Mês: Abril 2021

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    REPORTAGEM: Timor-Leste/Cheias: Entre danos e o voluntarismo, portugueses também afetados pelas cheias
    *** António Sampaio, da agência Lusa ***
    Díli, 07 abr 2021 (Lusa) – André Simões está desde domingo a contabilizar perdas que ultrapassam os 120 mil dólares (101 mil euros), causadas pelas águas de uma ribeira que saltaram o leito e destruíram parte do complexo em Tibar, perto de Díli.
    “Isto está demais. Vamos abrindo caixas e gavetas, com coisas eletrónicas e outro material e não se aproveita nada”, conta à Lusa por contacto telefónico em Tibar, município de Liquiçá, ao lado de Díli, mas onde não se pode ter acesso devido à cerca sanitária na capital.
    Nos últimos anos, Simões e a família foram-se progressivamente instalando em Tibar, construindo uma casa e as bases das empresas, a Tua Simões (que importa produtos alimentares e vinhos portugueses) e a Clima Simões (de refrigeração e ar condicionado).
    Agora, grande parte do material está destruído, ficaram danificadas duas carrinhas, uma mota e todos os muros do complexo que ruíram com o peso das águas.
    “Na madrugada de domingo estávamos a dormir. Acordámos com a chuva e com os cães que não paravam de ladrar. Vim à rua e já tinha o terreno todo alagado”, conta.
    “Ao lado passa uma ribeira e há uma ponte nova que ficou muito obstruída e fez dique, levando a que a água saltasse as margens, deitasse abaixo o muro traseiro e depois entrasse em enxurrada pelo terreno”, explica.
    As águas alagaram tudo, chegando a 1,70 metros de altura, com tanta intensidade que deitaram abaixo os muros do complexo. A água foi saindo mas ficaram toneladas de lama.
    “Somando tudo, para já, carrinhas de carga e de distribuição, um gerador, bombas de água, computadores e equipamentos eletrónicos, além dos muros, eu acho que ultrapassa os 120 mil dólares”, contabiliza.
    “É um impacto brutal. Não sei se haverá algum fundo para apoiar estas coisas, uma linha de apoio. Temos que ter cuidado para não ir totalmente abaixo”, frisa.
    João Paulo Esperança, professor e tradutor, que já nas cheias de 13 de março de 2020 tinha perdido parte da sua coleção de livros e sofrido sérios danos em casa, voltou no domingo a ter a casa cheia de água.
    “As inundações foram piores que há um ano. Em 2020 as águas subiram 70 centímetros, agora foi mais de um metro. Voltei a perder livros e muitas coisas ficaram estragadas”, explica, dando conta à Lusa do impacto no seu bairro, Bidau Santana, no centro da capital.
    “Aqui há muitas casas que estão inundadas. A casa em frente da minha, a água da ribeira partiu-lhes o muro e entrou pela casa adentro. Houve pessoas a tentar que nadar contra a corrente para salvar a família”, descreve.
    “Depois de dois anos de inundações, as paredes estão totalmente podres. Vamos ter que encontrar outro sítio enquanto reconstruímos”, lamenta.
    Também a delegação da Lusa em Díli foi afetada pelas inundações com danos no chão, parte do sistema elétrico e em mobiliário e outro equipamento.
    As histórias são apenas algumas de relatos que se cruzam, com maior ou menor gravidade, um pouco por todo o país.
    As águas não escolheram nacionalidade ou a riqueza da casa: tanto ficaram afetadas casas rudimentares, ao lado das ribeiras, como apartamentos em complexos caros usados por estrangeiros.
    Duas portuguesas, que vivem num desses complexos e que aceitaram falar à Lusa, contam que acordaram com a casa cheia de água, as tomadas a deitar fumo. Uma delas acordou mesmo com o colchão a flutuar.
    “Tivemos água acima do joelho. E, depois da água, agora temos a lama. E ainda não sabemos quais são as nossas perdas”, explica, contando que estiveram horas em conseguir sair do local.
    Vários portugueses, que tiveram que sair a correr de casa, em alguns casos com água pela cintura, acomodaram-se em casas de amigos ou hotéis, como alguns que foram para o Hotel Timor, onde horas depois se montou uma operação de preparação de comida para centenas de famílias afetadas.
    Muitos da comunidade portuguesa, como muitos do resto da comunidade estrangeira, começaram a mobilizar-se ainda no domingo, ajudando diretamente famílias, reunindo comida e roupa para os mais afetados e iniciando campanhas de recolha.
    As campanhas continuam, algumas com visibilidade mediática, mas muitas outras de cariz individual, com pessoas a fazer refeições quentes, a distribuírem material e comida, a ajudarem vizinhos ou amigos.
    De fora de Timor-Leste também se mobilizaram ajudas, com o fluxo noticioso a servir como ponta de lançamento, em vários países, para ofertas de ajuda, incluindo grupos que na Austrália querem mobilizar apoios para enviar para o país.
    Tiago Barata, diretor da unidade hoteleira e veterano de Timor-Leste diz que não se lembra de coisa igual, pela quantidade de chuva e por “tanta desgraça que causou no país interior ao mesmo tempo”.
    “Houve pessoas que chegaram aqui muito traumatizadas. Achavam que estavam em casas seguras, mas que não resistiram às inundações e à enxurrada”, conta à Lusa.
    Mas destaca a onda de solidariedade que se evidencia, com as mesmas pessoas que chegaram depois de deixar a casa, parcialmente danificada, a saírem dos quartos para vir ajudar a preparar refeições para ir entregar a populações deslocadas.
    “Impressionante. Só tínhamos dois empregados, porque muitos também tiveram problemas em casa. E para responder a pedidos de ajuda das refeições teve que ser com a ajuda de todo a gente. Pessoas que nunca tinham visto a telefonarem e perguntar se podiam vir ajudar”, sublinha.
    “O que vejo com o meu pessoal é que está toda a gente a querer ajudar, incluindo casos peculiares, de timorenses que perderam as casas, mas estão a trabalhar, muito mais horas do que o normal”, explica.
    Tiago Barata nota a motivação que muitos mostram, incluindo a de um trabalhador que teve um acidente e enfiou um ferro no pé: “Foi ao hospital tratar-se e voltou para trabalhar e ajudar a fazer as refeições” para quem está deslocado.
    ASP // JMC
    Lusa/Fim
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    SAUDE OU SATA OSVALDO CABRAL Pages From 2021 04 07

