Mês: Novembro 2021

  • ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS

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    Alice no País das Maravilhas, o enorme e brilhantemente enigmático conto de Lewis Carrol, é um dos mais fantásticos e inventivos sacos de metáforas da história da literatura mundial. Tido por muitos como um dos grandes exemplos do simbolismo, fruto da sua complexidade, ou densidade, interpretativa, o romance trata as vicissitudes de uma jovem rapariga pre-adolescente mergulhada no intenso conservadorismo da sociedade vitoriana. As personagens de Alice, que não de propósito habitam um mundo eminentemente onírico, são uma espécie de arquétipos fundacionais da odisseia individual pelo oceano do crescimento, desde a infância, à adolescência e à idade adulta. Uma espécie de livro de auto-ajuda passado num circo, para usar uma imagem mais compreensível ao nihilismo actual.
    Uma das mais interessantes personagens secundárias de Alice é Humpty Dumpty, um ovo antropomórfico, sentado num muro, com quem Alice tem uma longa e desconcertante conversa, sendo que Humpty Dumpty é visto pelos estudiosos como uma representação da intelectualidade vitoriana, pomposo, redondo e absolutamente vazio. “Humpty Dumpty num muro se sentou, Humpty Dumpty do muro tombou. Nem todos os homens e cavalos do rei, conseguiram juntar Humpty Dumpty outra vez”.
    Ora, para a leitura que aqui me interessa Humpty Dumpty é a metáfora perfeita para José Manuel Bolieiro e o seu governo e, ontem, ouvindo André Ventura, não conseguia deixar de me lembrar desse ovo, inexpressivo e sorridente, balançando periclitante sobre o beiral de um muro numa hesitante e inquietante dança entre o equilíbrio e a mais que inevitável destruição. Se juntarmos a isto a verborreia verbal e a incongruência narrativa e José Manuel Bolieiro é um Humpty Dumpty chapado.
    Desde as eleições de Outubro que todos sabíamos que esta coligação estava fadada ao fracasso, embora, nem os mais pessimistas entre nós pudessem imaginar o quão retumbantemente mau seria, como é, este governo, coberto, como está, por um manto de incompetência, amadorismo e, o pior de tudo, oportunismo, boçalidade e ressabiamento anti-socialista. Não só o casamento contra-natura de Arturito, Boli e Estevão, tripla de Salteadores da Arca do Poder, era não sacramentável, como a sua base de sustentação parlamentar, apoiado em duas andas bambas, qual equilibrista de circo de quinta categoria, não lhe previa qualquer espécie de futuro e ou longevidade. Tanto assim é que por bruxedo essas andas se transformaram num pé de galinha tripartido com a defenestração do Sr Furtado do Chega! A verdade é que se não cair agora este governo mais tarde ou mais cedo cairá e, como Humpty Dumpty, nem todos os homens e cavalos do rei o conseguirão juntar outra vez…
    No entanto, esta mais recente crise traz-nos a outra perplexidade – para que servem verdadeiramente os partidos políticos? Os românticos, como eu, dirão que os partidos servem para colocar em confronto e à escolha dos eleitores visões ideológicas distintas sobre a gestão da coisa pública, devendo, num mundo perfeito, alternar entre si, em períodos de tempo predefinidos, as responsabilidades da governação. Os cinicos, que são muitos e provavelmente a facção dominante, dir-vos-ão que os partidos só servem para ganhar eleições e repartir entre si os despojos da governança. Em boa verdade é difícil não alinhar com os cinicos quando se olha para a política portuguesa actual…
    Mas, aparte isto, as atenções mediáticas viram-se agora para o pitusco Jose Pacheco e os seus quinze minutos de fama nacional. Desde as tardias horas de ontem até a alva madrugada de sexta-feira os doutos júris consultos do comentário politico e os mangas de alpaca do aparelhismo partidário aguardarão, não sem arfante ansiedade, que Pacheco dite, no seu politiquês técnico habitual, o futuro da carripana governativa regional.
    E, verdade seja dita, a realidade é que a política e os partidos tornaram-se hoje única e exclusivamente nisto, por mais românticos ou cinicos que neles militem, num salto pela toca do coelho para um pesadelo opressivo e irrespirável de irresponsabilidade, egocentrismo e taticismo eleitoral.
    Enquanto isso, o povo, na sua quietude bucólica suspira, tímido e desesperante, um quase inaudível “deixem-nos trabalhar” …
    Aditamento: ao contrário do que muita gente possa pensar e do que eu próprio, de certa maneira, deixo subentendido neste post o elemento fulcral do xadrez político regional neste momento não é Ventura, ou Pacheco, ou o pobre do Sr Furtado, mas continua ainda e sempre a ser o meu amigo Nuno Barata e a Iniciativa Liberal. A questão fundamental a que o Nuno Barata Almeida Sousa vai ter que colocar a si mesmo é se o seu eleitorado é apenas um conjunto de desanimados da direita tradicional, descontentes do CDS e do velho PPD, um pouco até à sua imagem, ou antes já um novo eleitorado, de matriz geracional substancialmente diferente composto por jovens que não compreendem, nem querem compreender, o sistema político partidário tradicional e que buscam na política respostas e soluções para os seus anseios e ambições, representados no jovem Parreira da Terceira, não já um neo-liberalismo, que esse termo está gasto e conspurcado pela agonia capitalista, mas um novo-liberalismo económico e social, de terceira via, que numa lógica de respeito pelo próximo permita a cada um fazer o que lhe apetecer e melhor conseguir pela sua vida e pelo seu futuro. É a isto que Barata e Cotrim vão ter que responder, porque como diz o povo diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és e se neste momento não é mais penalizador estar a servir de muleta de uma coligação de incapazes, do que arriscar e correr o risco de deixar o PS ganhar eleições outra vez. É das respostas a estas questões que vai sair o nosso futuro próximo…
    Tomás Quental, Ricardo Branco Cepeda and 12 others
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  • SEM PALAVRAS NÃO HÁ PENSAMENTO

