25 abril 2012 já eu me queixava

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14.12. VIVA O 24 DE abril que este sim deveria ser feriado, não é? CRÓNICA 114 -24 abril 2012

Viva o 24 de abril que este sim deveria ser feriado, ainda não se lê nos jornais todos, mas ouve-se nas esquinas das ruas e nas mesas do café. Depois da censura económica, da autocensura e de todas as formas dissimuladas de censura, vão-se fazendo inquéritos, elege-se Salazar como a personalidade do século passado, mandam-se emigrar os jovens, promove-se o cinzentismo salazarista e tentam calar-se as vozes diferentes. Mais ano menos ano acaba-se com o feriado de 25 de abril que nada tem a ver já com o clima que se vive.

A revolução continua por fazer, a liberdade de expressão corre sérios riscos, agora que as outras liberdades se foram por causa da crise, o respeito pela diferença esbateu-se mais ainda, vamos tornar as massas ainda mais acinzentadas, uniformes e carneirenta por entre saudosismos (dantes era o sebastianismo, agora será o salazarismo salazarento.

Por entre uma telenovela, Fátima e futebol o povo nem dá conta de como o levam para novo redil. Há 38 anos deram a liberdade a Portugal e hoje no-la tiram.

Eu continuarei (quase sozinho) um homem do 25 de abril até que me calem, mas somos já muito poucos e menos ainda podem usar a voz. Hoje ainda me deixam escrever isto, mas por quanto tempo mais? Há seis anos publiquei no ChrónicAçores umas linhas em que prevenia e previa este status quo (ler crónica 87) Incrível é que após mais de cem anos dessa lição, ainda nos encontremos tão desamparados, inermes e submetidos aos caprichos da ruína moral dos poderes governantes, que vampirizam o erário, aniquilam as instituições, e deixam aos cidadãos os ossos roídos e o direito ao silêncio: porque a palavra, há muito se tornou inútil!

Agora, o politicamente correto ameaça o humor. A crise fará o resto e aí – sim – estarei definitivamente calado se não morrer antes. Só tivemos 38 anos de liberdade comparados com 48 de ditadura obscurantista, mas pouco temos a celebrar neste ano de 2012 em que nos querem fazer recuar aos anos 50 ou 60 do século passado, a História em marcha à ré. Este ano vou gritar que o 25 de abril devolveu um direito fundamental: o direito à livre expressão e esse é o último que ainda posso celebrar nesta data.