Mês: Junho 2021

  • BOLIEIRO A PUXAR DOS GALÕES

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    O puxar dos galões
    Os anteriores governos açorianos nunca se dedicaram ao assunto de forma abnegada e, talvez por isso, não alcançaram a real importância de baixar de forma significativa os preços das viagens aéreas interilhas. Nunca se dedicaram a resolver o incompreensível paradoxo de ser mais barato viajar para o continente do que entre as ilhas.
    Uma ideia apresentada e defendida pelo PSD-A durante a campanha eleitoral, posteriormente vertida no programa de governo dos sociais-democratas e em vigor desde o passado dia 1 de junho.
    Quem deve ter engolido em seco perante a “ousadia estratégica de José M. Bolieiro foi Vasco Cordeiro que, no frente a frente eleitoral com o líder do PSD-A na RTP regional, não teve pejo em afirmar que a proposta dos sociais-democratas estava mal estudada ou mal pensada.
    Mas o que ganham os açorianos com tarifas a 60 euros nos voos interilhas? Ganham mobilidade potencial e, por via disso, a Região reforça a sua coesão territorial; ganha a economia regional, a começar pelo setor do turismo e setores conexos, como ganham todos os que viajam por necessidade dentro do arquipélago. Não querer entender da justeza desta medida é não perceber a realidade arquipelágica e o isolamento a que estão votadas as ilhas, sobretudo as mais pequenas.
    Coloca-se agora a razoabilidade das contas feitas por este governo e da capacidade dos cofres da região para suportarem o esforço financeiro exigido que poderá ser maior do que inicialmente previsto, caso a Tarifa Açores venha a ter o sucesso que os primeiros números fazem adivinhar. Até ver, esta foi uma aposta ganha pelo novo governo e que deixa o PS a fazer contas à vida.
    Esta foi uma semana particularmente favorável ao governo regional que viu a República autorizar o reforço de vacinas para os Açores e a vinda de uma equipa do exército chefiada pelo homem forte da task force nacional, o vice-almirante Gouveia e Melo.
    E Bolieiro não fez por menos, agendou uma conferência de imprensa em São Miguel onde puxou dos galões de líder do governo para anunciar aos açorianos que espera ter 70 % da população vacinada até ao final de julho e, como tal, garantir a imunidade de grupo nos Açores.
    Um objetivo ambicioso que, se for cumprido, significará um claro reforço do papel de José Manuel Bolieiro e da sua capacidade em assumir compromissos e fazer pontes diplomáticas. Se falhar, a oposição, e o PS em particular, irá pedir contas ao governo. Aguardemos.
    (Paulo Simões – Açoriano Oriental de 06/06/2021)
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  • o despovoamento dos Açores 6.6.2021

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    a cuada nas flores

    Crónica 398 o despovoamento dos Açores 6.6.2021

     

    Escrevi o texto abaixo em 2006 sem imaginar que nos Açores isto se reproduziria anos mais tarde. Com efeito, começaram por fechar escolas primárias para levar a miudagem para outro sítio com mais gente, a seguir encerraram os postos dos CTT, depois tiraram os bancos e as poucas repartições de finanças e tribunais e lentamente as freguesias e vilas que começavam a sofrer os efeitos do decréscimo da natalidade começaram a parecer asilos de velhos. Iletrados sem competências cibernéticas, nem transporte, tinham de se deslocar à cidade mais próxima para tratar de qualquer assunto mundano.

    Assisto a isto na vizinha Maia e um pouco por todas as nove ilhas. Uma desertificação forçada e o despovoamento dos Açores (espero comprovar isto com os resultados do Censo) em passo acelerado para as maiores urbes e seus dormitórios arralbadinos. Como não há empregos nas freguesias rurais e as vacas seguem o rumo do ciclo do pastel e da laranja, os jovens emigram para as cidades, para a Ibéria, Canadá e EUA, repetindo tradições ancestrais.

    Depois da pandemia, virão os turistas de terceira idade para aproveitar o clima ameno dos Açores, recuperar casas e fixar-se nas freguesias despovoadas injetando na economia as suas reformas estrangeiras como já acontece nalgumas ilhas (estou a lembrar-me das Flores). Trarão consigo hábitos saudáveis de caminhadas, comida biológica em autossustento, reduzindo a poluição e beneficiando a ecologia das ilhas.

