No final de 1887, George Houghton fez uma viagem aos Açores, na barca «Sarah», procurando alívio da vida citadina. Dessa viagem resultaram três pequenos artigos intitulados «Cabin Sketches», ou «Esboços de Cabina» que publicou semanalmente, entre 1 e 15 de Setembro de 1888, nos números 9, 10 e 11 do volume 36 do «The Christian Union», revista novaiorquina fundada em 1870 e extinta, já sob o nome «The Outlook», em 1935. Os artigos estão bem escritos e têm algum interesse, por isso publico aqui o primeiro, que relata o início da viagem e a chegada às Flores. Sobre o autor, pode ser que se trate de George W. W. Houghton, poeta, autor de «Drift from York-Harbor, Maine», de 1879, e «Songs from over the sea», de 1874. Mais tarde publicarei os dois restantes artigos, sobre o Faial e sobre S. Miguel.
I – UMA VIAGEM DE INVERNO
Se o leitor souber tão pouco sobre as regiões de que vou falar quanto o autor sabia quando partiu abruptamente à sua procura, os seguintes esboços, escritos a partir da cabina e do convés de uma embarcação à vela durante uma viagem de inverno, poderão despertar algum interesse passageiro.
No dia 27 de Novembro último, seguindo o conselho de procurar uma mudança completa da agitada vida citadina, como a que uma longa viagem marítima pode oferecer, acordei com uma sensação de espanto, seguida de uma crescente satisfação, ao constatar que me encontrava a bordo da barca «Sarah» — capitão Hale, comandante — com destino ao Faial, partindo de Boston. Desde então, tentei recordar que noções tinha de Faial antes desse momento. Eram poucas e vagas. Incluíam a ideia de que se tratava de um porto marítimo numa ilha próxima da costa africana, que estava de algum modo associado a baleias e baleeiros, e que o capitão Semmes ali assumira o comando do navio corsário “Alabama”. Até que ponto estas meias-verdades tinham fundamento tornar-se-á claro mais adiante.
A viagem para leste decorreu sem incidentes. Ao quarto dia, entrámos na Corrente do Golfo; e, após o frio intenso que deixáramos na costa da Nova Inglaterra, o ar parecia relativamente confortável. Dia após dia, com todo o tipo de ventos e condições climáticas, mantivemos o rumo, percorrendo em média entre 150 e 200 milhas por dia, com pouco para entreter os doze passageiros cansados além do relatório da distância percorrida, divulgado às 16 horas, e nada para nos animar excepto o desconforto causado pelas tempestades e o espetáculo de uma ou outra trovoada. Notava-se uma ausência notável de enjoos marítimos, e, sempre que as circunstâncias o permitiam, o convés superior era o local preferido. Quando lá podíamos estar, a felicidade era completa. Instalados numa cadeira de convés, cobertos com mantas, com um livro qualquer que não sentíamos necessidade de ler, todas as velas enfunadas pelo vento quente, a agradável sensação de um avanço rápido — o assobio das cordas sob tensão, o chapinhar das águas, o canto das gaivotas, tudo gradualmente a fundir-se num murmúrio indistinto e longínquo — e o sonho do viajante era tão repousante quanto o de uma criança cansada, adormecida pelo canto, apesar de tentar resistir, pela própria monotonia da canção de embalar.
Nem sempre era assim. Havia dias em que a “Sarah” parecia um potro por domar, e em que todos os nossos esforços eram necessários para manter a integridade física; quando mares revoltos tornavam impraticável e até perigoso subir ao convés, e a cabina escura, de nove por onze pés, se transformava numa prisão sombria, onde, após noites insones e dias que não passavam de noites mal denominadas, chegávamos quase a detestar a visão e a proximidade uns dos outros. Mas então surgia um dia de verão em pleno inverno, e o ar fresco e o sol depressa dissipavam a miséria do dia anterior, e o conforto físico tornava a vida novamente digna de ser vivida.
