4º galope luis filipe sarmento

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4º Galope

O espaço sagrado da nudez é o teu nome no eco dos poros que amplificam e reproduzem os gritos depois da sublimação do prazer em que os cabelos estão lançados para trás para que o momento seja exclusivamente teu e passe a ser do outro quando o ar retido é expelido com vigor nessa linguagem universal do prazer intransmissível e a ambiguidade sexual das regras proferidas em púlpitos obscenos se amortalhe nos fantasmas de infernos inventados nos círculos perversos do poder como a história regista entre as linhas nubladas da inquisição académica como se negassem a habitação da nudez e do deleite ou o corpo na sua totalidade libertária e na sua desnudez como expressão plástica da liberdade em sintonia com o planeta o primado estético da existência sem as fronteiras das moralidades corruptas para que o grito manifeste a lucidez do prazer e do amor em qualquer paisagem sem a subtileza do cinema porque em si o nu é a mais pura forma de comunicação artística e o senso erótico a mais pura excelência da humanidade plena sem os obstáculos que estigmatizam tradições culturas etnias e para que a festa do corpo e da palavra poética seja a celebração pagã da natureza e das suas raízes e das suas marés e das suas tempestades e de todos os elementos como metáfora transparente da liberdade na sua plena comunhão indestrutível e para que a linguagem universal da música una neste banquete todos os corpos libertos da matéria putrefacta e se dance em todos os rituais como louvor ao prazer da cor que diferencia a substância da independência da dissimulação patética da burguesia empapelada na farsa da oração como se acreditassem na absolvição final

Luís Filipe Sarmento, «Rouge – galopar», 2020
Foto: Isabel Nolasco

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