Mês: Dezembro 2021

  • JUDEUS NA ILHA TERCEIRA

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    *** OS EXPULSOS E A TERCEIRA ***
    A 5 de dezembro de 1496, D. Manuel I publicava um édito, em Muge, próximo de Lisboa, para a expulsão da comunidade judaica de Portugal, porque pretendia casar-se com a Infanta D. Isabel de Espanha, filha dos Reis Católicos, e esta era a imposição para haver cerimónia matrimonial. Assim, a 22 de maio de 1501, os primeiros judeus expulsos de Portugal Continental aportavam aos Açores, pela Ilha Terceira, oferecidos como escravos a Vasco Anes Corte-Real, primogénito de João Vaz Corte-Real, que soube aproveitar as capacidades judaicas e integrá-los na sociedade.
    Em 1492, os judeus foram expulsos de Espanha pelos Reis Católicos, pois não quiserem converter-se ao catolicismo, a grande bandeira destes reis, que tinham conseguido conquistar Granada neste ano, e expulsar os muçulmanos do seu último reduto na Península Ibérica. Cerca de 60 000 judeus emigraram para Portugal, onde D. João II, O Príncipe Perfeito, abriu-lhes as portas, obrigando-os a pagar 8 cruzados por pessoa e concedendo-lhes, em troca, licença de trânsito por oito meses. Aqueles que não tinham este dinheiro viram os seus bens confiscados para a Coroa e foram-lhes também retirados os filhos menores. Estes foram posteriormente batizados e entregues à guarda de Álvaro de Caminha, que partiu com eles para o povoamento da ilha de São Tomé, onde a maioria não resistiu às condições do clima. D. João II queria, assim, forçar a fixação de operários especializados em Portugal.
    Com a morte de D. João II, sucedeu-lhe no trono o seu primo e cunhado D. Manuel I, que, embora fosse bastante tolerante com os Judeus, publicou, em 5 de dezembro de 1496, um édito, em Muge, próximo de Lisboa, para a expulsão de judeus de Portugal, para assim se puder casar com a Infanta D. Isabel de Espanha, filha dos Reis Católicos, que tinham imposto esta condição para haver enlace. D. Manuel I apercebeu-se que a saída dos judeus do País levaria, também, à fuga de capitais do Reino, pois a comunidade judaica era formada por um escol de mercadores, banqueiros, médicos, economistas, ourives, entre outras atividades. Era portanto gente endinheirada. D. Manuel ofereceu barcos para quem quisesse sair do Reino, o que foi feito por poucas famílias abastadas, mas o Rei rapidamente mudou de estratégia.
    Para D. Manuel I, a saída de tanta riqueza não podia acontecer, sobretudo num momento em que a aposta nos Descobrimentos era cada vez maior, e o capital judaico era muito necessário. Assim sendo, D. Manuel I decretou a conversão forçada de judeus, e até de muçulmanos, ao Cristianismo no prazo de dez meses. Nasceu, assim, o conceito de cristão-novo (os cristãos que já existiam passaram a ser os cristãos-velhos).
    Em 1499, os cristãos-novos foram proibidos de sair de Portugal, mas tinham acesso a cargos políticos, administrativos e eclesiásticos. Além disso, D. Manuel I deixou-os praticar a sua religião de forma secreta, tendo uma política de grande benevolência para com os antigos judeus. Contudo, a diferenciação entre cristãos-novos e velhos era muito grande e estes últimos, impuseram várias perseguições e até massacres, obrigando muitos dos cristãos-novos a sair do país. Estes sentiam-se portugueses de segunda.
    Em 22 de maio de 1501, aportaram à Terceira, vários náufragos cristãos-novos que fugiam à perseguição no Continente. Estes se encontravam numa caravela que se dirigia para África, levando um grande número de judeus. O mar bravio destruiu-lhes o barco e obrigou-os a pedir ajuda na Terceira, provavelmente através do atual Porto Judeu. Vasco Anes Corte-Real, o Capitão Donatário de Angra, avisou D. Manuel I do sucedido e o Rei ofereceu-lhe os judeus como escravos. Assim nasceu a primeira colónia judaica na Terceira e nos Açores.
    Vasco Anes Corte-Real rapidamente compreendeu as capacidades judaicas e o benefício que a Ilha podia receber com tal presença, assim os judeus foram bem acolhidos e tratados como iguais, longe do fanatismo que singrava a capital do Reino. A população cedo começou a entrar em contato com os rituais judaicos, que lhes eram permitidos praticar. Em 1558, a comunidade cristã-nova nos Açores já era grande e estes pagaram 150 000 cruzeiros à regente D. Catarina, avó de D. Sebastião, para prover as armadas da Índia. Em troca, D. Catarina prorrogou o adiamento da pena de confisco de bens aos cristãos-novos por dez anos, deixando-os envolver-se na vida do arquipélago.
    Em 1501, num momento de terror para os Judeus no Continente português, foram bem recebidos na Terceira, onde puderam implantar-se e formar as suas comunidades. Com o passar dos anos, as suas crenças misturaram-se com os costumes locais, fazendo da Terceira um bom exemplo da mistura de religiões, com características muito próprias.
    Num momento de crise, é bom olharmos para estes exemplos e percebermos a importância da tolerância e do apoio às minorias. É necessário respeitar os outros e não utilizar as desculpas dos problemas e da crise para desrespeitar a Liberdade e a individualidade de cada ser. Não devemos ser falsos hipócritas, fingindo ser o que não somos, devemos assumir a nossa personalidade com defeitos e virtudes e respeitar as diferenças.
    A Liberdade de cada um termina quando interfere na do outro…seja ele quem for.
    Texto de: Francisco Miguel Nogueira
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  • UM NATAL À AMERICANA