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    SEM PALAVRAS NÃO HÁ PENSAMENTO
    May be an image of one or more people and book
    “The progressive disappearance of time (subjective, simple past, imperfect, composite forms of the future, participates in the past… ) gives birth to a thought of the present, limited to the moment, unable to projections into time.
    The generalization of tutoring, the disappearance of capitals and punctuation are both deadly blows to the subtlety of expression.
    Deleting the word “miss” is not only giving up the aesthetics of a word, but also promoting the idea that there is nothing between a little girl and a woman.
    Less words and less verbs combined are less ability to express emotions and less ability to form a thought.
    Studies have shown that some of the violence in the public and private spheres comes directly from the inability to put into words about emotions.
    Without words to build reasoning, the complex thought expensive to Edgar Morin is obstructed, made impossible.
    The poorer the language, the less the thought exists.
    History is rich in examples and the writings are many from Georges Orwell in 1984 at Ray Bradbury in Fahrenheit 451 who narrated how dictatorships of all obedience disrupted thought by reducing and twisting the number and meaning of the d it’s words.
    There is no critical thinking without thinking. And there are no thoughts without words.
    How to build a hypothetico-deductive thought without mastering the conditional? How to plan the future without conjugation to the future? How to perceive a temporary, a succession of elements in time, past or future, and their relative duration, without a language that distinguishes between what could have been, what was, what is, what can be t future, and what’s next what could come has happened? If a rally cry was to be heard today, it would be it, addressed to parents and teachers: let your children, your students, your students, and write.
    Teach and practice the language in its most diverse forms, even if it seems complicated, especially if it is complicated. Because in that effort lies freedom. Those who explain over time that the spelling must be simplified, purge the language of its “flaws”, abolish genres, times, nuances, everything that creates complexity are the traps of the human mind. There is no freedom without requirements. There is no beauty without the thought of beauty.”
    Christophe Clave
    Thanks to Lionel Laval for the lighting.

