Mês: Julho 2022

  • a descoberta da pólvora nos açores

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    Artigo publicado no Correio dos Açores deste sábado, para quem se interesse por “descobertas da pólvora” e visitantes do cacimbo, habituais nos meses de verão nestas nossas paragens. 🙂
    Pólvora XXI
    Numa era em que a Ciência anda nas bocas do mundo, nunca foi tão fácil abastardá-la, retirando-lhe o princípio básico de progresso e colocando-a ao serviço de interesses que nada têm a ver com esse princípio. Verdade seja que a deturpação da Ciência é coisa antiga, certamente muito anterior à célebre fraude onde um antropologista inglês ficou famoso por construir um falso homem-macaco, misturando numa saibreira ossos de um símio com ossos humanos. A datação dos restos, muitos anos depois, usando a técnica de C-14, um isótopo radioativo natural do carbono, comprovou tratar-se de uma enorme vigarice científica. Hoje é mais difícil escapar-se às malhas de controlo da veracidade científica, dada a competitividade existente e a globalização da informação, mas é sempre possível deturpar resultados, graças aos avanços da tecnologia. Estes podem ser aterradores, ou surpreendentemente benéficos, o que ficou provado com a pandemia atual, quando a Ciência e a indústria farmacêutica produziram vacinas em tempo recorde.
    Acontece que um dos motores atuais do progresso é o lucro, o que é normal, sendo apenas anormal quando é especulativo ou fraudulento. Tudo serve de arma aos especuladores, inclusive a indústria das armas, para o que dá muito jeito uma boa guerra. Veja-se o comportamento das ações de empresas do complexo militar-industrial norte-americano, que logo uma semana depois do início da invasão russa da Ucrânia dispararam, com destaque para a Northrop Grumman, Lockeed Martin, Raytheon e Boeing, as “4 grandes” mundiais do armamento. Fabricam todo o tipo de armas sofisticadas, desde mísseis a caças a jato, tanques e artilharia. O contribuinte nem dá por isso, mas é quem paga a indústria através dos impostos, pois o Congresso dos EUA atribuiu ao Pentágono um orçamento para 2022, próximo dos 770 mil milhões de dólares. A Alemanha, quietinha em termos de militarização após a catástrofe hitleriana, atribuiu à Defesa 100 mil milhões de euros, cerca de 7 vezes menos que os americanos, mas que em termos proporcionais às respetivas populações, significa cerca de 50%. Num mercado internacional rondando os 2 trilhões, ou milhões de milhões de dólares, é apetecível colher os frutos do conflito ucraniano, onde as vidas humanas surgem como material descartável. Triste sina para um povo europeu que parecia caminhar para a estabilidade, paz e progresso.
    Se os políticos ocidentais tivessem não tivessem outros interesses, centrados no petróleo e no gás natural, teriam tomado medidas preventivas, em vez de interventivas, parecendo que nem aprenderam com a História. Provocar o urso russo, quando tem como dono um cortejo de ex-KGBs tipo Putin, só podia dar mau resultado, uma vez que não foram tomadas as devidas precauções militares e económicas, sobretudo as energéticas. Então, porque não o fizeram? A explicação estará na subida dos preços da energia fóssil, um regalo para os produtores e uma desgraça para os consumidores, o habitual mexilhão que leva com a onda. Onda que veio pelo Atlântico até aos Açores, sem que a pudéssemos evitar, com ou sem PRR, o plano de recuperação europeu de que tardamos a sentir os efeitos mitigadores. Há já quem murmure que é mais um pote onde o Estado vai buscar uns dinheiros, enquanto os governos lançam ao vento grandes projetos, daqueles que ouvimos falar há décadas.
    Os factos parecem confirmar as nuvens da dúvida, enquanto se acumulam as da dívida, sejam do Estado, das empresas ou das famílias, perigosamente próxima de um total de 800.000 milhões de euros. Entretanto, são noticiados o habitual desfilar anual de incêndios florestais (1000 hectares ardidos em Ourém, esta semana), o caos instalado nos aeroportos europeus (a que não escapam Lisboa e a TAP) e a bagunça nas urgências de obstetrícia dos hospitais públicos (em Braga já encerraram 5 vezes, num hospital que atende uma média de 40 grávidas/dia), num país que há 30 anos tem um inalterado estatuto do SNS-Serviço Nacional de Saúde. Descobriram agora a pólvora da sua atualização, para o que vão criar uma direção executiva, centralizadora e, eventualmente “independente”. É a velha receita salazarista: para adiar uma solução, cria-se uma comissão e depois se verá. Às vezes, nem isso, ao que vimos pela vinda aos Açores da Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que trouxe uma mão cheia de coisa nenhuma, falando vagamente da revisão do contrato programa com a UAc, mas nada concretizando sobre valores (1,2 milhões de euros anuais, anteriormente prometidos pelo seu antecessor) nem quando assinará o dito. Assim, Senhora Ministra, mais vali ter feito 2 coisas: uma, era ter ficado por Lisboa, poupando tempo, dinheiro e carbono na viagem; outra, ter permanecido na sua cátedra da Universidade Nova, onde desenvolvia com seu marido uma valiosíssima investigação sobre novos materiais. Outro catedrático visitante foi o Ministro da Economia, que descobriu a pólvora das soluções para o mar dos Açores, a investigação científica universitária por via de uma mirabolante universidade atlântica, provavelmente para “colonizar” a Universidade dos Açores e, pérola das pérolas, o navio de investigação inscrito no pote do tal PRR.
    Está descoberta a Pólvora XXI.
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  • amazónia a ir-se