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    Congressman Massie tweeted this charming family pic two days after the school shooting in Michigan, in which parents of the 15-year-old murderer have been charged with involuntary manslaughter for buying him the gun and apparently otherwise supporting his bloodthirsty urges.
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  • MACAU NATAL EM TONS DE ROSA PINK XMAS

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    A árvore de Natal deste ano no Leal Senado é cor-de rosa. Novos tempos…
    Terá tido o patrocínio da Häagen-Dazs 雪糕?
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    Rui Rocha and 8 others
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    • Rui Rocha

      Tal como for fotografado HÁ cerca de 20 minutos 😊
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  • AÇORES REFORÇOS DE INVERNO PARA O GOVERNO

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    ç
    A vida de um treinador de futebol faz-se de resultados, do balanço entre vitórias e derrotas, da capacidade de motivar a equipa, de potenciar novos talentos e até de relançar talentos perdidos e com isso conquistar títulos e motivar os adeptos. Talvez por isso a política e o futebol andem tantas vezes de braço dado. Vejamos. Um Primeiro-ministro , tal como os treinadores, alimenta-se de vitórias, de resultados que satisfaçam os militantes e acalmem as vozes críticas; um Primeiro-ministro, tal como um treinador de futebol, tem que dominar a arte da planificação e ter visão estratégica. Na política, como no futebol, o horizonte é incerto e está em constante reavaliação.
    No futebol, os clubes vão ao mercado por alturas do Natal e Ano Novo em busca de reforços pontuais que ajudem a melhorar ou a reforçar o plantel, são os chamados reforços de inverno. Em política isso também acontece, não necessariamente no inverno, mas também os PM ou PGR vão “ao mercado” em busca de reforços para os seus governos. Ou porque há quem queira “rescindir o contrato” ou porque promessas iniciais falharam em cumprir o que delas se esperava. Não abundam Cristianos, Messis e Mbappés na política.
    Vem esta análise técnico-tática a propósito das notícias que dão como garantido estar o governo dos Açores a preparar uma ida ao mercado e a equacionar uma redução da equipa na tentativa de a tornar mais ágil e acutilante. De facto, quem segue a atividade governativa com alguma atenção já percebeu que há ali peças que não encaixam no esquema de jogo que José Manuel Bolieiro e os seus dois adjuntos imaginaram no início da época governativa, tal como já se percebeu que o clube da Coligação tem uma estrutura demasiado pesada e tecnocrata. Há que agilizar processos e dotar o governo de mentes capazes de introduzir pensamento estratégico e rendilhado político onde até agora imperam os chamados “carregadores de piano”.
    Bolieiro não gostou de ver plasmados na comunicação social os planos urdidos nos bastidores da governação. É natural, mas a verdade é que, até agora, a informação não foi desmentida, apenas adjetivada de especulativa com o enquadramento teórico de que é ao presidente do governo que cabe a responsabilidade de avaliar o desempenho dos seus secretários regionais e, em última instância, decidir se remodela ou não. La Palisse não diria melhor!
    Com a aprovação do Plano e Orçamento para 2022, o governo saiu reforçado e deixou o PS a lamber as feridas de 2020 que, aparentemente, ainda não sararam. Esta é a altura certa para remodelar, mais mês menos mês, e preparar o governo para enfrentar a nova, s.l., liderança socialista que, previsivelmente, virá com energia renovada e olhos postos na governação.
    E para completar a remodelação não basta mexer nos secretários regionais, importa olhar para algumas direções regionais que, tecnicamente não fazendo parte do governo, são um vetor importante na aplicação das políticas governativas e, neste elenco, já se percebeu que existem diretores regionais que não encaixam na visão de governo anunciada por José Manuel Bolieiro. Uma boa equipa de diretores regionais faz toda a diferença. Uma má equipa também.
    (Paulo Simões – Açoriano Oriental de 05/12/2021)
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  • MOÇAMBIQUE AGUALUSA DIZ QUE FOI VERGONHOSO NO AEROPORTO

