O MAPA DO SUBDESENVOLVIMENTO E DA INJUSTIÇA:
Fez bem a Direção Geral de Saúde em alterar a matriz de risco dividindo o País por regiões de baixa e alta densidade populacional. Era injusto que concelhos com vários lugarejos tivessem o mesmo padrão de confinamento do que cidades e territórios com forte densidade populacional.
Porém, esta decisão pôs a nu, mais uma vez, aquilo que se sabe há séculos. Digo bem, Séculos! O cronista Fernão Lopes alerta para esta realidade. A contínua mobilidade do interior do País para o litoral. O mapa que foi publicado (a cor verde assinala as zonas de fraco povoamento e a branca de grande densidade populacional) mostra a verdadeira tragédia demográfica que vivemos. E diz-nos muito sobre a pobreza dos campos e de quem ali vive e labuta.
Se fizermos coincidir este mapa com a eleição de deputados para a Assembleia da República, percebe-se melhor por que razão, não passamos da cepa torta.
Temos 230 deputados. Aveiro, Braga, Leiria, Lisboa, Porto, Setúbal e Faro elegem nada mais, nada menos, que 144 deputados. Acrescentando os deputados eleitos pela Madeira, Açores, Europa e Círculo fora da Europa, sobra para representar aquela mancha verde 71(!) deputados. Exatamente 71!
Dito por outras palavras: mais de um terço do território nacional é representado por menos de um terço dos deputados.
Daí que a política não tenha interesse, nem se preocupe e, até, despreze quem vive em territórios que não dão votos.
Deveria ser um desígnio nacional para qualquer governo democrático. Reequilibrar o País, criando pólos de atratividade no interior, no que respeita a empresas e serviços , que reanimasse a economia, parando a desertificação humana, o envelhecimento e a solidão de tantos. Mas não é. Nunca o foi ao longo de décadas.
E cada vez estaremos mais sós, mais pobres, cada vez mais longe da riqueza média dos restantes países europeus. Atrás de nós, só resta a Bulgária.
E caminhamos alegremente para o último lugar da pobreza. Enfim, pobretes mas alegretes!