levar os jovens a pensar e os maus tratos dados à Língua Portuguesa. Temos hoje uma vasta gama de professores incultos, e a maioria dos alunos analfabetos funcionais incapazes de compreender ou debater o que leem. Os autores que estudamos foram substituídos para que hoje fosse quase impossível criar uma geração filológica-linguística como a do Cenáculo ou até mesmo compreender esse fenomenal, extraordinária e inexplicável centro de espírito e de estudo, de fantasia, de ideias numa sociedade banal como era a de Lisboa naquela época. O Cenáculo era uma reunião permanente de jovens em casa de Antero, dia e noite, todos tinham ali os seus melhores livros, notas, provisões de princípios e de tabaco. Cada um deles possuía conhecimentos profundos sobre, pelo menos, uma das ciências base que são a matriz do conhecimento: física, química, matemáticas, filosofia, direito, história e linguística. Quando Antero regressa do estrangeiro pleno de ideias e leituras novas é como que a vinda do Rei Artur à Corte de Camelot e daí nasceram as Conferências do Casino, cheias de cultura europeia, de fervor revolucionário, da romanesca efervescência intelectual e sentimental. Essa geração de jovens tentou trazer algo de novo e bom à nossa cultura, debatendo o Estado da Nação. As Conferências do Casino podem considerar-se um manifesto de geração. Perdoem esta curta digressão para vos explicar o que pretendo. Denominam-se assim por terem tido lugar numa sala alugada do Casino Lisbonense e foram uma série de cinco palestras realizadas em Lisboa no ano de 1871 pelo grupo do Cenáculo formado, por sua vez, pelas mesmas pessoas, que constituem a Geração de 70. Antero é o grande impulsionador desde 1868, iniciando os outros membros do grupo em Proudhon. A 18 de maio 1871 foi divulgado o manifesto, já anteriormente distribuído em prospetos, e que foi assinado pelos doze nomes que tinham intenções organizadoras destas Conferências Democráticas.
22 de maio[Lince1] de 1871
A 1ª Conferência: “O Espírito das Conferências”, proferida por Antero de Quental consistiu num desenvolvimento do programa previamente apresentado. Antero referiu-se à ignorância e indiferença que caracterizava a sociedade portuguesa, falando da repulsa do povo português pelas ideias novas e na missão de que eram incumbidos os “grandes espíritos” e que consistia na preparação das consciências e inteligências para o progresso das sociedades e resultados da ciência. Para Antero o ponto fulcral seria a Revolução, o seu conceito, que define como um conceito nobre e elevado. A conclusão da palestra termina com o apelo às “almas de boa vontade” para meditarem nos problemas que iriam ser apresentados e para as suas possíveis soluções.
27 de maio de 1871
2ª Conferência: “Causas da Decadência dos Povos Peninsulares nos últimos três séculos” também proferida por Antero. Em primeiro lugar Antero julga a História, como uma entidade, o juízo moral, social e político. Em seguida enumera e discute as causas da decadência. Aponta o Absolutismo, a Monarquia Absoluta que constituía a “ruína das liberdades sociais”, o centralismo imperialista que coartara as liberdades nacionais, rumo a uma cega submissão; por fim, o desenvolvimento de hábitos prejudiciais de grandeza e ociosidade que conduziram ao esvaziamento de população de uma nação pequena, substituindo o trabalho agrícola pela procura incerta de riqueza, a disciplina pelo risco, o trabalho pela aventura. Para Antero a solução destes problemas seria:
” (…) a ardente afirmação da alma nova, a consciência livre, (…), a filosofia, a ciência, e a crença no progresso, na renovação incessante da humanidade pelos recursos inesgotáveis do seu pensamento, sempre inspirado. (…) a federação republicana de todos os grupos autonómicos, de todas as vontades soberanas, alargando e renovando a vida municipal (…) à inércia industrial oponhamos a iniciativa do trabalho livre, a indústria do povo, pelo povo, e para o povo, não dirigida e protegida pelo Estado, mas espontânea (…), organizada de uma maneira solidária e equitativa…”[1] A conclusão insere uma dimensão progressista, a instauração de uma revolução, a ação pacífica, a crença no progresso inspirado na moralização social (Proudhon), num tom idealista e retórico.