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    …Já sofri muito em aeroportos. Já passei por algumas situações caóticas. Nada que se pareça com o que se passou ontem, sábado, à chegada do voo procedente de Maputo. Acho que nem nunca vi em toda a minha vida uma desorganização tão bem organizada. Em primeiro lugar os funcionários contratados para fazerem a triagem dos passageiros para o teste obrigatório (85 euros) eram poucos, mal treinados e muito mal informados. Embora estivesse nas primeiras filas demorei quase três horas até conseguir sair do aeroporto. Houve gritaria, tentativas de rebelião e até de fuga, que não resultaram, porque depois do teste nos colocaram pulseiras e quem não as tinha foi forçado a voltar para trás na polícia de fronteira (fecharam as cancelas automáticas). Enfim, um caos total e absoluto. Filas e mais filas. Famílias com crianças. Doentes. Tudo amontoado, num desrespeito total pelos direitos das pessoas e pelas regras básicas de distanciamento e higiene num contexto de pandemia. As bagagens empilhadas num canto e, já na saída, mais filas e mais polícias para controlar, uma última vez, quem tinha e não tinha testes. Uma vergonha!…
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    • Bussulo Dolivro

      Um cenário de terror, elegantemente perturbador. 🔥🤦🏾‍♂️ em 2022 voltaremos ao normal.
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        José Eduardo Agualusa

        Bussulo Dolivro meu caro, não tinha elegância nenhuma. Neste ponto em particular acho que as autoridades portuguesas deveriam ir a Luanda aprender como se organiza uma triagem para teste de covid em aeroportos. Luanda dá dez a zero.
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      • Horacio Moniz

        José Eduardo Agualusa totalmente de acordo, venham a Luanda apreender como se faz, sem sobressaltos, arrogância e com simpatia. Enquanto espera ainda ouve música de angola.
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      • Andreia Valente Urbain

        José Eduardo Agualusa é verdade! Em Luanda a testagem está muito bem organizada. É feita num hangar arejado, com distanciamento e num ambiente tranquilo. Demora no máximo uma hora.
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        • 16 m
      • Bussulo Dolivro

        José Eduardo AgualusaJosé Eduardo Agualusa os países na SADC não partilharam informações sobre o nível de letalidade do vírus, Ómicro, antes da Europa se alarmar e fechar o espaço aéreo! Luanda está sim, melhor organizada a esse nível. Os líderes afric…

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  • Na África, escravidão está longe de ser abolida – DW – 03/12/2021

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    Apesar de proibida, a escravidão por hereditariedade ainda é comum em alguns países africanos e outras partes do mundo. Queixas à Justiça são geralmente em vão. Situação é agravada pela pandemia e mudanças climáticas.

    Source: Na África, escravidão está longe de ser abolida – DW – 03/12/2021

  • UE QUER SANITIZAR O NATAL

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    A COMISSÃO EUROPEIA QUER BANIR O USO DA PALAVRA NATAL E OUTROS TERMOS CONSIDERADOS “OFENSIVOS” POR CULTURAS CONCORRENTES
    A Ideologia do politicamente correcto prega a Tolerância pelas outras Culturas e a Intolerância pela Cultura ocidental. Que tolerância é essa?
    Um documento interno da Comissão Europeia implementado pela Comissária para a Igualdade, Helena Dalli, pretendia agora a proibição do uso da palavra Natal e de outros nomes cristãos porque eram considerados “ofensivos” ou não suficientemente inclusivos…
    … O relatório recomendava que as referências ao Natal fossem eliminadas e que, em vez disso, fosse utilizado o termo “feriado” (1)…
    … As recomendações visavam “reflectir a diversidade” e lutar contra “estereótipos profundamente enraizados no comportamento individual e colectivo“ esquecendo, porém que, no interesse de defender a diversidade dos costumes dos muçulmanos (e para não ofender as suas sensibilidades), se nega aos europeus o direito à própria diversidade…
    … Tais intentos só interessam às elites empenhadas na construção do seu Olimpo e para o efeito procuram mover os representantes da cultura e o povo a se tornem cúmplices e alinhados ao pensamento politicamente correcto que pretende que a maioria, a nível de massas, abdique do que lhe é próprio ou característico! Deste modo fomentam o extremismo entre culturas alinhando-se também com os que pretendem a demolição dos símbolos da história….
    … Em nome da tolerância para com o Islão e de um materialismo mecanicista e funcionalista, é-se intolerante para com os costumes da própria cultura!…
    … Atendendo à resistência de alguns “Prometeus” do Olimpo, a comissária viu-se obrigada “a fazer uma inversão de marcha!…
    … quer-se é impor um poder central globalista e para tal nivelar tudo pela base e para tal criar o homem massa!…
    …“O homem massa assim produzido deve ser tratado como ele é: um bezerro, e deve ser vigiado como um rebanho…”
    … A tolerância e o respeito querem-se para todas as culturas e entre todas as culturas….
    … António CD Justo
    Notas em Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=6911
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    • Maria C. Mascarenhas

      Já me insurgi no meu mural contra essa Sra. Dalli, eurodeputada, que fez a proposta. Parece que vai reformulá-la, visto não ter tido aceitação. Reformulá-la? Retirá-la, é que deve ser! Esta história da cancel culture e da “linguagem inclusiva” já está …

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      • 11 h
    • João Costa Menezes

      Esta União é podre.
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    • Domingos Barradas

      Inadmissível, vergonhoso !!!…
      Essa Helena é abjecta e inqualificável.
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      • 4 h