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    Ana Maria (Nini) Botelho Neves and 59 others
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    • Lucila Meira

      Eu acho que ando a dizer-te isto tudo aqui há muito tempo. Leitura, pesquisa da língua e da Literatura, pensamento crítico e livre. Pensamento renovado de acordo com o tempo. Linguagem oral para troca de ideias e correcção do pensamento, ou reajustamen…

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  • PROJETO PARA RABO DE PEIXE

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    Praia de Santana
    Será mesmo que é para cumprir?
    REQUALIFICAÇÃO DA PRAIA DE SANTANA
    Apresentamos a proposta de Requalificação da Praia de Santana, que tem como objetivo servir os rabopeixenses e criar um pont…

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    Sonia Nicolau and 3 others
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    • Filipe Tavares

      Uma praia que ora tem areia ora está em pedra. Estando mais vezes em pedra. Da última intervenção resta pouco e foi tudo vandalizado. Há lugares que mais vale deixar no estado bruto. Este é um desses lugares. Abraço
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  • DEZº 1974 BALI KUTA BEACH

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    No photo description available.

  • Vulcão Aogashima no Japão…🇯🇵🇯🇵🇯🇵

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    May be an image of ocean and nature

  • mentiras do capitalismo

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    Justa reflexão !
    Basta de papões e mamões e há que lutar
    May be an image of text
    O coxo, o mentiroso e os lusos salários! “Em 2020, o vencimento ilíquido padrão na administração pública situou-se nos 1748 euros, enquanto a remuneração bruta mensal no sector privado se ficava pelos 1314 euros. Esta diferença justifica-se, em parte, pelo grau superior de habilitações médias e de antiguidade nas funções de quem trabalha para o Estado. Mas a disparidade é tão notória que dificilmente se justifica só por isto.” Eis como cai por terra que o capitalismo privado é que é bom! Além da instabilidade no emprego do brutal peso dos contratos a termo e do trabalho informal em Portugal e sobretudo das “empresas em nome individual” que faz de Portugal um país com 10 milhões de cidadãos mas com mais de um milhão de empresas um escândalo social e sobretudo Moral! Temos por cá até uma ACEGE uma associação de “empresários católicos” uma opusdei etc mas na verdade são estes vaticanistas que dominam a dita Concertação Social e o governo via o vieiradasilvismo não para gerar distribuição da riqueza mas sim para gerar concentração da riqueza com o público a pagar 33% acima do privado o incomum na UE! E na verdade a política salarial do Estado para a economia está a gerar o escândalo de termos 1/4 dos trabalhadoresa auferirem em Portugal o salário mínimo nacional! É neste contexto que está a razão e séria do protesto do PCP e do BE protesto que merece o meu acordo ao tempo pois levou-me a abandonar o PS quando constatei que o vieiradasilvismo mantinha o escandaloso e imoral bloqueamento da negociação coletiva de trabalho em Portugal! É uma atitude anti cristã este bloquear da negociação coletiva de trabalho não é somente uma atitude reacionária e não pode continuar! Eis porque acaba por ser mais fácil apanhar um mentiroso que um coxo e porque só se pode dizer que esta economia sustentada não só no baixos salários mas na arrogância em teimar mantê-los é cristãmente gravemente pecaminosa!
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    • Mateus Serra

      É a mais valia que absorvem dos trabalhadores, que lhe faz obter esses lucros. É preciso valorizar o trabalho, para haver mais justiça social.
  • Construção tem 70 mil trabalhadores em falta. Hotelaria pondera contratar mão de obra na CPLP

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    A falta de mão de obra já está a ser apontada ″como o principal constrangimento″ em vários setores. A Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário refere que estão em falta 70 mil trabalhadores. Na hotelaria e na restauração, a solução pode passar por ″ir buscar″ pessoas à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

    Source: Construção tem 70 mil trabalhadores em falta. Hotelaria pondera contratar mão de obra na CPLP