    Não sei o que irão fazer a tanto hotel de tanta estrela que andam para aí a construir como se isto fosse um destino funchalizado ou algarviado, a menos que pensem em convertê-los em asilos de terceira-idade para lá colocarem os idosos que resistiam e queriam ficar nas freguesias desertas. Ora recordemos o que foi escrito em junho 2006:

    O campo, as aldeias e freguesias são bonitos para passear nas férias e levar lá os putos para verem como se vivia antigamente, coisa que eles decerto nem vão acreditar (como quem os levava dantes ao zoológico). A diferença é que este zoo não teria bípedes em exposição nas jaulas, por detrás das grades, mas reproduções e filmes deles no habitat natural. Sempre se aproveitava para manter a tradição viva e ensinava-se a história dos antepassados.

    Este método de ensino é mais económico e proveitoso que ir a um museu, que, como sabem, fecha nas férias, feriados, dias santos e em fim de semana, os turistas só querem ir aos museus cobiçar o que lá existe. Quiçá para tentar roubar umas peças sagradas para contrabandearem para as terras deles, que nada têm de valor, comparado ao que existe em Portugal…

    Ainda vão agradecer a visão premonitória do governo que desde há dez anos fecha escolas sem gente que custavam tanto a manter.

    Voltando às aldeias, o melhor era encerrá-las, lá só vivem velhos, reformados, desempregados que não contribuem para a economia nacional. Teimam em cultivar a horta de autossustento, fazem a matança do porco uma vez ao ano, costuram os vestidos, vivem à margem dos hipermercados e da sociedade tecnologicamente evoluída das urbes.

    No continente ibérico, há muito, o governo, com uma visão notável, cortou as vias-férreas, a principal causa de incêndios no verão (só depois surgiram outras causas) e substituíram-nas por transportes rodoviários, mas como as estradas eram más teve de se fazer um peditório a São Bruxelas para construir novas.

    Depois de encerradas as aldeias, criava-se uma zona protegida, parque natural de turismo. O Estado cobraria uma taxa turística. Não era isso que se fazia com os animais no zoológico? Como não havia animais para mostrar (perdão, habitantes) contratavam-se figurantes em trajos típicos, como nas recriações e feiras medievais. Ao despovoar o interior, porque não compensava tê-lo aberto, atraia-se investimento de turistas. Mostravam-se as aldeias abandonadas, recuperavam-se as casas onde os turistas pudessem viver macaqueando os nativos.

    Já deu resultado com os lisboetas a comprarem “montes” alentejanos. Atraiam-se citadinos (num programa regional de formação e de criação de emprego) para fazerem o mesmo nas zonas de Trás-os-Montes, Beiras e Alentejo. A economia melhorava, incrementava-se o turismo interno, em vez de deixarem divisas no estrangeiro, para se dizer que se é muito viajado. Os nativos viveriam tranquilamente nos novos dormitórios de cimento do Porto e de Lisboa, em vez de passarem necessidades nas aldeias. Ficavam perto de centros de saúde, onde poderiam ocupar as noites na infinda espera de marcarem consulta e serem, um dia, atendidos por um médico de família.

    Houve até turistas que vieram de férias e compraram habitações desertas, reconvertendoas com comodidades, casa de banho, cozinha, água corrente, aquecimento e outros luxos típicos do norte da Europa. Eram eles que mudavam a paisagem demográfica e ensinavam aos portugueses a conviver com o passado e lucrarem. Já fora assim com os teares e fiações artesanais recuperados por holandeses, alemães, belgas e franceses.

    (Cuada, Flores)

    Chrys Chrystello, Jornalista, Membro Honorário Vitalício nº 297713

    [Australian Journalists’ Association MEEA]

    Diário dos Açores (desde 2018)

    Diário de Trás-os-Montes (desde 2005)

    Tribuna das Ilhas (desde 2019)

    Jornal LusoPress Québec, Canadá (desde 2020)

     