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    No Brasil, a Polícia Federal deteve o suspeito de ser o mandante do assassinato do jornalista Dom Philips e do ambientalista Bruno Pereira.
    Desflorestação da Amazónia bateu recorde nos primeiros seis meses do ano
    RTP.PT
    Desflorestação da Amazónia bateu recorde nos primeiros seis meses do ano
  • guerra

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    May be an image of monument, outdoors and text that says "BEFOR06.05.2022 BEFORE 06.05.2022 Skovorodynivka ukrainian institute 'HRYHORII SKOVORODA MUSEUM' AFTER 6. 06.05.2022 5.2022"
    The project “Postcards from Ukraine” aims to record and demonstrate the damage caused to the Ukrainian culture by the Russian troops. Since the beginning of the full-scale invasion, they have destroyed more than 388 Ukraine’s historical, architectural and archaeological monuments.
    The building, which until recently housed the Literary Memorial Museum of Hryhorii Skovoroda, was built in the 18th century. The museum was founded here in 1972. The museum exhibition presented publications of the philosopher’s works, scientific literature and fiction about him, his favourite books, paintings dedicated to him, and sculptures, some personal belongings.
    Ukrainian philosopher, theologian, and poet Hryhorii Skovoroda is a symbol of Ukrainian philosophy today, he influenced many generations of Ukrainians, and his museum was a historical monument of national significance.
    On May 7, 2022, Russian army shelled the roof of the Skovoroda Museum, and the fire engulfed the entire building. The 18th century building, which was a home for Hryhorii Skovoroda and preserved the memory of his last years of life, has now become a memory itself.
    Tell the world about the destruction of Ukrainian culture — share postcards on social networks with the hashtag #PostcardsFromUkraine.
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  • ″Esperei até ao último segundo.″ Turistas apanhados por avalanche no Quirguistão filmam momento

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    Apesar da brutalidade das imagens, o grupo escapou praticamente ileso. ″Só depois é que percebemos a sorte que tivemos. Se tivéssemos caminhado mais cinco minutos, estaríamos todos mortos″, contou Harry Shimmin, autor do vídeo.

    Source: ″Esperei até ao último segundo.″ Turistas apanhados por avalanche no Quirguistão filmam momento

  • tancos

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    May be an image of aeroplane and outdoors
    Aeroporto: Associação Empresarial da Beira Baixa aponta Tancos como uma solução
    A presidente da Associação Empresarial da Beira Baixa (AEBB) apontou hoje Tancos, Vila Nova da Barquinha, distrito de Santarém, como uma das soluções para resolver o problema da nova estrutura aeroportuária de Portugal.
    “Se olharmos em redor, encontramos duas soluções para este problema: uma pronta em Beja, com um aeroporto internacional construído e operacional; a outra em Tancos, a “um passo” de estar pronta”, afirmou, por escrito à agência Lusa, Ana Palmeira de Oliveira.
    A presidente da AEBB, com sede em Castelo Branco, sublinhou que a discussão da nova localização do aeroporto que também possa servir Lisboa “é antiga” e parece “ser difícil encontrar um consenso”.
    “Com posicionamentos bastante estratégicos e capazes de dar resposta a um desenvolvimento mais coeso, estas soluções [Tancos e Beja] não substituem um aeroporto à medida do que Lisboa precisa e merece, mas reforçam a resposta urgente e tão necessária”, sustentou.
    Ana Palmeira de Oliveira salientou que as duas soluções apontadas “são de continuidade e não meras estratégias corretivas e temporárias”.
    “Não devemos ignorar que a solução da resposta aeroportuária a pouco mais de uma hora da capital já está implementada em outros países europeus. É Lisboa assim tão diferente?”, questionou.
    Recentemente, o primeiro-ministro, António Costa, determinou a revogação do despacho que apontava os concelhos do Montijo e Alcochete como localizações para a nova solução aeroportuária da região de Lisboa, desautorizando o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, que apresentou esta proposta.
    A solução apontada passava por avançar com o projeto de um novo aeroporto no Montijo complementar ao Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, para estar operacional no final de 2026, sendo os dois para encerrar quando o aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete estivesse concluído, previsivelmente em 2035.
    António Costa defendeu que na nova solução aeroportuária para a região de Lisboa se tem de “trabalhar para uma solução técnica, política, ambiental e economicamente sustentável – uma solução que seja objeto de um consenso nacional, designadamente com o maior partido da oposição”.
    A presidente da AEBB questionou ainda “se não merece também o resto do país uma oportunidade de ser parte da solução” e, no âmbito desse contributo estratégico, “beneficiar ainda do consequente desenvolvimento territorial, no plano empresarial, turístico e social”.
    “Não podemos ignorar que não somos um país rico e que os recursos que temos têm de estar em pleno ao serviço das pessoas e dos territórios”, concluiu.
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  • segurança social vídeo atendimento