As sensações despertadas pela vida a bordo de uma embarcação à vela são, em muitos aspectos, semelhantes às experimentadas num vapor transatlântico, mas são mais distintas, mais íntimas. Coloquem uma quilha e uma chaminé no Parker House ou no Fifth Avenue Hotel, e terão uma aproximação ao «Etruria» e aos seus navios-irmãos gigantes. O conforto, a agitação, a vida social, a rotina bem regulada dos hábitos terrestres fazem parte deles. Partem a uma hora fixa, avançam a uma velocidade média aproximada, o seu remador gigante ri-se do vento e do clima; e, com uma precisão semelhante à de um comboio, avistam os pontos de referência habituais, e, antes que os seus ocupantes temporários tenham tido oportunidade de se familiarizar com a geografia do enorme caravançarai, todos estranhos entre si, são transferidos para o caravançarai mais estável, mas de resto semelhante, de Liverpool, e a vida em terra é retomada. Com a embarcação à vela, tudo é diferente. Quem assim viaja deixa para trás o tempo, a rotina, a certeza em todas as suas formas. O navio é um mundo em si mesmo, tão livre de qualquer ligação com o mundo deixado e o mundo procurado como se fosse lançado no espaço azul dos céus na forma de um novo planeta. O único meio de progresso é aquele pano amarrotado. Se ventos favoráveis vierem e o encherem, óptimo; mas se não vierem, ou se chegarem com toda a sua força e se recusarem a ser domados para o trabalho, nenhuma lasca de madeira é mais impotente. Os ventos e as marés dominam a caixa flutuante à sua mercê. Nenhuma hora pode prever o que a próxima trará. A sensação de completa impotência que este facto naturalmente provoca ajuda a estimular um interesse comum entre todos os que se entregaram a esta coisa oca de madeira. Despojada de todos os luxos, preocupações de negócios, responsabilidades sociais, a vida reverte para condições primitivas. Comida em quantidade, uma cama seca para dormir, roupas feitas para repelir o frio e a chuva, e não para atrair atenções, são agora os requisitos. As simpatias, diluídas quase até à destruição pelas constantes exigências dos jornais, concentram-se agora em alguns seres humanos rodeados exactamente pelas mesmas condições. O que interessa a cada um interessa a todos. A raridade dos acontecimentos confere àqueles poucos uma importância tão excitante quanto os grandes assuntos de Estado. Este pequeno mundo destacado é um reino em si mesmo; a sua história diária é uma história à parte. Um brigue que passa e a descoberta do seu nome, um rasto fantasmagórico de fumo a noroeste indicando a passagem de um vapor cujo casco e mastros nunca se revelam, a captura de três bacalhaus, cujos estômagos e olhos salientes denunciam a grande profundidade de onde foram retirados, uma nova captura de oito tubarões, uma flotilha de peixes-voadores, um grupo de cachalotes por perto, expelindo espuma como nuvens, uma ocasional caravela-portuguesa, rosa e azul na sua glória de vidro soprado, vastos campos de sargaço, peneirados pelos mares em fileiras — estes, juntamente com sete sinos para a hora de levantar, oito sinos para o jantar, e quatro sinos para a ceia, são os acontecimentos dos dias que passam. Os jornais que trouxemos a bordo estão lidos e relidos, anúncios incluídos, até ficarem em farrapos. As cartas de despedida são estudadas até serem memorizadas. Todos os romances se fundem numa biblioteca circulante comum e são discutidos até à exaustão. Por consenso, ninguém pergunta a ninguém como se sente. Quem se sente bem mostra-o no rosto. Quem se sente mal ou cansado não o demonstra menos. A noite inquieta de tempestade, quando a embarcação ficou à deriva, lutando com as ondas e perdendo uma ou duas velas, é vista de um ponto de vista comum de desagrado que torna o comentário desnecessário. Depois vem o sol, o mar calmo, e os marinheiros no convés, agachados entre velas rasgadas, rolos de pano novo, linha e coisas inumeráveis; os jovens sobem ao mastro principal, alguém canta, e a «vida na onda do oceano» torna-se, por um breve momento, o que é idealizado na mente de um aluno da escola.
