Mês: Março 2021

  • Tomás Quental · As razões de tanto “ódio”

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    As razões de tanto “ódio”
    O dr. Vasco Cordeiro, antigo presidente do Governo Regional dos Açores, presidente do PS-Açores e líder parlamentar socialista na Assembleia Legislativa Regional, é um homem honesto e uma pessoa estimável. Eu ouvi com todo o interesse a entrevista que deu à RTP-Açores. Ele disse, nomeadamente, que o que une os cinco partidos que apoiam o actual Governo Regional é o “ódio ao PS”. Sim, tem razão.
    Mas o dr. Vasco Cordeiro parece que ainda não reflectiu sobre a razão ou razões por que se criou tanto “ódio ao PS”. Aqui é que está o principal problema. E a razão ou razões de tanto “ódio ao PS” foram os muitos anos da política socialista de “quero, posso e mando”, em que o PS se transformou em “dono disto tudo” nos Açores, ignorando muitas vezes a oposição e afastando-se também muitas vezes da sociedade, dos seus problemas e das suas necessidades.
    O PS começou muito bem, mas acabou mal. O mesmo já tinha acontecido com o PSD. O PS, quando chegou ao Governo Regional, ao fim de muitos anos de governação social-democrata, foi fantástico: abriu a sociedade, trouxe ar político novo, apostou em novos sectores económicos, incrementou novas dinâmicas sociais, realizou obras públicas muito importantes e investiu mais na Educação, entre outras ações. Mas depois, lamentavelmente, foi piorando com os anos, cometendo muitos erros, nomeadamente com projectos sem sentido numa Região Autónoma de limitados recursos financeiros. Dois exemplos apenas: gastou muitos milhões de euros numa “Casa da Autonomia” e num “Centro de Artes Contemporâneas”, que nunca serviram nem servirão para nada, enquanto os hospitais regionais estavam e estão na penúria de meios técnicos e de recursos humanos. Isso não é socialismo democrático: é, sim, má governação!
    O PS perdeu a maioria absoluta nas últimas eleições legislativas regionais porque, depois de um início muito bom, acabou governando encerrado em si mesmo, afastado do interesse colectivo, com as suas elites manifestando muitas vezes arrogância política e falta de humildade democrática, como pensando que o poder seria eterno. Enganaram-se!
    O dr. Vasco Cordeiro disse, também, que a actual solução política e governamental açoriana, assente em cinco partidos que até já se criticam no parlamento regional, não tem consistência suficiente para ter um projecto de futuro para os Açores. Partilho da mesma opinião. De resto, há secretários regionais, após três meses de serem empossados, parece que não sabem ainda que são governantes, porque não dão qualquer sinal de ação. Devem estar a desinfectar os gabinetes, talvez, porque trabalho não se vê nada. Mas também aqui há um aspecto que o dr. Vasco Cordeiro, apesar de ser um homem inteligente, parece que ainda não percebeu: a “geringonça” açoriana permitiu, pelo menos, abrir a janela da democracia açoriana para entrar ar político novo. A Assembleia Legislativa recuperou o seu papel central, contra a governamentalização que existia do regime autonómico regional. É preciso mais? Com certeza que sim. Então, se o PS, que continua a ser o maior partido no arquipélago embora com maioria relativa no parlamento, quer recuperar a confiança maioritária dos açorianos e das açorianas, tem que se refundar, reorganizar e purificar, recuperando os ideais iniciais, de progresso, justiça social e democracia, longe do “quero, posso e mando” que o caracterizou durante muitos anos.
    O PS, se se mantiver como está, com as mesmas ideias e as mesmas práticas, até com dirigentes que cada vez que falam – não me refiro ao dr. Vasco Cordeiro, como é óbvio – só arranjam mais anti-corpos para o partido, então vai continuar por muitos anos na oposição, apesar de a “geringonça” açoriana muito dificilmente conseguir um patamar de maior progresso e de maior felicidade para todos os açorianos e para todas as açorianas, porque faltará sempre a consistência suficiente para um projecto de longo alcance, mesmo com a boa vontade, a competência e a honestidade de vários governantes actuais.
    Jorge Rebêlo, Maria Das Neves Baptista and 29 others
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  • osvaldo cabral Plano de Recuperação e Resiliência

