Mês: Fevereiro 2022

É muito provável que a resposta de Bruxelas ao plano de reestruturação da SATA esteja na forja.

Não é possível, passado já um mês do novo ano, que uma companhia aérea aguarde tanto tempo por um decisão crucial para o seu futuro, quando já todas as outras estão a preparar as suas operações para a época Primavera-Verão.

Mas dos burocratas de Bruxelas espera-se de tudo, sobretudo quando estão confortavelmente nos seus gabinetes, alguns deles provavelmente sem saberem onde ficamos geograficamente.

O mesmo não se pode dizer dos governantes da República.

Nos últimos dias ficamos a saber que o governo de Lisboa não transfere para a SATA, desde 2015, as indemnizações compensatórias relativas à operação para os voos directos entre Lisboa e o Pico, Horta, Santa Maria, e Ponta Delgada-Funchal.

Também ficamos a saber que estes voos estão em risco porque a SATA vai ficar impedida, por Bruxelas, de fazer voos deficitários.

Ora, como estas ligações estavam a ser feitas desde 2015 sem qualquer indemnização compensatória, o que se traduz num prejuízo acumulado de 40 milhões de euros para a companhia açoriana, a alternativa é a República assumir o compromisso em falta ou eles acabam.

Dois ministérios vieram a público garantir que estes voos não estão em causa, mas não explicaram como.

E aqui é que está o problema.

É de desconfiar, sempre, da palavra de ministros, quando se trata de matéria das regiões autónomas.

Estamos bem vacinados com o caso da Universidade dos Açores, onde até houve fotografia do compromisso para a comunicação social, também em ano eleitoral, e até hoje a academia viu os milhões anunciados.

Nesta matéria de transportes a República tem um histórico recheado de propaganda.

Ainda estamos à espera da anunciada revisão do subsídio de mobilidade, o tal que, segundo o Primeiro-Ministro, é “absurdo” e “ruinoso”. Pior: ainda estamos à espera, há mais anos, do avião cargueiro prometido pelo ministro da ferrovia, que nunca conseguiu fazer um concurso atraente para as companhias de aviação.

Entretanto, nestes anos todos, fomos assistindo à falência da SATA, graças à ruinosa gestão das suas administrações e dos governos anteriores, com alguns negócios misteriosos como o escândalo do “cachalote”.

Deixaram a SATA numa lástima, antes e durante a pandemia.

Uma herança com custos pesadíssimos para todos nós, contribuintes açorianos.

Agora – sem qualquer período de nojo – o PS vem pedir contas sobre o agravamento das contas da companhia.

Ou seja, quem afundou a SATA, deixando-a numa situação miserável, quer saber porque é que ela se mantém no fundo!

Talvez a Comissão Europeia responda com a factura que vai enviar a todos nós.

Quando na política julgamos que já vimos tudo, há sempre mais um episódio para nos benzermos…

Desculpas

O que a Secretária Regional das Obras Públicas foi dizer aos deputados sobre o relatório do ataque informático ao HDES é grave.

O Bloco de Esquerda tem razão no meio desta trapalhada (mais uma), em que um documento é adulterado para enviar à comunicação social e outro diferente é entregue ao parlamento.

Isto diz muito da qualidade e seriedade da nossa administração regional.

Não é só ao BE que o governo deve um pedido de desculpas, é também à comunicação social, a quem tentaram enganar.

Obrigado Alexandre!

A substituição de Alexandre Pascoal à frente da administração do Teatro Micaelense é legítima, mas também diz muito da seriedade de um governo que proclamou, imediatamente a seguir a tomar posse, que não haveria perseguições políticas e que a meritocracia dos cargos seria respeitada.

Não está a acontecer em muitos departamentos públicos, onde há relatos de ameaças a quem não comunga das mesmas ideias do chefe.

Alexandre Pascoal fez um trabalho exemplar enquanto profissional, muito bem descrito pelo nosso colaborador Nuno Costa Santos neste jornal.

Não havia necessidade. Obrigado Alexandre!

(Osvaldo Cabral – Diário dos Açores de 06/02/2022)