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    May be an image of 1 person and text that says "Instituto da Segurança Social dos Açores com novo serviço de atendimento ao público Vídeo-atendimento Marcações através do endereço: http://gamarcacaodatendimento.p/ SIGA App ou do número 300 077 000 nos dias úteis das 8h30 às 16h00 GOVERNO DOS AÇORES"
    📣 A Vice-Presidência do Governo, através do Instituto de Segurança Social dos Açores (ISSA), disponibiliza a partir de hoje um canal de atendimento alternativo a…

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  • calor extrremo uma lembrança

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    A História documentada será sempre o melhor guião quando se pretende avaliar os impactos, a regularidade ou as variações extremas e a longo prazo das ondas de calor. Remeto para o capítulo 5 do meu livro “Apocalipses – os vários fins do mundo na História de Portugal” ( Contraponto, 2021) – Calamidades em terra e pânico no céu – penitências contra pragas, epidemias e secas – alguns detalhes fundamentais para uma apreciação efetiva desse fenómeno que regularmente nos apoquenta.…

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    CALOR: O ANO HORRIBILIS DE 1898
    EM PORTUGAL E NA EUROPA
    No capítulo 5 do meu livro “Apocalipses – os vários fins do mundo da História de Portugal” (Contraponto 2021) faço referência ao ano de 1898 como tendo sido um dos mais brutais em termos de ondas de calor que o nosso país e a Europa em geral experimentaram. Em Guimarães os termómetros atingiram os 45 ºC e no Alentejo e Algarve os criadores de gado enfrentaram agruras para vender o seu gado vacum e lanígero sedento de água. Lisboa “oferecia” aos seus residentes uma lufada infernal vinda do Sahra, – a hoje famosa dose das suas areias – difundindo o socorro gelado dos botequins para os mais ricos. Mais a norte, a publicidade anunciava bombas de água e dos poços como solução única para o drama canicular. Fora de portas o mesmo cenário: as ruas de Londres pejaram-se de mais de 300 pessoas tombaram de exaustão, boa parte delas sem remissão possível depois de levadas ao hospital…
    Tais recordes em ano excecional não permitem, contudo, torná-lo exemplo de algo recorrente e sem novidade. Errada transposição. O que ontem era exceção mais espaçada pelo século, torna-se hoje norma mais recorrente num tempo mais breve, em extensão e intensidade. O clima diz respeito ao tempo muito longo da geologia e não ao historicismo breve do nosso calendário. Ilustram-se aqui estas breves notas, para que a História nos sirva de referência comparativa, mas não de recriação fácil e acrítica..
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  • guerra

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    На зображенні може бути: на відкритому повітрі та текст
    The project “Postcards from Ukraine” aims to record and demonstrate the damage caused to the Ukrainian culture by the Russian troops. Since the beginning of the full-scale invasion, they have destroyed more than 388 Ukraine’s historical, architectural and archaeological monuments.
    On April 20, 2022, the Palace of Culture in Mariupol was shelled and almost destroyed by the Russian forces, with all its rich cultural history.
    In the past, it was the ‘Continental’ hotel in Mariupol that belonged to the family of Tomaso, a local entrepreneur of Italian descent. The hotel was the most innovative and luxurious place in Mariupol in the early 20th century. Famous guests from all over the Russian Empire and Europe stayed in ‘Continental’.
    In 2010, the ‘Continental’ was converted to the Palace of Culture ‘Youth’ — the centre of youth movements and creative development. In 2019, a centre of contemporary art opened here under the historical name ‘Hotel Continental’.
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