Mês: Novembro 2021

  • EUGÉNIO LISBOA E SARAMAGO

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    PARTILHO CONVOSCO a posição do meu amigo Eugénio Lisboa sobre o PRÉMIO NOBEL (num e-mail que me autoriza a citar) não especialmente para discutir se o Saramago foi ou não foi digno dele mas para ficarem a saber tudo o que ele nos conta sobre esse prémio. Como com todos os seus textos, saímos mais cultos da sua leitura! A sua suculenta erudição regala-me, enquanto as perorações dos vulgares eruditos me enfastiam e delas desisto às primeiras. Vá, aprendam – que eu também aprendi!
    “Vou agora ver se escrevo mais um texto que me vai criar inimigos novos e acirrar o ódio daqueles que já tenho. Mas faz-me uma grande aflição o provincianismo e a menoridade mental do nosso mundo cultural, parvamente embevecido com “o nosso único Nobel”, como se ele fosse o maior de todos, lá por que um grupo de dezoito suecos, nenhum dos quais lê português, decidiu dar-lhe um prémio que vale um número chorudo de coroas suecas. Um Prémio que, por acaso, deixou de fora a grande maioria dos grandes escritores do século XX (premiou alguns, mas não muitos) e galardoou uma maioria de escritores menores, que estão hoje esquecidos. Quando, em 1998, passei por Helsínquia, fui, por curiosidade, a várias livrarias e perguntei se tinham alguma obra do Nobel deles, de Literatura (1939), Frans Eemil Silanpää. Não sabiam quem era. Eu até lera, na minha adolescência, dois romances desse autor. Premiar isso e deixar de fora Tolstoi, Ibsen, Henry James, Joseph Conrad, Arthur Miller, Tennessee Williams, Proust, Claudel, Jorge Luis Borges, Ortega y Gasset, Unamuno, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Lorca, Valéry, Jean Anouilh, Marcel Aymé, Saint-Éxupéry, Rilke, Mark Twain,, Virginia Woolf, Aldous Huxley, George Orwell, Robert Frost, John dos Passos, Edward Albee, Graham Greene, Strindberg, Zola, Phillip Roth, Aquilino, Torga, Régio, Ferreira de Castro, Herberto Hélder (e deixo de fora outros tantos), cometer erros desta dimensão deixa-nos pensativos, melhor, francamente perplexos, quanto às razões por que o Prémio Nobel de Literatura desfruta ainda do prestígio de que desfruta. Percebo que se cobice as coroas suecas, agora acreditar que o prémio garanta imortalidade ou mesmo um lugar respeitável no cânone literário, só por ignorância ou parolice. Mas, enfim, o nosso meio cultural é o que é e não me parece que haja muito que se possa fazer. Quando a própria universidade embarca com tanto apetite neste cortejo pimba, sem fazer o mínimo esforço de avaliação adulta e um Presidente da República vai a correr assistir à coroação do “nosso único Nobel” (coisa nunca vista até então, nem depois disso!), apetece mesmo ir para Vale de Lobos fazer azeite!
    Ana Maria (Nini) Botelho Neves and 15 others
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  • MORREU UM POETA

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    Faleceu o poeta ANTÓNIO OSÓRIO (1933-2021)
    Era associado do PEN. Apresentamos condolências à sua família.
    Principais Obras:
    A Raiz Afectuosa (1972)
    A Ignorância da Morte (1978)
    O lugar do Amor (1981)
    Décima Aurora (1982)
    Adão, Eva e o mais (1983), com ilustração de Manuel Cargaleiro
    Planetário e Zoo dos Homens (1990)
    Inquirição=Enquete (1991), com ilustração de Pedro Cabrita Reis
    Ofício dos touros (1991), com ilustração de Júlio Pomar
    Casa das Sementes (2006)
    A Luz Fraterna (2009)
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    Luís Filipe Sarmento, Teresa Martins Marques and 64 others
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  • PROPOSTA PARA PONTA DELGADA

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    Proposta feita em 2019
    Proposta para a Requalificação Urbana do Largo Manuel Carreiro (Largo junto á Capitania/policia marítima)
    You, Paula Gouveia, Roberto Y. Carreiro and 7 others
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  • VAMBERTO FREITAS NOVO LIVRO

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    Boa noite. Finalmente. O meu “BorderCrossings: Leituras Transatlânticas”, Volume VI, foi publicado durante o auge da pandemia. Vai ser publicamente apresentado, por decisão do meu editor Ernesto Resendes no dia 27 deste mês, pelas 16:30, na Biblioteca Pública e Arquivo Regional aqui em São Miguel. Integrado no encontro “Arquipélago de Escritores”. Convido os meus amigos e eventuais leitores que estejam comigo. Vai ser apresentado pelo grande escritor Henrique Levy.
    ____
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    You, Paula Cabral, João Pedro Porto and 26 others
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  • canárias e a poesia de urbano bettencourt