5 de junho de 1871
3ª Conferência: “A Literatura Portuguesa” proferida por Augusto Soromenho, professor do Curso Superior de Letras que faz uma crítica aos valores da literatura nacional. Cita a negação sistemática dos valores literários nacionais, excetuando escritores como Luís de Camões, Gil Vicente e poucos mais. Tem a sua vertente revolucionária ao inculcar a ideia de que a literatura portuguesa deverá ter caráter nacional mas pautada por valores universais. O modelo e guia desta renovação salvadora da literatura nacional seria Chateaubriand, com o conceito de Belo absoluto como ideal da literatura, constituindo esta um retrato da Humanidade na sua totalidade.
12 de junho de 1871[2]
4ª Conferência: “A Literatura Nova ou o Realismo como Nova Expressão de Arte” por Eça de Queirós salientou a necessidade de se operar uma revolução na literatura. A revolução é um facto permanente, porque manifestação concreta da lei natural de transformação constante, e uma teoria jurídica, pois obedece a um ideal, a uma ideia. É uma influência proudhoniana. O espírito revolucionário tem tendência a invadir todas as sociedades modernas, afirmando-se nas áreas científica, política e social. A revolução constitui uma forma, um mecanismo, um sistema, que também se preocupa com o princípio estético. O espírito da revolução procura o verdadeiro na ciência, o justo na consciência e o belo na arte. A arte, nas sociedades, encontra-se ligada ao seu progresso e decadência e o artista sob a influência do meio, dos costumes do tempo, do estado dos espíritos, do movimento geral… Foca ainda as relações da literatura, da moral e da sociedade. A arte deve visar um fim moral, auxiliando o desenvolvimento da ideia de justiça nas sociedades. Fazendo a crítica dos temperamentos e dos costumes, a arte auxilia a ciência e a consciência.
19 de junho de 1871
5ª Conferência: “A Questão do Ensino” proferida por Adolfo Coelho traça o quadro desolador do ensino em Portugal, mesmo o superior, através da História. A solução proposta passa por uma mais ampla liberdade de consciência. Para Adolfo Coelho do Estado nada havia a esperar. Tomando isto em consideração, o remédio seria apelar para a iniciativa privada, para que esta difundisse o verdadeiro espírito científico, o único que beneficiaria o ensino.
26 de junho de 1871
Quando Salomão Saragga se preparava para realizar a sua Conferência “História Crítica de Jesus”, o Governo, mandou encerrar a sala do Casino Lisbonense e proibir as Conferências. No mesmo dia Antero redige um protesto no café Central, hoje Livraria Sá da Costa.
Vivemos hoje uma encruzilhada como a da Geração de 1870 e das Conferências do Casino, sendo a enumeração de problemas bem semelhante à de então. Embora maioritariamente preocupados com os aspetos mais vastos da Língua Portuguesa, linguística, literatura, história, também nós constituímos um grupo heterogéneo unidos apenas naquilo que nos é comum, a língua de todos nós. A nossa língua configura o mundo, sem esquecer porém que Wittgenstein disse que o limite da nossa nacionalidade é o limite do nosso alcance linguístico.
Os Colóquios são uma prova insofismável de que tudo é possível com custos mínimos desde que se dê liberdade às pessoas para criarem no seio da nossa associação projetos com os quais se identifiquem e que se destinam a pensar e debater amplamente, de forma científica, a nossa fala comum: a Língua Portuguesa de forma conducente ao reforço dos laços entre os lusofalantes – no plano linguístico, cultural, social, económico e político – na defesa, preservação, ensino e divulgação da língua portuguesa e todas as suas variantes. Em defesa da Lusofonia, defendemos a nossa identidade como pessoas e povos, e em prol da variada língua comum com todas as suas variantes e idiossincrasias, impedindo que outras culturas e outros povos nos dominem cultural, económica ou politicamente, como alguns, ostensiva e claramente, defendem.
É aqui no nosso seio de oradores, patronos e patronos especiais como os que aqui temos hoje, que nos podemos afirmar como plataforma de arranque de uma congregação de um Conselho de Sábios e de jovens cultos e dinâmicos para pensar e agir rumo ao futuro sem nos deixarmos abater pelo negativismo da crise que visa embotar a nossa capacidade de realização.
