Mês: Dezembro 2021

  • MACAU COM HISTÓRIA (mas sem alma)

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    Manuel Basílico e os Sítios com História. 🇲🇴
    O livro Sítios Com Histórias, em dois volumes, da autoria do professor Manuel Basílio e recentemente publicado pelo Instituto Internacional de Macau, arrisca-se, na minha opinião, a ser considerado o Livro do Ano no âmbito dos estudos dedicados à História de Macau.
    Do autor, e sob a chancela do mesmo editor, já conhecíamos outras obras, De Patane a Lilau. Pátios, Becos e Travessas de Macau e também Estórias, Tradições e Costumes em Torno de Pátios, Becos e Travessas de Macau, ambos de 2018;
    em 2019 surgiu, Da Avenida ao Tap Siac. Pátios, Becos e Travessas de Macau.
    É, pois, um trabalho estimulante e bem escrito, inovador em muitos aspectos e com um grande lastro de erudição.
    As fotografias actuais e antigas, assim como as obras de arte, de Fausto Sampaio, Chinnery, Smirnoff, entre outros, são auxiliares preciosos para contextualizar e para evidenciar as mudanças urbanísticas, por vezes boas, mas a maior parte das vezes sofríveis ou ruinosas e que tem descaracterizado a cidade ao longo do tempo.
    Macau perdeu a sua alma e sobre isso já Manuel da Silva Mendes escreveu páginas de elevada doutrina estética, que ainda hoje nos fazem meditar.
    Mas, o pormenor decisivo e absolutamente diferenciador está no facto de Manuel Basílio dominar a língua chinesa, falada e escrita. Desde Luís Gonzaga Gomes que não tínhamos portugueses realmente bilingues a estudar e a escrever a história de Macau.
    O padre Manuel Teixeira, emérito historiador, tinha um domínio precário da língua chinesa e fazia questão de agradecer publicamente, nos seus livros, a disponibilidade de tradução e de interpretação de Alfredo Augusto de Almeida, que é uma figura que não merece ser esquecida.
    E Manuel Basílio recupera a memória dos trabalhos desse português honrado:
    “Vale a pena aqui recordar que, em princípios dos anos setenta do século XX, no lado do baluarte sudeste, havia um pequeno museu arqueológico.
    Originalmente, esse museu estava instalado nas ruínas de S. Paulo, por detrás da fachada, que Alfredo Augusto de Almeida, com todo o carinho e dedicação, estava a organizar.
    Lamentavelmente, depois dos incidentes conhecidos por 12.3, em 1966, por motivos não conhecidos, o Leal Senado mandou retirar todas as peças que estavam ali expostas.
    Como havia peças muito pesadas, os carregadores resolveram parti-las em pedaços com o camartelo, a fim de facilitar o transporte.
    Apesar de muito angustiado, o paciente e incansável Alfredo de Almeida conseguiu reunir, mais tarde, grande parte das peças, umas partidas e outras ainda intactas, e foi levando as peças mais significativas à Fortaleza do Monte, a fim de ali reorganizar o museu.
    Juntou as peças partidas e embutiu-as na parede e as intactas ficaram ali expostas”.
    Manuel Basílio faz a pergunta incómoda e ainda sem resposta:
    “Passados tantos anos, é caso para perguntar, onde param aquelas peças arqueológicas e, sobretudo, as de maior valor histórico, que foram retiradas da Fortaleza do Monte?”.
    Manuel Basílio constrói uma história dialógica que parte de um sítio, normalmente uma rua, convocando outros saberes auxiliares e chamando-nos a atenção para a justaposição de narrativas que se verificam na toponímia e que, num futuro próximo, poderão contribuir para o inexorável apagamento de algumas parcelas da dimensão portuguesa da história de Macau.