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    O povo tem razão: o que nasce torto tarde ou nunca se endireita.
    O Plano de Recuperação e Resiliência nasceu torto pelas mãos do Governo de Vasco Cordeiro, mantém-se torto no Governo de José Manuel Bolieiro e, mais grave, parece que vai mesmo ser aplicado à imagem e semelhança da sua mediocridade.
    Este Plano faz parte da estratégia europeia para a recuperação da economia nos países membros.
    A Portugal, incluindo as duas Regiões Autónomas, caberá uma verba de 13,842 mil milhões de euros.
    O Governo da República destinou, inicialmente, um valor da ordem dos 649 milhões de euros para os Açores, mas depois voltou com a palavra atrás e inscreveu apenas 580 milhões na proposta que foi lançada à consulta pública e que terminou no dia 1 deste mês.
    O Governo de Vasco Cordeiro, sem dar cavaco a ninguém, distribuiu o montante que nos cabe por vários sectores, sendo que o sector da administração pública abocanhou as maiores fatias, o que diz bem sobre como pensava o governo anterior em recuperar a economia regional: atirar dinheiro para cima dos mesmos, os que se governam à custa do orçamento público.
    O actual governo, apanhado a meio desta trapalhada, em vez de reformular o Plano, desculpou-se com a falta de tempo para não atrasar a aprovação do documento e deixou-o ficar como estava.
    É um disparate pegado, porquanto o Plano foi posto à consulta pública, por obrigação e precaução da Comissão Europeia (por saber o que é que casa gasta), pelo que a região tinha oportunidade, até ao passado dia 1 de Março, para corrigir e alterar o que muito bem entendesse.
    Pelo meio surge a polémica sobre a falta de 140 milhões de euros que tinham sido acordados entre o Governo Regional anterior e o da República.
    Vasco Cordeiro e Sérgio Ávila viram-se obrigados a explicar como tinham chegado ao referido acordo, depois de se terem estendido ao comprido ao exigir do actual governo regional explicações para a falta da verba retida em Lisboa.
    O governo de Bolieiro não quis ficar atrás e comete outro disparate ao escrever esta semana a António Costa exigindo a reposição dos 140 milhões “que se destinam às empresas”.
    Como?! Às empresas?
    E porque não à administração pública?
    Por que razão as empresas, o sector produtivo, já de si penalizado num Plano mal feito, é que devem ser penalizadas e não o sector público?
    Ou seja, se não forem repostos os 140 milhões, são as empresas que vão “gramar” e a administração pública, os lobbies do costume, fica intacta.
    Este governo parece guiar-se pela máxima de querer “fazer sempre o mesmo esperando resultados diferentes”.
    Está visto que este Plano não vai resultar, porque foi idealizado por políticos, congeminado em gabinetes de políticos e vai acabar por ser distribuído pela clientela política.
    No meio de uma crise social e económica como a que estamos a enfrentar, quando as famílias açorianas, empresas e trabalhadores precisam de tantos recursos para recuperarem da enorme pancada desferida por esta pandemia, por que cargas de água este Plano destina mais de 100 milhões de euros para uma coisa chamada “transição energética”?
    Pior do que não ter a noção das prioridades regionais, é a percepção gravíssima de que isto está em roda livre e não existe na região nenhum mecanismo de controle e fiscalização para os milhões que vêm por aí fora.
    Já bastou o Plano ter sido elaborado nas costas da população e dos parceiros sociais (por isso a Comissão Europeia obrigou a efectuar uma consulta pública), precisamos agora de criar um mecanismo independente, com personalidade sérias e fora dos círculos da política, para fiscalizar a distribuição dos fundos.
    À semelhança do proposto a nível nacional, devemos criar uma plataforma pública, tipo Portal da Transparência, para sabermos para onde estão indo os fundos, como são aplicados e quais os resultados.
    O actual governo deve deixar-se deste comodismo e desculpas esfarrapadas em não querer alterar o Plano e pôr-se a mexer um bocadinho mais para termos uma verdadeira recuperação e resiliência, criando riqueza e empregos nesta região, em vez de engordar o monstro da administração pública regional.
    Como se viu ainda esta semana, vai prosseguir com a asneira do governo anterior em atirar mais dinheiro para empresas falidas e arruinadas, como a Sinaga, como se esperasse resultados diferentes.
    Ainda vai a tempo de acordar e de nos livrar de mais pesadelos.