     

    Ú ?
    As contas já foram feitas pela Direcção Geral do Orçamento e replicadas pelo Governo da Madeira: no ano passado o peso das despesas afectas ao combate à pandemia foi maior no arquipélago vizinho (10%), enquanto nos Açores foi de apenas 3,9%, mesmo assim ligeiramente acima da média do país, que se quedou pelos 3,3%, se incluirmos os valores despendidos pela Segurança Social.
    Os dados estão incluídos nas contas do Procedimento dos Défices Excessivos, onde se observa que a Madeira gastou 137,5 milhões de euros nas medidas contra o Covid-19, o que é um esforço significativo mesmo em termos de peso sobre o PIB, enquanto os Açores utilizaram mais esforço para a cura da SATA, que já nos absorveu dois empréstimos garantidos, um de 65 milhões de há dois anos, e o de agora, com 132 milhões (tanto quanto a Madeira gastou no combate à pandemia no ano passado).
    Ou seja, o contributo da SATA para a dívida regional já vai em 197 milhões de euros, nada comparado com o que gastamos em medidas para mitigar a crise pandémica.
    Mesmo na área da Segurança Social, tanto o governo da República como o dos Açores, parecem ter poupado mais na aplicação de medidas de apoio, a julgar pelos valores do peso no PIB.
    Se na Madeira a despesa relativa às medidas covid em Segurança Social representa 3,5%, dos 3.981,1 milhões de euros, nos Açores foi de apenas 1,3% (no universo de 4.143,2 milhões de euros), uma décima abaixo dos gastos nacionais.
    Na República, a única explicação para um investimento tão baixo no combate à pandemia é a obsessão no Ministério das Finanças em controlar o orçamento para apresentar em Bruxelas o floreado da saída do défice excessivo.
    Jorge Sampaio criou a célebre expressão de que há mais vida para lá do défice.
    Hoje, os portugueses devem estar a pensar que há mais saúde para lá do défice.
    Para a baixa execução nos Açores a explicação poderá ser outra e terá a ver com opções políticas então tomadas: salvar a SATA a todo o custo, mesmo que isto implique a falta de recursos para outras despesas, como é o caso do combate à pandemia.
    Trata-se de uma opção respeitável politicamente, mas que custa a engolir por quem está a passar por imensas dificuldades no meio deste turbilhão pandémico.
    Urge, por isso, corrigir rapidamente a trajectória.
    O actual Governo Regional não pode poupar em medidas de apoio à economia e às famílias, mesmo que isto nos custe um agravamento nas contas públicas, que, aliás, tem sido francamente ascendente na última década.
    Ir à procura de outras alternativas, como é o caso do episódio das vacinas, não olhando a meios, é um bom sinal, mesmo que isto custe alguns engulhos à República.
    O mais provável é não conseguirmos nada ou muito pouco, mas ao menos tentamos, porque de um governo central que tem menosprezado as Autonomias e com ministros como Augusto Santos Silva, o expoente máximo do centralismo provinciano, o tal que, faz hoje uma década, arrastou-nos com o seu amigo Sócrates para a falência, não se pode esperar nenhuma ajuda ou colaboração na procura de soluções externas.
    Não será fácil a tarefa dos governantes regionais daqui para a frente.
    Mas rebaixar-nos aos tiques centralistas em troco de dinheiro, nem pensar.
    A divisa açoriana “antes morrer livres…” vai aparecer muitas vezes nos próximos tempos.
    (