    Por exemplo a Rua do Almirante Sérgio, na tradução chinesa quer dizer “Nova Rua à Beira do Rio” ou a rua dedicada ao governador Isidoro Guimarães é simplesmente a “Rua Nova à Beira Mar”.
    Mas com os novos aterros, esses arruamentos deixaram de estar marginais ao rio ou ao mar, criando ainda mais confusão.
    Assim, a vida, a obra e o legado político e administrativo desses governadores portugueses é, para a opinião pública, iletrada e continental, completamente inexistente.
    A versão chinesa de alguns topónimos portugueses também se revela problemática:
    “A Rua do Gamboa é designada, em chinês, pelo estranho nome ‘Yé Mó Kai’.
    Se alguém perguntar a um chinês ou a um residente daquela rua, qual o significado de ‘Yé Mó’, a resposta é, de imediato, ‘não sei’”.
    Eis outra situação deveras curiosa:
    “Tal como o nome ‘Rua das Mariazinhas’, pelo qual a Rua de S. Domingos era conhecida durante décadas até princípios do século XXI, esta rua, cujo topónimo em chinês é ‘Pán Cheong T’óng Kái’, era outrora, também conhecida por ‘Tai Pou Lám’, que significa ‘andar a passos largos’”.
    Nada disto será uma novidade, mas convém não esquecer.
    Manuel Basílio guia-nos por estas e por outras perplexidades linguísticas que também são parte integrante dos mistérios desta velha urbe, que fervilha de vida e de sítios com histórias.
    Poderemos perder todo este património por causa de um conflito de interpretações, de versões ou de traduções?
    Emergem desta narrativa personalidades com um recorte de vida muito interessante como sejam Vong Lôk [empresário e filantropo], António José da Costa [capitalista], Francisco Xavier Pereira [advogado e presidente do Leal Senado], Tong Lai Chun [grande comerciante], Vicente Pitter [médico e empresário], O Lon [médico e dirigente do partido comunista chinês], Cam Pau Sai [chefe de uma esquadrilha de piratas], ou Miguel Ayres da Silva [abastado comerciante], todos eles com uma grande influência na vida do Território.
    O Ouvidor Miguel de Arriaga, uma figura muito controversa, também ele não ficou esquecido.
    A origem do nome de Macau [Amagao, Amacao, Amaquão, Machoao, Machao, Amacon, etc.] mereceu a Manuel Basílio alguma investigação minuciosa:
    “Dado que os portugueses não estavam habituados a ouvir sons de tais dialectos e, presentemente, nem se sabe qual o dialecto usado pelos chineses com quem os antigos portugueses lidaram, nos primeiros contactos, por isso, cada um registava ou transliterava os nomes chineses como bem entendia ou interpretava, resultando, deste modo, uma significativa variação no registo dos referidos nomes para designar o porto de Macau”.
    Mas continua a ser um trabalho aberto e em curso.
    Todas estas gloriosas miudezas são deveras importantes porque como dizia Garcia de Resende no “Cancioneiro Geral”, “a natural condição dos Portugueses é nunca escreverem cousas que façam, sendo dignas de grande memória, muitos e mui grandes feitos de guerra, paz e virtudes, de ciência, manhas e gentileza são esquecidos”.
    Pelos vistos, não temos emenda.
    Para quem gosta de Macau e aprecia a sua história, encontra aqui um elogio da razão pedagógica e cultural que acolhe uma atitude intelectual disposta a abrir outros caminhos de problematização.
    Esperamos, pois, pelo terceiro volume.
    António Aresta.
    Jornal Tribuna de Macau, 10 de Dezembro de 2021.
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  • FURNAS 1955