Resumidamente foi isto que os colóquios fizeram ao longo de uma década, numa prova da vitalidade que a sociedade civil atuante pode ter quando se congregam vontades e esforços de tantos académicos e investigadores como aqueles que hoje dão vida aos nossos projetos.
Resta apenas que todos os que aqui estão se juntem à AICL – Colóquios da Lusofonia para fazermos chegar o nosso MANIFESTO a toda a gente e aos governos dos países de expressão portuguesa e que este sirva de ponto de partida para o futuro que ambicionamos e sonhamos. Com a vossa ajuda e dedicação muito mais podemos conseguir como motor pensante da sociedade civil.
A diferença entre os países pobres e os ricos não é a idade do país. Isto está demonstrado por países como o Egito, que têm mais de 5.000 anos, e são pobres. Por outro lado, o Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia, que há 200 anos eram inexpressivos, hoje são países desenvolvidos e ricos. A diferença entre países pobres e ricos também não reside nos recursos naturais disponíveis. O Japão, possui um território limitado, 80% montanhoso, inadequado para a agricultura e para a criação de gado, mas é a segunda economia mundial. O Japão é uma imensa fábrica flutuante, que importa matéria-prima do mundo inteiro e exporta produtos manufaturados. Outro exemplo é a Suíça, que não planta cacau, mas tem o melhor chocolate do mundo. No seu pequeno território, cria animais, e cultiva o solo apenas durante quatro meses ao ano. No entanto, fabrica laticínios da melhor qualidade. É um país pequeno que passa uma imagem de segurança, ordem e trabalho, pelo que se transformou no cofre-forte do mundo. No relacionamento entre gestores dos países ricos e os seus homólogos dos países pobres, fica demonstrado que não há qualquer diferença intelectual. A raça, ou a cor da pele, também não são importantes: os imigrantes rotulados como preguiçosos nos seus países de origem, são a força produtiva dos países europeus ricos. Onde está então a diferença? Está no nível de consciência do povo, no seu espírito. A evolução da consciência deve constituir o objetivo primordial do Estado, em todos os níveis do poder. Os bens e os serviços, são apenas meios… A educação (para a vida) e a cultura ao longo dos anos, deve plasmar consciências coletivas, estruturadas nos valores eternos da sociedade: moralidade, espiritualidade, e ética. Solução-síntese: transformar a consciência do Português. O processo deve começar na comunidade onde vive e convive o cidadão. A comunidade, quando está politicamente organizada em Associação de Moradores,Clube de Mães, Clube de Idosos, etc., torna-se um micro-estado. As transformações desejadas pela Nação para Portugal, serão efetuadas nesses micro-estados, que são os átomos do organismo nacional – confirma a Física Quântica. Ao analisarmos a conduta das pessoas nos países ricos e desenvolvidos, constatamos que a grande maioria segue o paradigma quântico, isto é, a prevalência do espírito sobre a matéria, ao adotarem os seguintes princípios de vida:
1. A ética, como base;
2. A integridade;
3. A responsabilidade
4. O respeito às leis e aos regulamentos;
5. O respeito pelos direitos dos outros cidadãos;
6. O amor ao trabalho;
7. O esforço pela poupança e pelo investimento;
8. O desejo de superação;
9. A pontualidade;
Somos como somos, porque vemos os erros e só encolhemos os ombros e dizemos: “não interessa!…” A preocupação de todos, deve ser com a sociedade, que A preocupação de todos deve ser com a sociedade, que é a causa, e não com a classe política, que é o triste efeito. Só assim conseguiremos mudar o Portugal de hoje. Vamos agir! Reflitamos sobre o que disse Martin Luther King: ” O que é mais preocupante, não é o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, ou dos sem ética. O que é mais preocupante, é o silêncio dos que são bons…”
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico – convertido pelo Lince.


[1] QUENTAL, Antero de, 2ª Conferência: Causas da Decadência dos Povos Peninsulares, Casino Lisbonense, 27 de maio de 1871 in MEDINA, João, Eça de Queiroz e a Geração de 70, Lisboa, Ed. Moraes, 1980, 1ª ed., pp. 157-158.