  • PATRIMÓNIO FAIAL

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    Igreja do Carmo na Cidade da Horta
    O TEMPO PASSA E CRESCE A ANGÚSTIA DE ALGUNS PROJETOS SEM FIM À VISTA!
    Foi em 2008 que aceitei o grande desafio de presidir a uma comissão, formada por D. António de Sousa Braga, para a reorganização e gestão do Património do Carmo e Museu de Arte Sacra.
    A Igreja de Nossa Senhora do Carmo, na cidade da Horta, foi o primeiro templo carmelita a ser construído, a nível nacional, fora de Portugal continental e serviu como um convento de ligação intercontinental dos Carmelitas entre a Europa e a América.
    Esta majestosa igreja começou a ser edificada em 1698, ficando concluída apenas no século seguinte, e marca de forma imponente a cidade da Horta. Para além de apresentar uma grandiosa fachada em estilo barroco, foi, juntamente com o Convento do Carmo que lhe está anexo, construída em local sobranceiro à cidade, permitindo ser facilmente observada por quem chega ao Faial por via marítima.
    Sem sofrer obras de manutenção adequadas ao longo do tempo, a degradação daquele templo foi-se acentuando e agravou-se com o sismo de 1998 que abalou, especialmente, as ilhas do Faial e do Pico.
    Em agosto de 1998, foi reaberto o concurso para a execução da obra de «consolidação e restauro» daquela igreja, um processo de recuperação que se previa longo. Porém, as obras foram suspensas pela Ordem Terceira do Carmo, em setembro de 2001, por tempo indeterminado, por falta de financiamento.
    Dada a grandeza, complexidade e estado elevado de degradação em que se encontrava este edifício e o seu acervo, houve a necessidade de criar um plano de intervenção a longo prazo que pudesse reorganizar e recuperar este imenso e rico património.
    A grande prioridade deste grupo de trabalho foi fazer um ponto da situação das obras que tinham sido lamentavelmente interrompidas pela Ordem Terceira do Carmo em 2001. Para tal não tivemos acesso ao projeto nem a qualquer tipo de documentação que nos esclarecesse das causas que levaram à interrupção das obras. Contudo, teríamos de agir rapidamente pois era urgente salvaguardarmos as imagens, paramentos e outras alfaias que estavam em vias de se perder devido ao alto estado às infiltrações e degradação do pré-fabricado que acondicionava parte do acervo da Igreja do Carmo.
    Com base num inventário cedido amavelmente pelo Museu da Horta começámos este árduo trabalho. Com a ajuda de alguns voluntários e com a colaboração do Governo Regional dos Acores, parte deste acervo foi retirado do pré-fabricado, transportando e acondicionado na Matriz da Horta e na Igreja do Carmo. Apesar da Igreja do Carmo necessitar de intervenções profundas para sanar as muitas infiltrações existentes no edifício, encontraram-se alguns espaços onde foi possível guardar este extenso património.
    Em 2012, a Ordem Terceira do Carmo e o Governo Regional dos Açores, suportaram financeiramente as obras no valor aproximado de cem mil euros para sanar as muitas infiltrações detetadas na Igreja do Carmo.
    Nos anos consequentes, surgiram muitas indefinições quanto ao futuro e função desta igreja e apesar de todas as propostas, soluções e promessas, nada se concretizou para avançarmos com as obras, mesmo que de uma forma faseada.
    Passados cerca de três anos, foram tomadas decisões decisivas e importantes. Da parte da Ordem Terceira do Carmo não havia cabida financeira para assumir as obras de reabilitação e conclusão da igreja e também por não haver um compromisso que fosse claro e efetivo por parte do Governo Regional para assumir tal financiamento. Contudo, há que ter em conta que o Governo Regional tinha assumido a derrapagem financeira aquando a interrupção das obras por falta de financiamento por parte do dono da obra (Ordem terceira do Carmo). Entre esta derradeira situação e a necessidade imperiosa de fazermos alguma coisa por este vasto e rico património. Graças à