Assim, com proporções variadas de condições favoráveis e desfavoráveis, mas com boa fortuna em geral, continuámos o nosso caminho à medida que o oceano começava a parecer infinito na sua vastidão, quando, na manhã do décimo quinto dia, 11 de Dezembro, a cerca de 2200 milhas a leste de Filadélfia e a cerca de 800 milhas da costa de Portugal, fomos chamados cedo ao convés pelo grito de «Terra!». À primeira vista, o facto parecia quase inacreditável. Poderão aquelas duas manchas semelhantes a nuvens, apenas visíveis no horizonte cinzento, ser evidência de terra firme plantada no meio do mar, sobre um fundo oceânico quase insondável? Aos poucos, o amanhecer torna-as mais claras. Sim, estas são as duas ilhas irmãs, sentinelas à entrada do arquipélago de nove ilhas conhecido como Açores (do português “açor”, que significa falcão), ou, como muitos marinheiros lhes chamam, Ilhas Ocidentais. A da esquerda é o Corvo, com uma população de menos de mil almas — o último ponto tocado por Colombo antes de se aventurar no desconhecido. A da direita, um pouco maior e com costas mais abruptas, e com uma rocha adjacente, conhecida como o “Coelho” [Monchique?], parecendo pronta a saltar sobre ela — essa é a ilha das Flores, com uma população de cerca de 10 000 habitantes, onde estamos prestes a fazer a nossa primeira paragem. Entre as duas, mantemos o nosso curso e, em seguida, circundamos as Flores pelo sul. As suas encostas íngremes, compostas por rocha vulcânica, dispostas em várias camadas e multicoloridas como um tapete turco, brilham ao sol da manhã, uma maravilha de amarelo, roxo e vermelho; e, a partir delas, os campos de erva e cereais, divididos em inúmeros pequenos talhões, sobem até aos cumes verdes das crateras extintas, conhecidas como «caldeiras», que aliciam as nuvens acima. Riachos frequentes descem pelas encostas, saltam sobre os precipícios e juntam-se ao tumulto das ondas abaixo, onde ribombam e espumam contra as paredes rochosas e as cavernas que esculpiram. Aqui e ali há grupos de casas térreas, construídas em pedra vulcânica e caiadas de branco, com uma igreja no centro, de onde se estendem com densidade decrescente ao longo da borda do penhasco. Aqui, seguramente, é terra firme, terra habitável, terra fértil, uma terra de lares. O primeiro capítulo da nossa viagem de inverno está quase concluído.
Face ao grande interesse manifestado na recente travessia transatlântica das escunas-iate «Coronet» e «Dauntless», poderá ser interessante para alguns leitores comparar as distâncias diárias percorridas por esta embarcação mercante de 558 toneladas, totalmente carregada, com o extraordinário registo da vencedora, a «Coronet» [iate escuna de 131 pés, com casco de madeira, construído para o magnata do petróleo Rufus T. Bush em 1885]. O tempo gasto foi o mesmo em ambos os casos — nomeadamente, quinze dias —, mas a viagem da «Sarah» foi de apenas 2000 milhas, enquanto a da outra foi de quase 3000 milhas. O tempo tempestuoso caracterizou ambas as viagens. Em ambos os casos, os números mencionados representam progresso, não apenas a distância percorrida. Aqui estão os percursos comparativos: «Sarah», 104, «Coronet», 246; 106, 244; 38, 185; 165, 216; 136, 211; 166, 135; 162, 225; 178, 179; 158, 202; 35, 88; 162, 208; 204, 218; 211, 225; 129, 291; 40, 189. Percursos máximos: «Sarah», 211; «Coronet», 291; e «Dauntless», 328 milhas.
A vila a que agora nos aproximamos nas Flores é Santa Cruz, a capital da ilha, onde reside o governador local. Vista de longe, tem uma aparência agradável, mas muito do encanto se perde ao aproximar-nos. Não há farol, nem porto, nem ancoradouro seguro, pelo que ficamos apenas a pairar durante o dia, suportando com a paciência que conseguimos a invasão dos nossos conveses e da cabina por oficiais da alfândega e de saúde. Durante o dia, numerosos botes a remo aproximam-se de nós, tripulados por estivadores mais pitorescos do que atraentes, descalços, esfarrapados, desarranjados, falando em coro confuso num estranho dialecto da língua portuguesa. O caos parece reinar por aqui. O nosso médico é levado para terra para tratar de um caso, mas os passageiros não têm permissão para desembarcar, pois o capitão deseja partir assim que a carga for aligeirada. Este desejo, contudo, não se concretiza, pois, quando tudo o resto está pronto, os documentos do navio e o médico ainda estão retidos em terra. Durante horas esperamos impacientemente por eles. A hora da ceia vem e vai. Surge um vento favorável, e não o podemos aproveitar. O vento intensifica-se. Navegamos para lá e para cá, e sinalizamos a nossa impaciência. A escuridão chega, e o nevoeiro envolve a vila. Quando começa a parecer que teremos de prosseguir sem os documentos ou o médico, um clarão indica a aproximação de um barco, o sinal é respondido, ouve-se o batimento ritmado dos remos, uma colisão na escuridão, uma escalada sobre a amurada — e estamos a caminho do nosso próximo destino, Faial.
If the reader knows no more about the regions of which I am to speak than the writer did when he abruptly started in quest of them, the following pen-sketches, taken from the cabin and deck of a sailing vessel during a winter voyage, may prove of passing interest.
On the 27th of November last, upon counsel to seek an entire change from bustling city life, such as is offered by a prolonged sea voyage, I awoke with a feeling of wonder, and then of growing satisfaction, to the fact that I was aboard the bark “Sarah”—Captain Hale, Master—bound from Boston for Fayal. I have since tried to recall what notions of Fayal I possessed previous to that time. They were few and hazy. They included an impression that it was a seaport on some island close to the African coast, that it was in some manner associated with whales and whalers, and that Captain Semmes had there taken command of the privateer “Alabama.” How far these half-truths had any foundation in fact will appear later.