    (

    Osvaldo Cabral

    – Diário dos Açores de 03/03/2021)

    May be an image of Osvaldo José Vieira Cabral and text
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    • Osvaldo Cabral faz lembrar o Pe. António Vieira e o seu famoso sermão Pregar aos Peixes. A diferença é que António Vieira obteve resultados, conseguindo que os nativos do Brasil fossem poupados. Neste caso os tubarões comeram os peixes antes do sermão…

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    • Prioridade número um dos políticos de fantochada: serem reeleitos. Como é que se ganham eleições numa região com um elevado número de funcionários públicos e elevada abstenção? Investindo na administração pública.…

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  • às armas

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    Chico às armas, às armas
    Francisco César exaltou-se. O que é sempre um acontecimento. Um Francisco César sereno amedronta, no seu brilhantismo oratório. Mas um Francisco César zangado assusta, pelo desassossego que causa nas agulhas de todas as estações de observação sismológica da Região.
    Com a sua voz poderosa e o seu timbre longamente masculino, ambas as características fruto de herança genética que muito rogamos nunca se perca, haja as descendências que houver nos anos vindouros, denunciou, em plenário da Assembleia, que o governo mandou polícia para Rabo de Peixe, com “metralhadoras apontadas à população”. E acrescentou “como foi vesível”.
    Assim mesmo, com e, não foi erro meu. Visível é uma coisa que a vista alcança com facilidade. Vesível é uma coisa que só Francisco vê mas que, depois de gritada, pretenderia todos tivessem visto.
    Veio logo a Associação Sindical da PSP denunciar tratar-se de uma falsidade e exigir retratações ao ilustre deputado. Levantaram-se vozes de protesto nas redes sociais. Francisco defendeu-se nas mesmas. Que o sindicato da PSP tem um dirigente do PSD. Vejam como uma letra faz toda a diferença. E manteve a sua. Só não via quem não queria. Bocas suplicantes de crianças, histerias de pânico de suas mães, fugas de barco e de mota dos machos, e a PSP a avançar sem dó nem piedade de metralhadoras apontadas. Tudo imensamente vesível para ele, continuando invisível para nós, Chico a reescrever o “Ensaio sobre a cegueira”.
    É tempo de nos perguntarmos como foi possível chegarmos a este ponto. De termos rapazes carreiristas espalhados por todas as ilhas a desempenhar altos cargos, sem que a gente saiba bem como chegaram a tais cumes.
    Imagine o leitor que tem uma empresa e precisa de um empregado. Aparecem-lhe candidatos com qualificações académicas e experiência profissional. Preferiria escolher o candidato que só tivesse a escolaridade obrigatória e nunca tivesse trabalhado na vida?
    Continue a imaginar o leitor: é membro de um júri para selecionar candidatos num concurso para preenchimento de uma vaga no sector público. Rasgaria os currículos dos mais capazes, preferindo um que só soubesse mandar bitaites?
    Creio que a resposta em ambas as hipóteses é óbvia, para a larga maioria.
    Mas gostaria que o leitor imaginasse que é dirigente de um partido político. Aparece-lhe um rapaz sem estudos, ou que interrompeu os estudos que estava a desenvolver, sem nunca ter trabalhado ou dado provas públicas da sua competência. Com certeza poderá o leitor admiti-lo no partido, afinal é um direito que assiste ao rapaz. Mas metê-lo em listas de candidatos a eleições? Não será um risco tremendo de o partido ter fraca votação?
    Se aceitarmos o princípio de que, para gerir a coisa pública, aquele que a tal se candidata tem de ter dado provas da sua capacidade para gerir a sua vida privada, a resposta é clara. O rapaz que complete o seu curso, vá trabalhar, prove que é capaz, e depois a gente conversa…
    Só que o PS partiu durante muitos anos do princípio contrário, de que qualquer um serve. E aí os temos, os rapazes, deputados, governantes, presidentes de câmaras municipais, sem nunca terem gerido nada mais para além de paleio.
    Claro que têm de estar desesperados. O que vão fazer, se lhes faltar uma carreira de mama? Assim sendo, desatam a atacar, a escrever para os jornais, a inventar factos, só para eles “vesíveis”.
    Cabe a todos os cidadãos conscientes usar o seu voto para repor a ordem natural das coisas. Que os filtros que existem noutros domínios, nas empresas privadas e na contratação pública, passem a existir igualmente na participação política. No fundo, como foi durante muitos anos: que os rapazes cresçam e depois apareçam.
    António Bulcão
    (publicada hoje no Diário Insular)
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  • açores decreto autonómico