generosidade de alguns voluntários e da comunidade local, foi possível por mãos à obra e começar a trabalhar pela reabilitação desta Igreja muito queria aos faialenses e a todos os carmelitas. Em consequência da venda de um prédio/habitação degradado da Ordem Terceira do Carmo, avançou-se para a recuperação da Capela dos Terceiros, zonas anexas e Consistório da Igreja do Carmo. Foi um investimento na ordem dos cinquenta mil euros, suportados inteiramente pela Ordem Terceira do Carmo. Tudo foi feito por administração direta e através de pequenos orçamentos contratualizados diretamente com os trabalhadores.
    Assim, foram criadas as condições para retomar o culto na Capela dos Terceiros e aquele espaço, em tempos abandonado, começou a ganhar uma nova vida. Seria injusto da minha parte se não fizesse referência ao esforço e à comparticipação financeira que a Câmara Municipal da Horta realizou em todas estas iniciativas que permitiram revalorizar aquela zona da cidade.
    Foi a vontade e o espírito de fazer mais e melhor por esta causa que em 2017 decidimos dar mais um passo e avançar para a reabertura da Igreja, fechada desde 1996.
    Para quem conhecia o cenário dantesco com que nos deparávamos no interior deste templo, sabe bem valorizar o muito que se fez para reabrir esta igreja. Desde os pavimentos no corpo principal do edifício, capela-mor e cripta, teto do alto coro, portas, janelas, limpeza e recuperação da cantaria interior e pórtico exterior, pinturas, eletricidade, bancada, cadeiral da capela-mor, guarda-vento, som, altar, ambão, etc…muito se fez para além daquilo que estava programado e orçamentado. Reunindo esforços e criando algumas sinergias locais, como a Câmara Municipal da Horta, Junta de Freguesia da Matriz, empresas locais e alguns mecenas generosos, foi possível realizarmos a obra e reabrir a Igreja do Carmo no dia 29 de julho de 2018. Foi um dia feliz e inesquecível para a nossa Ilha e para todos aqueles que empreenderam esta empreitada.
    Constituído e nomeado o Conselho para os Assuntos Económicos da Igreja do Carmo, foram realizados vários estudos e orçamentos para o restauro dos altares, estabelecendo as prioridades de ação e intervenção.
    Depois de concluídos os orçamentos e realizada a candidatura para a Direção Regional da Cultura, foi-nos comunicado quase um ano depois, que não havia enquadramento legal para apoiar a Igreja do Carmo no restauro dos seus altares.
    Com vista a uma solução que pudesse prever financiamento legal para intervir nesta igreja, foi em boa hora que o grupo parlamentar do PSD sugeriu avançar-se para a proposta de classificação da Igreja do Carmo como monumento de interesse regional.
    Atendendo à importância que têm para as nossas sociedades as questões patrimoniais, a ausência de uma classificação deste grandioso monumento, parecia ser um sinal de um certo desconhecimento da importância história e patrimonial da Igreja do Carmo no contexto dos monumentos religiosos existes nos Açores.
    Numa conferência e mais tarde num livro intitulado “A Igreja do Carmo- Um Património a redescobrir” tive a oportunidade de chamar a atenção para a necessidade da classificação deste monumento:
    “Atendendo que esta foi a primeira Igreja Carmelita a ser fundada fora do território nacional, atendendo ser considerada como uma das maiores, senão a maior Igreja dedicada a Nossa Senhora do Carmo em Portugal, atendendo que foi considerada como um convento intercontinental dos carmelitas, plataforma entre a Europa e a América, atendendo ao seu percurso histórico, atendendo ao seu rico acervo patrimonial, atendendo ao facto desta igreja ser muito procurada por visitantes do continente português e do estrangeiro por conter o maior arco abatido, não suportado de Portugal, nada justifica que até ao momento este monumento não tenha sido classificado. A julgar pelas classificações de interesse regional que são feitas hodiernamente, parece-nos no mínimo estranho que isto não tenha acontecido até ao momento.”
