NÃO ESTÁ FÁCIL VIAJAR PELA TAP
Como aqui registei na altura, em outubro do ano passado, a simples reserva dos lugares já fora toda uma odisseia.
Apesar de eu e minha mulher fazermos parte do clube de milhas da companhia, pagando regularmente as nossas mensalidades para depois podermos viajar – na realidade pagando adiantado os nossos bilhetes – fazer a reserva revelou-se então tarefa impossível.
Os números da companhia ou não respondiam ou quando chegavam a responder a ligação caía. No Rio de Janeiro, a situação tornou-se de tal modo difícil que passageiros descontentes chegaram a processar a TAP por perdas e danos.
O nosso caso era ainda mais complicado porque tínhamos de fazer coincidir as nossas reservas de lugares com o despacho no porão, no mesmo voo, dos nossos três gatos e o sistema de reservas não prevê esta eventualidade, pelo que, só falando com algum atendente, seria possível resolver a situação. Mas chegar à fala com alguém da companhia revelava-se impossível, dada a aparente entrega de toda a marcação ao sistema de computadores…
Estávamos num beco sem saída – a partir de Brasília, só a TAP tem voos diretos para Lisboa e com três gatos às costas, não tínhamos como viajar noutra companhia, a não ser que realizássemos uma viagem absurda via Paris, Madrid ou Marrocos…
Ao cabo de muito desespero e à beira de um ataque de nervos, um jeitinho à portuguesa e/ou à brasileira, finalmente salvou a situação: depois de um lancinante apelo público de ajuda da nossa parte, e na sequência de vários contactos cruzados, uma amiga de uma amiga de um amigo meu que trabalha na TAP teve a enorme gentileza de nos ligar para resolver a situação.
Assim, com ela, depois de muito sofrer, reservamos finalmente os nossos lugares para fevereiro e, no mesmo voo, os lugares para os gatos no porão. Pagamos tudo em dinheiro e passamos a dormir descansados. Pelo menos esse, dos muitos “dossiers” da nossa mudança para Portugal, estava finalmente resolvido, graça a Deus e… aos nossos amigos!
Eis se não quando, ontem, na sequência do tradicional email da companhia uma semana antes do voo, constatamos – alarmados! – que dos três lugares reservados e já pagos para os gatos, apenas dois estavam garantidos!
Toca a ligar para os números 800 da TAP, roendo as unhas e revivendo, durante horas e horas seguidas, toda a tensão, todos os nervos, todo o desespero de outubro!
De tão desesperados, chegamos até a alertar os nossos amigos de que talvez fosse necessário reeditar o “jeitinho” de há quatro meses atrás…
Felizmente, não! Depois de muito sofrimento, e sem que o sistema nos desse qualquer saída para o problema – um funcionário brasileiro da TAP mais paciente finalmente deu a volta ao sistema e já colocou o terceiro gato a bordo!
Não é aliás demais exaltar aqui todo o profissionalismo desses e dessas funcionários brasileiros, que, com a sua proverbial gentileza, colocam uma nota de amenidade numa relação com a TAP marcada pela tensão e pela desatenção para com os passageiros, dos quais o sistema parece apenas preocupado em extrair o máximo, dando o mínimo.
Louvado seja o Deus dos homens e dos animais!
Mas quantos nervos, quanta perda de tempo, quanta preocupação desnecessária para conseguirmos que a TAP finalmente reconhecesse o que já tínhamos reservado e pago em outubro!
A excessiva dependência de sistemas informáticos, a dispensa de funcionários e as dificuldades de comunicação humana tornam a marcação de lugares na TAP uma tarefa quase impossível.
Esperemos que daqui até sábado e na própria hora de embarcar não haja novas surpresas, porque, infelizmente, com a TAP, hoje, nunca se sabe… CF