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    VIVA OS AÇORES!
    Pessoa amiga fez-me chegar por email o texto que abaixo transcrevo. Lembrado a nossa História! Numa altura em que: “A livre administração dos Açores pelos Açorianos” está, por vezes, posta em causa, partilho:
    2de Março de 1895 uma data que não pode ser esquecida.
    O Sentimento é muito mais antigo, mas pode-se dizer que a história da Autonomia que hoje os Açores vivem começou quando há 126 anos a 2 de Março de 1895 foi publicado o DECRETO AUTONÓMICO
    Curiosamente e numa altura em que voltam a surgir problemas de relacionamento entre os
    poderes central e regional a data, passou despercebida à maioria das pessoas e não merece qualquer referência nos jornais Açorianos de hoje
    O Decreto de 2 de Março de 1895, publicado no Diário do Governo, n.º 50, de 4 de Março de 1895, também conhecido por «Decreto Autonómico», foi o diploma legal que estabeleceu a possibilidade de os distritos do arquipélago dos Açores, e posteriormente a 1901 do arquipélago da Madeira, requererem, por maioria de dois terços dos cidadãos elegíveis para os cargos administrativos, a aplicação de um regime de autonomia administrativa. Aprovado na sequência de uma intensa campanha autonómica e independentista, centrada na ilha de São Miguel, a ( Primeira Campanha Autonómica ) , foi inspirado por Aristides Moreira da Mota e Gil Mont’Alverne de Sequeira, considerados os fundadores da primeira autonomia açoriana. Aprovado em ditadura, foi ratificado pelas Cortes pela Carta de Lei de 14 de Fevereiro de 1896.
    A primeira alteração ao diploma foi feita pela Carta de Lei de 12 de Junho de 1901, que alargou o regime ao arquipélago da Madeira. Contudo, longe de alargar a autonomia do órgão, acentuou a tutela do Estado, através do governador civil, que passou a poder anular as deliberações da Junta Geral. Também a representatividade da Junta Geral foi reduzida, passando de 25 para 15 procuradores, mas recebendo uma estrutura administrativa própria, com a criação do lugar de tesoureiro e de chefe de secretaria.
    Com esta organização, a autonomia administrativa dos distritos insulares sobreviveu durante a Primeira República Portuguesa através da Lei n.º 88, de 7 de agosto de 1913, que acolheu quase integralmente o Decreto de 1895. Apesar da alteração introduzida efemeramente pelo Decreto n.º 15 035, de 16 de Fevereiro de 1928, e depois pelo Decreto n.º 15805, de 1 de agosto de 1928, esteve em vigor até 1940, quando se publicou o Estatuto dos Distritos Autónomos das Ilhas
    Aqui fica uma breve, e despretensiosa referência histórica (baseada nos dados disponíveis na Wikipédia)
    Convém que não nos esqueçamos desta data e do seu significado.
    Como me disse um ilustre amigo muitas vezes “O essencial fica esquecido, face à preponderância do acessório”
    Bom Dia e que o lema ” A livre administração dos Açores pelos Açorianos” perdure!
    No photo description available.
    Jorge Rebêlo, Pierre Sousa Lima and 12 others
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  • poesia ao meio dia 2018 Madalena do Pico 30º colóquio

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  • Regulador da aviação chumba liminarmente aeroporto do Montijo

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    ANAC explica que não lhe resta outro caminho.

    Source: Regulador da aviação chumba liminarmente aeroporto do Montijo

  • ir A VENEZA, para quê????

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  • (6) Opinião: “Ilha América” de Almeida Maia – YouTube

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