    Osvaldo Cabral

    – Diário dos Açores de 07/04/2021)

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  • há um ano com saudades dos colóquios

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    Maria João Ruivo

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    José Andrade

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    Nesta fase de quarentena que nos prende todos em casa, mando um abraço à irmandade da Lusofonia neste tempo de sonhar com o Colóquio de Belmonte que devia ter acontecido neste começo de abril em que estaríamos todos juntos num são e enriquecedor convívio, naquela linda e acolhedora vila.
    Belmonte, 7 de abril, 17
    Belmonte é um encanto. Situada a cerca de 20 km da Covilhã, no Monte da Esperança, é quase tão antigo como a Nacionalidade e faz-nos recuar a este nosso Portugal cheio de História e de histórias para contar. Teve foral em 1199 e é vila berço de Pedro Álvares Cabral.
    Fui pesquisar e fiquei a saber que no séc. XIII comprova-se a existência de uma já próspera comunidade Judaica, que sobreviveu ao longo dos séculos, mantendo os seus rituais e tradições e que é responsável pela existência de uma sinagoga de que resta uma inscrição datada de 1296. Atualmente, é uma das poucas comunidades que ainda tem um Rabi. Esta manhã fomos precisamente visitar a Sinagoga e a Judiaria, ainda tão bem preservadas.
    O Homem ocupou estas terras desde a Pré-história, como comprovam os vestígios megalíticos com cerca de 6 mil anos em algumas freguesias das redondezas.
    Mais uma vez se nota a marca inequívoca da presença romana. Efetivamente, os romanos atraídos pela riqueza mineira e agrícola desta região, depressa se aperceberam da importância estratégica e económica deste território, atravessando-o com vias de comunicação.
    Viemos a um dos Colóquios da Lusofonia e, por alguns dias, Belmonte transformou-se num pequeno cosmos luso. Portugal, Brasil, Galiza, Timor, Cabo Verde acorreram à chamada do Chrys Chrystelo, o grande regente desta orquestra.
    Para além dos diversos temas que vão sendo apresentados ao longo dos vários dias de Colóquio e que põem sempre em cima da mesa algo em que pensar, é muito agradável o convívio com os participantes, alguns já habitués destas andanças. São dias que nos trazem a ideia de que há muita coisa que se pode fazer para evitar que a vida se torne um deserto.
    De tarde fomos visitar Centum Cellae, na freguesia de Colmeal da Torre. É um dos mais monumentais vestígios da época romana em Portugal e tem sido alvo de várias interpretações históricas e arqueológicas. Em torno desta torre em ruínas, a imaginação humana tem inventado uma enorme variedade de lendas e histórias. Trata-se de um edifício retangular, que teria tido três andares separados por frisos em pedra e sem qualquer cobertura. Possui múltiplas janelas, de dimensões variadas.
    Diz a História que a villa teria sido propriedade de um abastado cidadão romano, negociante de estanho, que a teria erguido pelos meados do século I. De acordo com os testemunhos arqueológicos, foi destruída no século III por um grande incêndio, e reconstruída posteriormente.
    As teorias dividem-se. Uns dizem que este terá funcionado como albergue para viandantes de passagem, enquanto outros acham que, pelas suas características, poderá ter tido objetivos comerciais, eventualmente para armazenamento de cereais.
    Na Idade Média, sobre os seus restos, construiu-se uma capela sob a invocação de São Cornélio, que as lendas associavam ao local, mas que caiu em ruínas e terá desaparecido por completo no século XVIII. Pelo que li, é possível que no período medieval esta estrutura tenha tido algum papel na consolidação e defesa da fronteira oriental do reino de Portugal com o de Leão, tendo recebido foral de Sancho I em 1188, onde surge referenciada como Centuncelli.
    O que não vem em nenhum documento e por isso quero que aqui fique registado, é o fascínio que aquela ruína exerceu em todos nós, erguendo-se ali aos nossos olhos, misteriosa e imponente, naquele final de uma tarde doce e rosada de Belmonte.
    E sinto, mais uma vez, que este Portugal ancestral mexe com a alma da gente. Adoro andar pelo meio de pedras velhas. Cada uma delas encerra em si uma história por contar. Penso sempre que alguém antes de mim, muito antes, pisou aquele chão, respirou os mesmos ares e vislumbrou algo muito parecido com isto que vejo. Aqui se viveram amores e ódios, se resolveram quezílias, se pensou, talvez, num futuro por vir e se realizou alguns sonhos, mesmo que não se pensasse que os sonhos fazem parte da vida.
    Maria João Ruivo

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