Arquivo mensal: Fevereiro 2023

PESSANHA MORREU HÁ 97 ANOS

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Camilo Pessanha morreu há 97 anos.
Passam hoje 97 anos desde a morte do maior nome do simbolismo em língua portuguesa, uma corrente literária que influenciou grandes nomes da literatura portuguesa como Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Sophia de Mello Breyner Andresen ou Eugénio de Andrade, e que também revelou autores como Eugénio de Castro e António Nobre.
Camilo Pessanha está completamente ligado a Macau, mas, ainda assim, não estão agendadas quaisquer homenagens ao poeta conimbricense por mais um aniversário do seu falecimento.
“A título pessoal, como sempre, mas desta vez sem alunos, lá estarei amanhã [hoje] a cumprir o meu minuto de silêncio junto da campa do poeta no Cemitério de São Miguel Arcanjo”, começou por dizer ao PONTO FINAL Alexandra Domingues, docente da Escola Portuguesa de Macau (EPM).
“É mais um ano e, infelizmente, não há nada de novo.
Camilo Pessanha, para meu lamento, está esquecido.
Se os alunos do 12.º ano têm acesso ao poeta é porque o professor acha que deve ser assim, caso contrário, os programas não aludem à sua obra”, lamentou a professora da EPM.
Mas se o autor de “Clepsidra” não é caso único. Alexandra Domingues refere que nomes como Antero de Quental, Sophia de Mello Breyner Andresen ou Cesário Verde também, amiúde, caem no esquecimento de quem faz e promove os programas curriculares nas escolas.
“Vão e vêm.
Uns regressam e outros ficam eternamente esquecidos.
Outros são falados no ensino básico, mas depois, quando se calhar deveriam ser falados, são esquecidos no ensino secundário.
Repare que já nem se dá os “Esteiros” do Soeiro Pereira Gomes, ou a “Aparição” do Vergílio Ferreira.
Qualquer dia Vergílio Ferreira fica esquecido para sempre e chegou a ser obrigatório para exames.
“O Delfim”, do José Cardoso Pires, ou “A Sibila”, da Agustina Bessa-Luís.
Enfim, não quero mais enumerar.
Há livros muito importantes para a literatura portuguesa que estão simplesmente esquecidos”, referiu.
A verdade, considera a docente de Português, é que tanto em relação a estes nomes e outros, “não se pode colocar simplesmente uma esponja”.
“Não se pode apagar Camilo Pessanha.
A sua escrita, que mesmo sendo difícil é muito importante, influenciou outros”, notou,
ressalvando que os anos lectivos “têm limites” e é preciso “fazer-se uma selecção” do que pode ou não ir a exame nacional.
“No 12.º ano temos, e bem, muito Fernando Pessoa, e depois temos, e bem, José Saramago.
Há muito pouco tempo para falar de outros autores, mas eu faço questão de se falar sempre de Pessanha”, vincou.
Para Alexandra Domingues, faz todo o sentido continuar a falar-se de poesia, porque a poesia é “o outro lado” da vida quotidiana.
“É muito importante nos dias de ódio que se vivem hoje.
O sentido da literatura, mas acima de tudo, o sentido da poesia.
Não podemos perder a ligação com os poetas portugueses, porque ler poesia é importante.
Devemos questionar isso: porquê ler poesia?
Porquê ler Pessanha?
E tenho muita pena que não se fale de Pessanha como se deveria falar”, lamentou a docente da EPM,
lembrando a açoriana Natália Correia que, depois do 25 de Abril de 1974, e depois de silenciada pelo regime do Estado Novo, considerou que agora a poesia está na rua.
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OSVALDO CABRAL EM NOME DA LIBERDADE