  • os avós

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    A CAUSA DAS COISAS
    Nos últimos 50 anos, nosso estilo de vida familiar mudou drasticamente como resultado de um novo sistema de produção. A inserção da mulher no circuito laboral fez com que ambos os pais se ausentassem de casa por longos períodos, gerando como consequência a chamada “síndrome da casa vazia”.
    O novo paradigma implicava que muitas crianças fossem deixadas aos cuidados de pessoas fora de casa ou em instituições. Essa terceirização da paternidade se espalhou e se naturalizou em muitos lares.
    Alguns afortunados ainda contam com os avós para muitas tarefas: proteção, transferências, alimentação, descanso e até consultas médicas. Esses meninos privilegiados têm pais de pais e eles comemoram escolhendo todos os nomes possíveis: abu, avó / ou nona / ou bobe, zeide, tata, yaya / o opi, oma, baba, abue, lala, babi, ou pelo nome , quando a coquete o exige.
    Os avós não apenas cuidam, são o tronco da família extensa, o que contribui com algo que os pais nem sempre vislumbram: pertencimento e identidade; fatores indispensáveis ​​em novos surtos
    A maioria dos avós adora os netos. É fácil perceber que as fotos das crianças estão sendo substituídas pelas deles. Com este sinal, os pais descobrem duas verdades: que não estão sozinhos na tarefa e que entraram na maturidade.
    A avó é uma forma contundente de compreender a passagem do tempo, de aceitar a idade e a velhice esperada.
    Longe de estarem tristes, sentem ao mesmo tempo outra certeza que ultrapassa as anteriores: os netos significam que a imortalidade é possível. Porque ao expandir a família, prolongam as feições, os gestos: prolongam a vida. A batalha contra a finitude não está perdida, eles estão entusiasmados.
    Os avós parecem diferentes. Como tendem a não enxergar bem, usam os olhos para outras coisas. Para dar uma opinião, por exemplo, ou para lembrar.
    Como estão sempre pensando em alguma coisa, seus olhos ficam molhados; às vezes têm medo de não poder dizer tudo o que querem.
    A maioria tem mãos macias e mova-as com cuidado. Eles aprenderam que um abraço ensina mais do que uma biblioteca inteira.
    Os avós têm o tempo que os pais perderam; de alguma forma, eles foram capazes de recuperá-lo. Eles lêem livros sem pressa ou contam histórias de quando eram jovens. A cada palavra, as raízes se aprofundam; identidade, mais provavelmente.
    Os avós constroem infâncias, no silêncio e a cada dia. Eles são cúmplices incomparáveis ​​de segredos. Estragam profissionalmente porque não precisam prestar contas a ninguém por suas ações. Eles consideram, com autoridade, que memória é a capacidade de esquecer algumas coisas. É por isso que eles não se lembram que as mesmas graças de seus netos foram feitas por seus filhos. Mas então, eles não os viram, tão preocupados que estavam em educá-los.
    Alguns ainda sabem tocar coisas que não se conectam. Eles são especialistas em dissolver angústias quando, devido a uma discussão entre os pais, a criança sente que o mundo está desabando. A comida que servem é a mais rica; até mesmo o comprado.
    Os avós sempre cheiram a avós. Não é por causa do perfume que eles usam, eles são assim. Ou não nos lembramos de seu cheiro para sempre?
    Os meninos que têm avós estão muito mais próximos da felicidade. Quem os tem longe deve buscar, sempre há gente boa à disposição.
    Finalmente, para os incrédulos saberem: os avós nunca morrem, eles apenas se tornam invisíveis.
    por Enrique Orschanski
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    Artur Arêde and 18 others
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  • VIAGEM A 34 COLÓQUIOS E ÀS ILHAS DOS AÇORES

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    COMO ESTE ANO NÃO HÁ PASSEIOS CULTURAIS NA PÁGINA DO 34º COLÓQUIO METEMOS AGORA UMA LIGAÇÃO A IMAGENS DOS 34 COLÓQUIOS PARA QUEM QUISER MATAR SAUDADES DOS TEMPOS IDOS

    VER EM file:///D:/My%20Docs/My%20Web%20Sites/34%20COLOQUIO%20PDL2021/fotos%20col%C3%B3quios.htm

    OU VIAJE CONNOSCO PELAS ILHAS DOS AÇORES EM file:///D:/My%20Docs/My%20Web%20Sites/34%20COLOQUIO%20PDL2021/imagens%20das%20ilhas.htm

  • PONTA DELGADA RECEBE OS COLÓQUIOS DA LUSOFONIA

    PONTA DELGADA RECEBE OS COLÓQUIOS DA LUSOFONIA

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