DANIEL DE SÁ E OS ERROS SOBRE OS AÇORES

 

Quase humor e povoamento
Apesar de ser lastimável que se saiba tão pouco e se tenha inventado tanto acerca do povoamento dos Açores, há hipóteses de tal maneira estranhas que chegam a dar vontade de sorrir. Tanto em pequenos ensaios sem pretensões académicas como em sisudos livros de capa e lombada, pode encontrar-se surpresas divertidas. Outras há que não têm graça nenhuma. Procurando nos arquivos da memória, recordo algumas delas.
Houve uma vez em que dei com uma informação intrigante. Dizia-se que Santa Maria fora povoada por degredados e velhos. Levei algum tempo a entender que velhos eram aqueles. Tratava-se, sem dúvida, de confusão com o apelido Velho, dos vários familiares de Gonçalo Velho Cabral que o capitão chamou para iniciar o povoamento da ilha.
Quanto aos degredados, não foram eles tão frequentes quanto alguns pensam, nem se tratou nunca de perigosos facínoras. E parece ter havido uma certa resistência em receber ladrões, traidores e pessoas de religião não católica. Pelo que se conclui que a generalidade dos exilados não passaria de autores de faltas menores. Era preciso povoar as ilhas, pelo que qualquer pretexto servia para obrigar a vir gente para cá, sobretudo mulheres, já que os homens menos dificilmente se aventuravam ao desconhecido. Por isso aconteceu o triste caso de Catarina Fernandes. A rapariga não fez mais do que ter testemunhado a respeito de um assassínio a que assistira. Mas o infante D. Pedro, regente do Reino, mandou-a para o exílio aqui. Tinha apenas dez anos! Ela cumpriu outros dez de degredo, “nas ilhas de São Miguel”, até que foi perdoada (não se percebe de quê…) por D. Afonso V.
Aparece também com frequência a alusão a escravos e negros entre os povoadores. Com algum exagero. Para São Miguel terão vindo doze casais de mouriscos, sob o mando de Jorge Velho, mas para provarem que e ilha era habitável. Também o Corvo foi primeiramente habitado por escravos, que o seu senhor, e dono da ilha, a ela enviava para a cultivarem. Outra referência habitual é a da vinda de judeus. Sobre este tema escreveu Eduardo Mayone Dias, no jornal Portuguese Times de New Bedford: “É bem provável que se houvessem fixado judeus nos Açores desde os primeiros tempos do povoamento. /…/ No entanto, como afirma o Professor Francisco dos Reis Maduro Dias, não existe qualquer documentação sobre esta presença.”
A própria geografia dos Açores pode reservar-nos surpresas desconcertantes. Como aquela que considera Santa Maria dividida em duas partes. Uma, montanhosa; a outra, plana, que é… o Barreiro da Faneca. (A grande publicidade dada a esta magnífica paisagem talvez explique a confusão, bem como o facto de haver quem pense que dali saía o famoso barro de Santa Maria. Os púcaros da água sempre fresca ou os alguidares dos apetitosos chouriços eram feitos com argila da Flor da Rosa. A da Faneca não serve para olaria.)
Ou então uma trapalhada que junta vários sítios num só, ao afirmar que no lugar da Praia, a que foi dado o nome de Lobo (sic), e que depois se chamou Vila do Porto, se construiu a primeira ermida de Santa Maria.
Quanto à formação geológica das ilhas, há a preciosidade de um autor que, depois de dizer que a rocha foi formada por vulcões, revela o inimaginável – que a terra foi trazida pelo ar e pelo mar…
A História feita por dedução nem sempre resulta… O erro mais generalizado, em que até historiadores credenciados têm incorrido, é o das famosas chaminés de Santa Maria, que alguém supôs terem resultado da influência de povoadores algarvios, que os não houve naquela ilha. Além disso, sendo as chaminés uma invenção do século XII, tardaram em fazer parte das casas dos pobres. Conforme escreveu André Brue (um alucinado que foi embaixador no Senegal, e que, apesar de ter estado uns meses na Terceira no início do século XVIII, teimava que os Açores pertenciam à África) a maioria das casas do Faial não tinha chaminé. As aparências (que neste caso entre Santa Maria e o Algarve nem sequer existem!) iludem. Mas facilmente se encontram outros exemplos que, embora não alterando tanto a verdade histórica, a distorcem consideravelmente. Foi o que aconteceu com o sotaque micaelense, que até os mais empenhados filólogos atribuíram a reminiscências de povoadores alentejanos da região de Nisa. Afinal, o que aconteceu foi uma viagem ao contrário. Em 1796 Pina Manique fez deslocar para o Alto Alentejo umas centenas de famílias de São Miguel, a fim de ocuparem herdades abandonadas. E o seu modo de falar terá permanecido naquela zona.