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    «CON NAVAJAS Y NAVÍOS»
    Apresentação do livro por José Gómez Soliño, da Univ. de La Laguna e co-director (com Juan-Manuel García Ramos) da col. Biblioteca Atlántica.
    (Las Palmas, 05.11.2021, no âmbito do IV Encuentro Internacional de Poesía).
    Um abraço ao Javier Hernández Fernández e ao Juan-Manuel García Ramos.
    Fernando Martinho Guimarães, Carlos Bessa and 8 others
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  • poesia de EDUARDO BETTENCOURT PINTO

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    O meu novo livro de poesia, CÂNTICO SOBRE UMA GOTA DE ÁGUA.
    May be an image of text that says "Cântico sobre uma gota de água Eduardo Bettencourt Pinto Comuidade Porlugucsas Pocsia"
    Urbano Bettencourt, Susana Teles Margarido and 33 others
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  • sunset 2013

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    Chrys, we care about you and the memories that you share here. We thought that you’d like to look back on this post from 8 years ago.

    8 years ago

    T
  • o discurso PS Açores

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    O discurso político do PS regional é hoje igual ao que teve durante os 20 anos em que foi oposição. Não é um discurso de quem governou estas ilhas nos últimos 24 anos. Fica-lhe mal…
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    • João Santos

      Nem tão pouco de quem é Governo no continente e faz as opções que faz!
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      • António Bulcão

        Verdade, João. Resta a renovação de quadros. Vejo na RTP – A Vasco Cordeiro com o Sérgio Ávila à direita e o Chico Coelho à esquerda…
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  • Did the Big Bang begin from a singularity? Not anymore. – Big Think

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    We used to think the Big Bang meant the universe began from a singularity. Nearly 100 years later, we’re not so sure.

    Source: Did the Big Bang begin from a singularity? Not anymore. – Big Think

  • a filha de saramago

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    POSTAL DO DIA
    Carta à única filha de José Saramago
    1.
    José Saramago fez ontem 99 anos.
    Felizmente muitos e muitas se lembraram que ontem era o primeiro dia das comemorações do seu centenário.
    Falou-se e escreveu-se muito.
    Dos livros, da obra, de polémicas, de Pilar.
    Mas não li nenhum texto ou ouvi qualquer referência à sua única filha.
    2.
    Chama-se Violante e é uma mulher extraordinária.
    Conhecia-a no Funchal onde vive há muitos anos.
    Nunca com ela estivera, mas quando a ouvi, quando me falou num tom de voz próximo ao pai, foi como se de alguma maneira já a conhecesse.
    3.
    Devia-lhe este postal.
    Quando lhe falam de José, seu pai, ela baixa a cabeça e responde ainda mais baixo. Fala do orgulho de ser filha do Prémio Nobel, do amor que sente por tudo o que ele lhe deixou, a ternura das memórias, o sofrimento pelos silêncios inevitáveis.
    Violante Saramago é uma pessoa rara.
    Escreve livros infantis e juvenis, inventou o Quinas e deu-lhe vida em vários livros. Escreve para crianças e adolescentes sem os infantilizar, escreve como se tivessem a mesma idade, ela e eles.
    Pergunto-lhe: porque não escrever um romance?
    Violante diz-me que não, como poderia ousá-lo? Afinal, é filha de José. Não se brinca com coisas sérias porque não está ao nível sequer de uma perna do pai.
    4.
    Filha de José Saramago e da pintora Ilda Reis. Bisneta do célebre avô Jerónimo e de Josefa. Sangue do mesmo sangue, mas sempre discreta no seu canto, na sua ilha, sem se fazer notar, metida nas suas coisas como se não fosse quem é.
    Muitos são os que falam em nome do pai. Descrevem-no, aplaudem-no, definem-no, contam histórias, fazem questão de mostrar proximidade, mas ela não.
    É mesmo uma mulher extraordinária.
    Mas bolas…
    (é demasiado)
    Ontem era um dia especial e esperei ler sobre ela.
    (a única filha)
    (a única descendência)
    Mas não.
    5.
    Escreve livros para pequeninos e poemas para si própria. Pinta como a mãe e guarda os quadros. Não se põe em bicos de pés nem exige atenções ou salamaleques. Num tempo como este, de tantas sombras, egoísmos e vaidades, foi um privilégio tê-la conhecido e ouvido, no seu tom de voz baixo, quase envergonhado, mas paradoxalmente afirmativo, firme, cortante.
    6.
    Por isso, lhe escrevo esta carta.
    A ela e a si.
    A ela para lhe agradecer a grandeza do silêncio.
    A si para lhe dizer que Violante Saramago, filha do Prémio Nobel da Literatura, tem sempre um livro do pai na cabeceira e não precisa que ninguém saiba quem é pois, aconteça o que acontecer, seja feito o que vier a ser feito, sabe bem de onde veio, o que foi dito e o que lhe interessa guardar todas as noites antes de adormecer.
    No primeiro dia da celebração do centenário não lhe quero (por uma vez9 falar do José saramago, mas apenas da única coisa que deixou do seu sangue para lá dos livros.
    Da Violante Saramago.
    Muitos parabéns
    (eu não me esqueci)
    LO
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