See original”Ficar velho é uma porcaria” : por Bernard PIVOT
Um texto muito bonito do nosso amigo Bernard Pivot.
Sabe bem ler algo como isto!! Excerto do seu livro publicado em abril de 2011:
As palavras da minha vida a envelhecer são uma porcaria
Eu poderia ter dito :
envelhecer é lamentável,
isto é insuportável,
é doloroso, é horrível,
isto é deprimente, isto é mortífero.
Mas eu preferia “irritante” porque é um adjetivo vigoroso que não o entristece.
Envelhecer é uma seca porque não se sabe quando começou e muito menos quando vai acabar.
Não, não é verdade que envelhecemos desde o nascimento.
Temos sido tão frescos, tão jovens, tão apetitosos.
Éramos bons na sua pele.
Estávamos a sentir-nos como um conquistador. Invulnerável.
A vida à sua frente. Mesmo aos cinquenta anos, ainda era grande. Mesmo aos sessenta anos
Sim, sim, asseguro-vos, ainda estava cheio de músculos, projetos, desejos, fogo.
Estou sempre, mas aqui, entretanto…
mas quando – vi o olhar dos jovens, homens e mulheres com a força da idade que já não me consideravam um deles, mesmo parentes, mesmo à margem.
Posso ler nos seus olhos que eles nunca mais terão qualquer tolerância para comigo.
Que eles seriam educados, deferentes, louváveis, mas impiedosos. Sem me aperceber, eu tinha entrado no “apartheid da idade”.
O mais terrível veio das assinaturas dos escritores, especialmente dos principiantes.
“Com todo o respeito”,
“Em respeitosa homenagem”,
“Com os meus sentimentos muito respeitosos”.
Bastardos! Provavelmente pensaram que me estavam a agradar por terem a sua caneta cheia de respeito?
Idiotas!
E algum longo e solene “caro Sr. Pivot” como uma citação na ordem das Artes e Cartas que lhe dão mais dez anos!
Um dia, no metro, foi a primeira vez que uma jovem rapariga se levantou para me dar o seu lugar.
Quase lhe dei um estalo…
Depois, implorando-lhe que se barbeasse, perguntei-lhe se eu era realmente velha, se parecia cansada.
“Não, não, de todo”, respondeu ela, envergonhada.
Estive a pensar que… “Eu imediatamente”:
“Pensou que…?
— Estava a pensar, não sei, já não sei, que o faria feliz em sentar-se.
– Porque o meu cabelo é branco?
– Não, não é, eu vi-te de pé e como és mais velho que eu, foi um reflexo, levantei-me… –
– Pareço-te muito mais velho do que tu?
– Não, sim, um pouco, mas não se trata da idade… – Uma questão de quê, então?
– Não sei, uma questão de delicadeza, bem penso… ”
Deixei de a provocar, agradeci-lhe pelo seu gesto bondoso e acompanhei-a até à estação onde ela lhe ofereceu uma bebida.
Combater o envelhecimento é, na medida do possível, não desistir de nada.
Nem para trabalhar, nem para viajar,
Sem espetáculos ou livros,
Não à gula, não ao amor, não ao sonho.
Sonhar é recordar tanta coisa para fazer, horas requintadas. É pensar nos bons compromissos que nos esperam.
É deixar a mente vaguear entre o desejo e a utopia.
A música é um poderoso thriller de sonho.
A música é uma droga suave.
Eu gostaria de morrer, sonhador, numa cadeira de braços a ouvir
ser o adágio do Concerto nº 23 em Mozart Major,
ou, do mesmo modo, o precursor do seu Concerto n.º 21 em ut major, cuja música no final revelará aos meus olhos nem sequer surpreenderá as paisagens sublimes do além.
Mas Mozart e eu não estamos com pressa. Levaremos o nosso tempo.
Com a idade, o tempo passa demasiado depressa ou demasiado lentamente. Não sabemos o quanto o nosso capital ainda está a subir.
Em anos? Em meses? Em dias?
Não, o tempo que nos resta não deve ser tratado como capital.
Mas como um usufruto do qual, enquanto formos capazes, devemos desfrutar sem moderação.
Depois de nós, o dilúvio ? Não, Mozart.
(Bernard Pivot)
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Traduzido com a versão gratuita do tradutor – www.DeepL.com/Translator