    Apresentada esta possibilidade, estava aberto um caminho de esperança para retomarmos este processo, pois a partir da classificação, poderíamos realizar uma candidatura que tivesse finalmente um enquadramento legal de apoio.
    Depois da classificação, surgiu o problema de registar a Igreja, pois a legislação dizia que um edifício em vias de classificação não pode ser registado. Foi então que o processo sofreu mais um revés. Felizmente, tudo foi superado e atualmente estamos à espera que o edifício seja classificado para avançarmos com as candidaturas para a Direção Regional da Cultura.
    É urgente avançarmos! É importante para o conhecimento público, que desde 2008 até aos nossos dias, já assisti à triste derrocada do Altar do Senhor dos Aflitos e neste momento está em perigo de ruir o Altar de São Francisco de Paula. Infelizmente, se não for através de um apoio por via de uma candidatura ou outro género de comparticipação, será impossível resgatar este rico património.
    Em julho de 2020 fui nomeado Diretor do Museu de Arte Sacra da Horta e encarregue de proceder à realização dos estatutos e instalação do Museu de Arte Sacra da Horta na Igreja do Carmo. Este museu passou a ser constituído por um rico acervo patrimonial da Diocese de Angra e das suas paróquias, das Ordens Terceiras do Carmo e São Francisco e da Matriz do Santíssimo Salvador da Horta. Para a instalação do Museu de Arte Sacra na Igreja do Carmo houve a necessidade de fazermos obras em salas anexas à Igreja procedermos ao ponto de situação do acervo patrimonial dos vários espólios do antigo Museu de Arte Sacra e Etnografia religiosa que teve como seu fundador e grande impulsionador o Monsenhor Júlio da Rosa. Algum do espólio que passou a fazer parte das várias exposições visitáveis estava em depósito no Museu da Horta desde o Sismo de 1998. Assim, houve necessidade que de procedermos ao levantamento parcial das peças que estavam em depósito no Museu da Horta.
    Juntamente a uma dimensão artística, histórica e cultural que importa realçar, o novo e recém Museu de Arte Sacra da Horta sediado na Igreja do Carmo, passou a ter uma função pastoral que o diferencia das demais tipologias de museus e sobre a qual gravitam as tradicionais funções museológicas. As funções de estudo e investigação, incorporação, inventário e documentação, conservação são cruciais no trabalho futuro a desenvolver por esta instituição.
    Para que o Museu de Arte Sacra fosse instalado na Igreja do Carmo foi realizado um grande investimento que contou com a participação financeira da Câmara Municipal da Horta, Ordem Terceira do Carmo e um mecenas anónimo.
    Ultimamente, fruto de uma visita à Igreja do Carmo e Museu de Arte Sacra, o Senhor Presidente do Governo dos Açores comprometeu-se em ajudar financeiramente em algumas despesas realizadas aquando a instalação do Museu de Arte Sacra e também colocou a hipótese da realização de um protocolo anual que possa contribui com despesas ordinárias para manter aberta esta instituição cultural que constitui uma mais valia cultural para o Faial e para os Açores.
    O Reitor da Igreja do Carmo
    Pe. Marco Luciano da Rosa Carvalho
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  • TOYOTA A HIDROGÉNIO

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    TODOS IRÃO DAR AO HIDROGÉNIO
    Agora já as marcas de viaturas, aviões e navios começam a concluir que o petróleo arrasa o planeta e que o hidrogénio é a energia do futuro. Que desgosto sinto em não ter na nossa companhia um dos melhores engenheiros que conheci, o saudoso Jorge Cabal, para ver que o que ele defendia na década de 1960 e que já está a ser posto em prática. Até que enfim…
    May be an image of text that says "JE o Jornal Económico EMPRESAS SUSTENTABILIDADE Toyota adia transição para veículos elétricos e reforça aposta no hidrogénio"
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