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    May be an image of ‎2 people, outdoors and ‎text that says "‎س1 S. MIGUEL-AÇORES-Um trecho da Lagoa das Furnas FOTO NOBREGA‎"‎‎
    Memórias do Vale
    Registo da nossa Lagoa das Furnas em 1955.
    Edição postal Nobrega
    Retirado da página História dos Açores nesta rede social.
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  • HÁ 22 ANOS ACIDENTE AVIAÇÃO DE SÃO JORGE

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    E LÁ PERDI UM JOVEM PRIMO, FRANCISCO FURTADO-LIMA CORDEIRO

    Faz hoje vinte e dois anos que às 9h20 minutos um ATP da SATA que fazia a ligação entre as ilhas de S.Miguel e das Flores,com escala prevista na do Faial, colidiu com o Pico da Esperança em S.Jorge vitimando todos os passageiros e tripulação, num total de 35 pessoas.
    Um dia terrível para os açorianos, em especial para os florentinos, uma vez que a maior parte das vítimas eram daquela ilha.
    Luís Botelho and 24 others
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    • Rolando Pereira Medeiros

      Uma tragédia para todo o país, em especial para os açorianos. Foi um dia de muita tristeza para todos nós. Muita força para os que perderam os seus ente queridos e que todos Descansem em PAZ
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    • Joao Jorge

      E sempre um momento marcante de grande tristeza !
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    • Fernando Pavao

      Adoro o Pico da Esperança, quando visito a ilha vou todos os dias lá, é a paisagem que me cativa, quando olho para as cruzes, que marcam esta tragédia, recordando a memória dessas pessoas, o silêncio é brutal, rezo sempre!
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    • Graça Saúde

      Bom dia!!! 🍀
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    • Paulo Gilberto Castro

      Lembro-me muito bem. Foi dramático. Pessoas conhecidas, amigos e até familiares estavam lá. Deixou marcas.
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      • 22 m
    • Manuel João Coelho

      Lembro-me bem, ouvi as primeiras informações através da Antena 1, foi um choque terrível.
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  • PRENDERAM UM LADRÃO FUGITIVO QUE ABANDONOU A MULHER

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    O ex-banqueiro João Rendeiro foi detido esta manhã, aparentemente na África do Sul informou a Polícia Judiciária (PJ) que dará mais esclarecimentos numa conferência de imprensa
    O ex-dono do BPP estava em fuga desde setembro, depois de ter sido condenado por crimes como fraude fiscal qualificada, abuso de confiança qualificado e branqueamento de capitais.
    Recusou sempre revelar onde se encontrava, e dizia que só voltaria a Portugal se fosse ilibado “ou com um indulto” de Marcelo Rebelo de Sousa.
    Resta ver o como foi preso

    Liberta a expressão

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  • PARABÉNS maria joao machado ruivo amaral sousa franco

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    A NOSSA ASSOCIADA maria joao machado ruivo amaral sousa franco nº 129-2016 FAZ HOJE ANOS E ENDEREÇO EM MEU NOME E NO DE TODOS O NOSSO ENORME ABRAÇO,

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  • MACAU TUNEL DE KA HO – COLOANE – INAUGURADO

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    Ká-Hó tunnel officially inaugurated. 🇲🇴
    The Ká-Hó tunnel has officially opened for traffic today (Friday), in a project expected to improve the road network in the Cotai and Coloane area, the Transport Bureau (DSAT) indicated.
    The two-way four-lane traffic will have a maximum speed limit of 50 km/h, with, pedestrians, bicycles, vehicles with a height of more than 5 meters, and vehicles transporting flammable, explosive or any dangerous materials not allowed access.
    According to DSAT, the new access will save about 10 minutes in travel time and greatly shorten the distance between Cotai and the east side of Coloane.
    The tunnel construction was divided into three sections, namely, the Southern Exterior Section, the Tunnel Section, and the Northern Connection.
    The last phase of the project, the northern connection route of the Ká-Hó tunnel was awarded to Companhia de Construção Cheong Kong Limitada for MOP175.1 million (US$21.8 million) and was scheduled to be completed in 2022, with the Infrastructure Development Office (GDI) stating the project was completed three months ahead of schedule.
    The main section of the Ka-Ho tunnel has been completed on November 29, 2019 with a MOP254.1 million contract was awarded to a consortium composed by China Gezhouba Group No.2 Engineering Co. Ltd. / Zhu Kuan – Fomento Imobiliário, Limitada.
    Upon completion, the tunnel will facilitate the access by residents from Ka-Ho village and vehicles driving towards the Ka-Ho Port Container Terminal so that they will no longer need to circulate along the Ka-Ho Dam Road, Our Lady of Ká Hó, Rua Altinho de Ka-Ho or Estrada do Istmo, directly connecting the area with Cotai east and reducing the driving time by about 15 minutes and the traffic load on these roads.
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