Há um historiador que dá os topónimos Flor da Rosa e ponta do Marvão, em Santa Maria, também como provável herança alentejana. O primeiro talvez o seja, tanto mais que veio gente de Estremoz, que não fica longe daquela freguesia do concelho do Crato. Mas, segundo Gaspar Frutuoso, o nome da ponta do Marvão resulta de ter sido seu proprietário Francisco Marvão. Deste não regista Frutuoso a naturalidade, mas de João Marvão diz ser do Sabugal, pelo que o mais razoável é pensar que Francisco também o fosse. O mesmo historiador leu mal Frutuoso ao atribuir a origem do nome da Algarvia e o do Pico da Algarvia a duas mulheres e não a uma somente. Gaspar Frutuoso, ao falar do pico, diz que ele deve o nome a uma mulher do Algarve que ali viveu com o marido, e de quem herdou as propriedades quando enviuvou. E, para que não restem dúvidas de que se tratava da mesma pessoa, acrescenta “como tenho dito”.
Ainda um outro equívoco, muito frequente sobretudo por parte de micaelenses mais bairristas, é o que respeita à criação da diocese. Ao contrário do que há quem pense, o Papa não se enganou. A haver engano, seria de D. João III ou do escrivão que fez a carta. E houve, porque nela falta a ilha de Santa Maria e se confunde São Miguel com a Terceira. No entanto, são sempre referidas Angra e a igreja do Salvador. Não podem subsistir dúvidas quanto à vontade de El-Rei. A vila de Angra era naquele tempo a mais notável dos Açores, com importância mundial na rota entre três mundos. O facto de D. João III a ter elevado à categoria de cidade, condição necessária para ser sede de uma diocese, e não Ponta Delgada, é prova segura da sua intenção.
Daniel de Sá

judeus portugueses nas AMÉRICAS

 

DE DIÁLOGOS LUSÓFONOS
Os judeus portugueses nas Américas
[Este post integra-se num “blogburst” promovido por Jonathan Edelstein, destinado a celebrar Arrival Day, o Dia da Chegada, que assinala o aniversário do desembarque dos primeiros judeus em Nova Iorque, a 7 de Setembro de 1654]

Nova Amsterdão. Gravura da autoria do cartógrafo Peter Schenk.
Atlas Hecatompolis.

Os nomes de família dos primeiros judeus americanos soam estranhamente familiares: Dias, Costa, Cardozo, Faro, Ferreira, Fonseca, Gomes, Lucena, Navarro, Nunes, Henriques, Machado, Maduro, Mendes, Mesquita, Pacheco, Peixotto, Pereira, Pinto, Penha, Seixas… Eram portugueses. Judeus portugueses do século XVII. Muitos deles “cristãos-novos”, que finalmente descartavam a capa que foram obrigados a envergar para escapar às fogueiras inquisitoriais; que ali procuravam abrigo, um refúgio da intolerância que mergulhava Portugal numa histeria de fanatismo sanguinário, que acabou por arrastar o país para um abismo do qual ainda hoje se sentem cicatrizes profundas. Os judeus portugueses chegaram a Nova Iorque a 7 de Setembro de 1654, quando a cidade era holandesa e ainda se chamava Nieuw Amsterdam. Faz hoje 351 anos.
Os primeiros vieram do Brasil, alguns depois de emigrarem primeiro de Lisboa para a Holanda. E tal como já acontecia na Holanda, estes emigrantes judeus de Nova Iorque eram conhecidos como “gente da Nação Portuguesa” (ver Hebrews of the Portuguese Nation). Mas para seguir a génese da comunidade judaica portuguesa em Nova Iorque é necessário primeiro viajar até ao Brasil colonial do século XVII, mais concretamente a Pernambuco, um território de extensão considerável capturado pelos holandeses em 1630.