The eastward voyage was uneventful. On the fourth day we entered the Gulf Stream; and, after the bitter cold which we had left on the New England coast, the air seemed comparatively comfortable. Day after day, with all sorts of wind and weather, we kept steadily on our course, averaging from 150 to 200 miles per day, with little to interest the twelve tired passengers beyond the report of the run, which was made public at 4 P. M., and nothing to excite us excepting the discomfort caused by gales and the spectacle of an occasional thunder storm. There was a remarkable absence of sea-sickness, and, whenever circumstances permitted, the upper deck was the favorite resort. Whenever we could be there, happiness was complete. Tucked in steamer-chair and rugs, with some good-for-nothing book, which one feels no necessity to read, all sails filled with warm wind, a pleasing sensation of onward rush—whistle of straining cordage, swash of waters, and piping of gulls, all gradually merging into an indistinct and far-away murmur—and the dream of the voyageur is as restful as that of a tired child, sung to sleep in spite of himself by the very monotony of the lullaby.
It was not always thus. There were days when the “Sarah” was like an unbroken colt, and when one’s utmost efforts were required to keep anatomy intact; when flying seas made it impracticable and even dangerous to go on deck, and when the darkened cabin, nine by eleven feet, contracted into a dismal prison-house, wherein, after sleepless nights, and days that were but misnamed nights, we came to almost loathe the sight and close presence of one another. But then again would dawn a summer day in the midst of winter, and fresh air and sunshine would soon banish the misery of yesterday, and creature comfort would again make life well worth the living.
The sensations aroused by life on a sailing vessel are of course similar in many respects to those experienced on an ocean steamer, but they are more distinct, more intimate. Put a keel and funnel on the Parker House or the Fifth Avenue Hotel, and you have a near approach to the “Etruria” and her giant sister ships. The comforts, the bustle, the social life, the well-regulated routine of land habits, are part of them. They sail at a fixed hour, they proceed at about an average rate of speed, their giant oarsman laughs at wind and weather; and, with a precision closely allied to that of a railway train, they sight the customary landfalls, and, before their temporary boarders have had an opportunity to acquaint themselves with even the geography of the huge caravansary, strangers all, they are transferred to the more stable but otherwise similar caravansary at Liverpool, and the life of the land is again taken up. With the sailing vessel all is otherwise. Whoso voyages thus leaves time, leaves routine, leaves certainty in every form, behind him. The ship is a world in itself, as free from all hold upon the world left and the world sought as if it were swung out into the blue space of the heavens in the form of a new planet. The only means of progress is that crumpled canvas. If favorable winds are inclined to come and fill it, well and good; but if they come not, or if they come in their might and refuse to be reined in to their work, no chip is more helpless. The winds and tides hold the floating box at their mercy. No hour can tell what the next hour will bring forth. The sensation of entire helplessness which this fact naturally develops helps to stimulate a fellow-interest among all who have intrusted themselves to this hollow thing of wood. Pruned of all luxuries, business cares, social responsibilities, life reverts to primitive conditions. Food in quantity, a dry bed to sleep in, clothing made to repel cold and rain and not to attract attention, are now the requisites. Sympathies diluted almost to destruction by the constant demands upon them by the newspapers are now concentrated upon a few fellow-beings surrounded by identically the same conditions. What few things interest each interest all. Infrequency of events gives to those few events an importance quite as exciting as tremendous affairs of state. This small detached world is a kingdom in itself; its daily history is a history unto itself. A passing brig and the discovery of her name, a ghostly trail of smoke to the northwest telling the passage of a steamer whose hull and masts are never disclosed, a catch of three cusks, whose protruding stomachs and eyes report the great depth from which they were drawn, a further catch of eight sharks, a flotilla of flying-fish, a school of sperm whales puffing cloud-like foam near at hand, an occasional Portuguese man-of-war, pink and blue in its glory of spun glass, vast fields of Gulf-weed, winnowed by the seas into windrows—these, together with seven bells for rising time, eight bells for dinner, four bells for supper, are the events of the passing days. The newspapers which we brought aboard are read and reread, advertisements and all, until they are in tatters. Farewell letters are conned until they are committed to memory. All novels are merged into a common circulating library, and discussed threadbare. By common consent, no one asks any one else how he feels. He who feels well shows it on his face. He who feels ill or tired shows it none the less. The uneasy night of storm, when the vessel has lain to, struggling with the waves and losing a sail or two, is regarded from a common standpoint of disgust making comment unnecessary. Then comes the sunshine, and the smooth sea, and the sailors upon the deck squatting among torn sails, and bolts of fresh canvas, and thread, and things innumerable; and the young men climb to the maintop, and some one sings, and “life on the ocean wave” becomes, for a little space, what it is idealized in the mind of the schoolboy.