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EM NOME DA LIBERDADE
A ironia da política portuguesa assinalou o primeiro ano da invasão à Ucrânia com um deslize do Ministro dos Negócios Estrangeiros ao anunciar, com o desconhecimento dos deputados, que Lula da Silva iria discursar nas cerimónias do 25 de Abril na Assembleia da República.
Já não bastava a pérfida cegueira do PCP na submissão ao seu líder louco carniceiro de Moscovo, agora temos os responsáveis soberanos a decidir, nas costas dos representantes do povo, quem sobe ao palco do Dia da Liberdade.
Marcelo e António Costa, desde há algum tempo, andam fora deste mundo, focados que estão nos seus egos da popularidade política.
Se querem honrar a Liberdade, convidem o herói dela, o Presidente Zelensky, em vez de um Chefe de Estado que se recusa a apoiar a Ucrânia e nunca condenou a invasão da Rússia.
Aos incautos (i)responsáveis do Estado português, o mínimo que se pede é um pouco de decência e mais bom senso.
Em nome da Liberdade.
MAIS 62 MILHÕES A VOAR
É preciso que os cidadãos saibam para onde está a ir o dinheiro dos seus impostos e porquê.
O escrutínio público é fundamental para uma democracia saudável e mais robusta.
Os partidos parlamentares fiscalizam a acção do governo e a comunicação social escrutina ambos.
É esta a essência da democracia e é mais ou menos assim que temos vivido nas últimas décadas.
Esta semana o PS veio denunciar que o governo não tinha injectado na SATA os 62 milhões de euros que já tinha anunciado no ano passado, quando a verdade é que estes 62 milhões já estão nos cofres da SATA e vão ser convertidos em capital social.
Ora, é bom que os cidadãos saibam que esta conversão significa que nós, contribuintes, nunca mais os vamos ver.
São mais 62 milhões a juntar a outros tantos milhões que vamos ter que pagar pelos desmandos que fizeram na SATA.
A ironia disto tudo é que foi o próprio PS e os seus governos os grandes culpados pelo descalabro na gestão da SATA e agora estão preocupados com as contas da empresa.
Acordaram tarde, pois já deviam ter feito este escrutínio nos governos anteriores, a começar pelo famoso negócio ruinoso do avião “cachalote”, que vai ficar gravado nas consciências dos seus responsáveis.
E, claro, no bolso dos contribuintes.
O CABO DA DISCÓRDIA
Um outro escrutínio que é preciso fazer, com todo o rigor, é o do processo dos novos cabos submarinos.
Já todos percebemos que ele está envolto numa grande embrulhada, como é normal com os nossos políticos, e recheado de coisas mal esclarecidas.
O Eng. João Quental Mota Vieira tem vindo a desenvolver um verdadeiro acto de cidadania ao levantar uma série de questões que nunca são respondidas com fundamento técnico, culminando agora com uma petição pública para obrigar o parlamento regional a discutir o assunto.
É uma acção meritória, também de escrutínio público, até porque, como muito bem refere aquele antigo responsável pelos cabos submarinos em S. Miguel, é de estranhar o silêncio dos deputados de S. Miguel sobre este assunto, nomeadamente os do PSD, se é que o PSD de S. Miguel ainda existe…
O Governo Regional veio dizer que a amarração em duas ilhas dão mais resiliência, o que é de louvar.
Mas a questão é outra: porque é que nas duas amarrações, a mais importante, que liga directamente ao Continente, passa de S. Miguel para a Terceira?
Esta é que é a grande questão.
Ainda ninguém explicou quais são as vantagens de tirar de S. Miguel a amarração principal, como acontecia nestes últimos 24 anos, e passar para outra ilha.
Não é a Terceira que está em causa. Fosse para qualquer outra ilha, era preciso explicar o porquê desta alteração, coisa que ainda ninguém fez.
Se é verdade que das 12 conclusões a que chegou o grupo de trabalho da ANACOM, nenhuma refere a transferência da amarração de S. Miguel para outra ilha, como é que aparece no meio deste processo esta mudança?
Quem a ordenou?
Alguém com muito poder deve ter influenciado esta mudança não prevista tecnicamente.
Já estamos habituados a que, neste país, se movimentam interesses pouco claros nos bastidores destes processos nebulosos.
Não podemos aceitar que este seja mais um.
Urge e apoiamos o debate transparente que se impõe.
MAIS OBRAS PARADAS
Já aqui previmos que tudo o que estiver ao alcance do governo da República para fazer na região é para esquecer.
Os sinais são evidentes e todos percebemos, pelas visitas arrogantes dos ministros, nas últimas semanas, que o governo de António Costa está disposto a boicotar o mais que puder tudo o que se destinar para a “região da coligação”.
O padrão é comum a todas as obras da responsabilidade do Estado: deixar apodrecer até cair, como acontece com os tectos dos tribunais, das esquadras da polícia e por aí fora.
Já existe um rol de compromissos nunca cumpridos, outros adiados e atrasados, como o caso da cadeia da bagacina, a falta de solidariedade com os estragos do furacão Lorenzo, a incapacidade de alterar o sistema de subsídio de mobilidade, a falta de apoio à Universidade dos Açores, a ausência de recursos humanos e meios para as forças de segurança, o atraso nos cabos submarinos e um nunca mais acabar.
Agora surge mais um “esquecimento”, o do cais NATO, no porto de Ponta Delgada, como denunciamos na edição de ontem.
Não surpreende este abandono do pior primeiro-ministro em relação às Regiões Autónomas.
O que se estranha é os seus apoiantes, sentados na Assembleia da República, ainda terem o desplante de cantar loas a este (des)governo centralista, que castiga permanentemente as Autonomias.
Convém estar de olho bem aberto até às próximas eleições e o que vão prometer em cima das promessas até agora nunca cumpridas.
É já no próximo ano, para as europeias, que marcamos encontro com o respectivo ajuste de contas.
Osvaldo Cabral
Editorial Diário dos Açores 26-02-2023
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Ana Franco

Como sempre, muito bem!
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