Comemorou-se no passado dia 30 de Julho o 23º aniversário do Auto de Cessão do Fortinho de Santa Clara, em que o Ministério da Defesa Nacional o cedeu aos Açores por uma prazo de 30 anos sob condição de o recuperarmos e ali desenvolvermos “ações no âmbito cultural”.
Não terá sido por acaso que foi uma efeméride sem pompa nem circunstância, sem mesmo uma única referência à sua passagem. A vergonha, nos Açores, por vezes esconde-se por debaixo do tapete, juntamente com alguma porcaria, e neste caso não haveria de ser de outra maneira.
Temos mais 7 anos (com sorte) antes que aquele imóvel histórico nos seja surripiado, e com toda a razão, pois nem uma pedra foi mexida que prenunciasse sequer o nosso interesse pelo nosso património. Pior, feito o estudo arqueológico que comprovou a sua importância histórica, ele foi “engavetado” e os sucessivos governos continuam a deixar que a ruína finalize o seu propósito, de ocultar perante as gerações mais novas (e até mais velhas) um pouco da memória coletiva que tanta falta faz à nossa Autonomia.
Trata-se, aliás, do caso único, e até bizarro, da população, através dos seus órgãos políticos mais importantes, até já se ter manifestado publicamente a favor da sua recuperação atempada, o que dá a este processo de aparente esquecimento político um toque de quase malvadez.
Quanto à história do Castelinho, ela é deliciosa por vários motivos, mas sobretudo por nos remeter para um período em que a pirataria acossava periodicamente a nossa vida – há muito, muito, muito tempo – e facilmente se constituiria como uma lição viva de História Insular, que em muito enriqueceria a nossa oferta cultural. É uma pérola, sem dúvida, mas aparentemente no local errado.
Caros senhores governantes, por favor olhem para esta questão e não deixem passar mais um aniversário com esta mancha na nossa memória à vista de todos! É que pode começar a parecer estupidez a mais…
Fica o desafio