Thus, with varied proportions of conditions favorable and otherwise, but with good fortune in the main, we continued on our way, until the ocean was beginning to seem endless in its vacancy, when, on the morning of the fifteenth day, December 11, at a point about 2,200 miles due east from Philadelphia, and about 800 miles from the coast of Portugal, we were called early on deck by the cry of “Land !” At first view the fact seemed hardly credible. Can those two cloud-like blurs, just visible on the gray horizon, be evidence of solid land planted in mid-sea on the well-nigh unfathomable ocean bottom? Gradually the daybreak shows them more clearly. Yes, these are the two sister islands, standing sentinel-like at the entrance to the archipelago of nine islands known as the Azores, or Açores (from the Portuguese word açor, meaning hawk), or, as many sailors term them, the Western Islands. That on the left is Corvo, with a population of less than a thousand souls—the last point touched by Columbus before he ventured into the unknown. That to the right, somewhat larger and having more abrupt shores, and with an adjacent rock, known as the “Rabbit,” [Monchique?] appearing ready to spring upon it—that is Flores, with a population of about 10,000, where we are about to make our first stop. Between the two we hold our course, and then circle southward about Flores. Its sheer sides, composed of volcanic rock, disposed in many strata and vari-colored as a Turkish rug, glow in the morning sunshine, a marvel of yellow and purple and red; and from them the fields of grass and grain, patchworked into innumerable small plats, climb to green summits of the extinct craters, known as “caldeiras,” that woo the clouds above. Frequent brooks pour down the hillsides, leap over the precipice, and add to the tumult of the waves below, where they thunder and foam against the rock walls and into the caverns they have worn. Here and there are clusters of small one story houses, built of volcanic stone, and whitewashed, a church in the center, whence they extend with diminishing frequency on either hand along the brink of the cliff. Here, surely, is land at last, habitable land, fertile land, a land of homes. The first chapter of our winter voyage is nearly completed.
In view of the wide interest manifested in the recent transatlantic voyage of the schooner-yachts “Coronet” and “Dauntless,” it may prove interesting to some readers to compare the daily runs of this merchant vessel of 558 tons burden, fully freighted, with the extraordinary record of the successful racer, the “Coronet.” [iate escuna de 131 pés, com casco de madeira, construído para o magnata do petróleo Rufus T. Bush em 1885] The time occupied was the same in both instance—namely, fifteen days—but the journey of the “Sarah” was only 2,000 miles, while that of the other was nearly 3,000 miles. Stormy weather characterized both trips. In both cases the figures named represent progress, not mere distance covered. Here are the comparative runs: “Sarah,” 104, “Coronet,” 246; 106, 244; 38, 185; 165, 216; 136, 211; 166, 135; 162, 225; 178, 179; 158, 202; 35, 88; 162, 208; 204, 218; 211, 225; 129, 291; 40 189. Maximum runs: “Sarah,” 211; “Coronet,” 291; and “Dauntless,” 328 miles.
The town we now approach on Flores is Santa Cruz, the capital of the island, where the local Governor lives. As seen from a distance it has a pleasing appearance, but much of the charm is lost on nearer approach. There is no lighthouse, no harbor, and no safe anchorage ground, so that we merely lie to for the day, and endure with such patience as we can the invasion of our decks and cabin by custom house and health officers. During the day numerous rowboats come alongside of us, manned by ‘longshoremen more picturesque than otherwise attractive, barefooted, ragged, unkempt, chattering a strange dialect of the Portuguese tongue in confused concert. Chaos appears to reign here. Our physician is taken ashore to attend a case, but the passengers are not allowed to land, as the captain wishes to get under way as soon as the cargo can be lightened. This desire, however, is not realized, for when all else is in readiness the ship’s papers and the physician are still detained on shore. For hours we impatiently await them. Supper time comes and goes. A favorable wind arises, and we are unable to use it. The wind freshens. We sail off and on, and signal our impatience. Darkness comes, and fog envelops the town. Just as it begins to look as if we should be required to proceed without either papers or doctor, a flash gives evidence of an approaching boat, the signal is answered, there is a measured beat of oars, a collision in the darkness, a clambering over the bulwark—and we are under way for our next stopping-place, Fayal.