Os judeus tinham desempenhado o seu papel na descoberta e colonização do Brasil. Desde 1500, quando Pedro Alvares Cabral desembarcou nas Terras de Vera Cruz acompanhado por Gaspar da Gama, um “cristão-novo”, até 1654, altura em que os portugueses expulsaram os holandeses, navegadores, pioneiros e colonos judeus ajudaram a moldar a história do Brasil. A Inquisição não tinha ainda atravessado o Atlântico e a distância emprestava uma ilusão de segurança. Muitos dos que ali chegavam eram deportados, condenados ao degredo por suspeita de judaísmo, transformando o território virtualmente numa colónia penal. Mesmo assim, o espectro inquisitorial pairava ainda na penumbra e sobre os judeus pesava o receio de poderem ser repatriados para Portugal a mando dos tribunais da Inquisição.
Num contraste extremo com o obscurantismo inquisitorial que dominava a península Ibérica, em Pernambuco a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais – responsável pela administração dos territórios da coroa dos Países Baixos nas Américas – proclamara logo de início, de forma inquestionável, a liberdade de consciência e de culto entre as populações das suas colónias:
“A liberdade dos espanhóis, portugueses e nativos, quer sejam [católicos] romanos ou judeus, será respeitada. A ninguém será permitido que os moleste ou os sujeite a inquirições em matéria de consciência ou nas suas casas privadas; e ninguém os ouse inquietar ou perturbar ou causar-lhes dano – sob pena de punição arbitrária ou, dependendo das circunstâncias, de severa e exemplar reprovação.”
in “Leis e Regimentos das Índias Ocidentais”, citada por Arnold Wiznitzer, “The Records of the Earliest Jewish Community in New York” (1957).
Apesar de algumas tentativas por parte de clérigos para restringir estas liberdades (especialmente contra os católicos, tidos como inimigos naturais dos calvinistas), a Companhia Holandesa das índias Ocidentais reafirmaria por várias vezes os princípios de tolerância. Perseguidos pela Inquisição em Portugal, este pedaço de “Brasil Holandês” aparecia aos olhos dos judeus portugueses como um oásis de tolerância, que lhes permitia praticar a sua religião livremente, libertando-os do receio, constante e real, das torturas inquisitoriais ou da morte nas fogueiras dos “autos-de-fé”. E assim foi durante 24 anos. No Pernambuco holandês, sob a administração de João Maurício de Nassau, a comunidade de emigrantes judeus de Portugal floresceu, fundando a primeira sinagoga das Américas, a Kahal Tzur Israel (Comunidade Rochedo de Israel), em 1637.
A 26 de Janeiro de 1654 as tropas portuguesas reconquistam o Recife com um ataque de proporções épicas, comandadas pelo general luso-brasileiro Francisco Barreto de Menezes – que a partir de então ficaria conhecido como “o restaurador de Pernambuco” –, pondo fim ao domínio holandês naquela região do Brasil.

Fólio do manuscrito de “Regras Benéficas e Restrições” para o governo da Sinagoga Shearith Israel, escrito em português e inglês, lavrado em Nova Iorque, em 1728. (clique na imagem para ampliar)
Os termos da rendição, assinados em Taborda, perto do Recife, são generosos para com os derrotados, dando aos holandeses um prazo de três meses (que seria prorrogado por mais três) para se retirarem do território recém conquistado, período durante o qual, segundo os mesmos termos, “não serão molestados ou vexados e serão tratados com respeito e cortesia.” Surpreendentemente, o general Barreto de Menezes mostra uma tolerância muito pouco habitual ao permitir igualmente (ajudando até) a saída dos judeus portugueses, apesar destes terem passado a ficar sob a alçada da Inquisição, o que lhe teria à partida vedado qualquer possibilidade de clemência. A lei exigia a deportação imediata dos judeus para Portugal.
A 20 de Fevereiro de 1654 os funcionários do tesouro real efectuaram um inventário de todas as casas no Recife e Maurícia anotando os seguintes nomes como “judeus proprietários de casas e lojas”: Jacob Valverde, Moisés Netto, Moisés Zacutto, Jacob Fundão, Moisés Navarro, David Atias, Benjamin de Pina, Abraão de Azevedo, João de Lafaia; Gil Correa, Gabriel Castanha, Gaspar Francisco da Costa, Fernão Martins, Duarte Saraiva e David Brandão. Outras aparecem mencionadas no inventário como “casa de judeus”, mas o nome dos seus proprietários não consta do documento.
Devido à escassez de embarcações holandesas que possibilitassem uma evacuação total, o general Barreto de Menezes ofereceu navios portugueses para transportar os judeus e assim os ajudar a escapar à Inquisição. Este gesto não seria esquecido, e os anais da história judaica portuguesa registam ainda hoje o nome de Francisco Barreto de Menezes, católico e “cristão-velho”, como um homem de nobre carácter – um hassid umot ha’olam (gentio justo e íntegro do mundo.)
Ao todo, 16 navios portugueses foram colocados à disposição dos seus compatriotas judeus pelo general Barreto de Menezes e a esmagadora maioria das cerca de 150 famílias judias do Brasil Holandês partiu em direcção à Holanda. Alguns optaram por ficar nas colónias holandeses nas Caraíbas onde, ainda hoje, a predominância de nomes de família portugueses (e a linguagem litúrgica) entre os judeus sefarditas do Suriname e de Curaçao prova essa ligação ancestral (ver também bloGUSblog: A estrela oculta do sertão, sobre os descendentes dos judeus portugueses que ainda restam no sertão brasileiro.)
Corsários, piratas e a intolerância religiosa ibérica tornariam ainda mais complicada a já difícil viagem de alguns deste judeus. Em Amsterdão, o rabino português Saul Levi Morteira – professor de Baruch Spinoza e mais tarde seu “excomungador” – deu conta dos percalços sofridos por uma destas embarcações no livro Providência de Deus com Israel, um manuscrito não publicado do qual apenas restam seis cópias:
“O navio foi capturado pelos espanhóis, que queriam entregar os pobres judeus à Inquisição. Ainda assim, antes de poderem cumprir os seus ímpios desígnios, o Senhor fez aparecer um navio francês que libertou os judeus dos espanhóis, levando-os depois para África, posto o que chegaram salvos e em paz à Holanda.”
Um outro navio, atacado por piratas ao largo do cabo de Santo António, em Cuba, seria também resgatado por um barco francês – o Sainte Cetherine, comandado pelo capitão Jacques de la Motthe. A 7 de Setembro de 1654, com 23 judeus portugueses a bordo, o Sainte Cetherine aporta a Nieuw Amsterdam, na ilha holandesa de Manhattan, a cidade que mais tarde passaria a ser conhecida como Nova Iorque. Era o primeiro grupo de judeus a chegar a América do Norte. Faz hoje precisamente 351 anos.
Destas vinte e três pessoas – homens, mulheres e crianças – sabe-se hoje muito pouco. São seis famílias, encabeçadas por quatro homens e duas viúvas. Só os seus nomes são mencionados nos registos oficiais. Mesmo assim é fácil adivinhar-lhes a proveniência: Abraão Israel Dias, Moisés Lumbroso, David Israel Faro, Asher Levy, Enrica Nunes e Judite Mercado.
A princípio, reticente, o governador holandês Peter Stuyvesant opôs-se à permanência dos judeus, escrevendo aos seus superiores argumentando que “se deixamos vir os judeus não tardam a vir os papistas.” O desespero de Stuyvesant aumentaria ainda mais quando os judeus apresentaram uma petição à Companhia Holandesa das Índias Ocidentais para poder fazer na Nova Amsterdão o que faziam em Pernambuco – viver livremente. A resposta da companhia foi favorável :
“Após muita deliberação, resolvemos dar provimento à petição apresentada por certos mercadores [judeus] da Nação Portuguesa, julgando-a favorável, para que eles possam viajar e comerciar com e na Nova Holanda e viver dentro dos seus limites.”
Em 1664, Nieuw Amsterdam passa para a coroa britânica e muda de nome. Dai para a frente será New York. Por volta de 1695, apesar de algumas restrições, os judeus tinham a sua primeira sinagoga improvisada, e a 8 de Abril de 1730 era dedicada a primeira sinagoga de raiz da comunidade que, logo à chegada, em 1654, escolhera o nome de Shearith Israel (Remanescente de Israel). Até ao final do século XIX tiveram duas línguas “sagradas”, ditadas pelos genes, pela fé e pelo apelo da memória. Faziam-se as orações em hebraico. Em português escreviam-se os documentos.

Dois rabinos da Sinagoga Portuguesa de Nova Iorque: H. Pereira Mendes (séc. XIX) e David de Sola Pool (séc. XX).
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