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A CAUSA DAS COISAS
Comecei a ter consciência cívica a partir de 1973 logo após a minha saída do serviço militar, pelos meus 23 anos, muito pelo facto de se ter dado o 25ABRIL vivido entre a alegria de muitos e o pânico de outros tantos, por razões que a história já contou.
Desde aí, sem excepções, os governos acolhem criaturas “nulas” incapazes, que apenas se “encostam” para se servirem do poiso para as negociatas pela “porta do cavalo”.
Conhecí alguns filhos de boas famílias cujos nomes lhes abriram as portas do “poleiro” e que foram uma total nulidade nas atribuições governativas por onde passaram. Seja dentro dos partidos a que se colaram para se catapultarem, seja nos governos por onde deixaram um rasto de nulidades, seja no interior dos muitos gabinetes de advogados, onde se grudam com o único fito de liderarem uma negociação que os transporte para o cerne dos milhões, em desisões muitas das vezes, prejudiciais aos cofres do estado, com posições escabrosas, miserávelmente clamorosas, algumas das quais, insanáveis.
Alguns entraram com uma mão à frente outra atrás e sairam de barriga e bolsos cheios.Ou pela riqueza que foram acumulando fruto das comissões e comichões suadas e transpiradas…ou pela astúcia de saberem (criar pontes) para um futuro económicamente risonho e paradisiaco, no planeta Terra ou talvez em Marte!
Parafraseando o Evangelho de São Marcos (“é mais fácil passar o camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar o rico no Reino de Deus”), este é um dos grandes paradoxos da política em Portugal: sendo um dos países com um nível de escolaridade média mais baixa da Europa, é no entanto, em simultâneo, um dos países com uma classe política mais elitista.
Exceptuando-se Jerónimo de Sousa, temos António Costa (filho da elite intelectual de Lisboa); Rui Rio (educado num dos mais selectos colégios privados do Porto, o Colégio Alemão); Catarina Martins (filha de pais professores, classe média do funcionalismo público); Assunção Cristas (mãe médica, pai herdeiro de empresas na Angola colonial).
E se olharmos para o panorama geral das lideranças partidárias em Portugal desde o 25 de Abril constata-se exatamente o mesmo, desde os “pais fundadores” do regime (Mário Soares, Álvaro Cunhal, Sá Carneiro e Freitas do Amaral, todos originários de meios sem dificuldades), passando para as gerações seguintes: Cavaco Silva (filho de um proprietário agrícola e comercial do Algarve), Jorge Sampaio (elite do funcionalismo público), Carlos Carvalhas (proprietários rurais de Viseu). E as outras a seguir também: António Guterres, Durão Barroso, José Sócrates, Pedro Passos Coelho, António José Seguro, Manuela Ferreira Leite, Marques Mendes, Pedro Santana Lopes, Manuel Monteiro, Paulo Portas, Manuel Maria Carrilho, José Luís Arnaut, só para dar alguns exemplos; ou ainda o corpo fundador do Bloco de Esquerda (Francisco Louçã, Fernando Rosas, Miguel Portas e Luís Fazenda): nenhum deles nasceu na pobreza e, nalguns casos, muito pelo contrário.
Vem isto ao caso da telenovela “NOVO AEROPORTO” que anda a passear pelas nossas vidas desde 1969 (50 anos), quando se começou a falar no tema.
Aqui chegados, houve um tempo em que Portugal decidia soberanamente sobre esta questão e até decidiu da necessidade de construir um novo aeroporto em Lisboa (NAL) e construír nos terrenos do Campo de Tiro de Alcochete.
Uma decisão nacional posta em causa pela privatização, que colocou na multinacional Vinci a decisão sobre o futuro do NAL, tendo esta decidido que era melhor para os seus lucros a solução que está a tentar impor ao Governo e ao País (fazer de Lisboa a única capital europeia com um aeroporto a crescer dentro dela).
Em 2011, último ano em que a ANA foi integralmente pública, o resultado líquido foi de 76,5 milhões e o imposto pago foi de 21,3 milhões de euros, num total de 97,8 milhões.
A média anual de investimento da ANA sob gestão pública é de 114,4 milhões de euros: 2002 (81,4 milhões de euros); 2003 (69,5); 2004 (154,4); 2005 (134,8); 2006 (103,6); 2007 (86,3); 2008 (137,3); 2009 (153,7); 2010 (127,4) e 2011 (95,1). Sob gestão privada, essa média baixa para 55,5 milhões: 2014 (36,4 milhões de euros); 2015 (61,1); 2016 (69,5); 2017 (62,7) e 2018 (47,9).
Vem agora alertar-nos a ANA e o seu CEO JOSÉ LUIS ARNAUT que construir aeroporto fora do Montijo obriga Estado a pagar 10 mil milhões à Vinci, pois claro, tudo acordos fora do razoavel porque se uma mão lava a outra, quando se tem amigos e juristas que se borrifam para os interesses nacionais porque o dinheiro, esse vil metal, fala mais alto.
Desde a privatização, em 2013, a ANA Aeroportos teve um lucro operacional mil milhões de euros acima do que indicara então como previsões ao Estado. E investiu menos 87 milhões do que o prometido.
O JLA nunca deu nada como político ou como gestôr e alguém das minhas amizades pessoais que partilhou o percurso de faculdade, me afiançou que era totalmente mediocre. Bastou ter um apelido bombástico, que as portas escancararam-se , não fosse o dinheiro, chamar o dinheiro…
Passar pela Goldman Sachs, supre qualquer handicap detectado e habilita a altos voos nas negociatas onde se fareje “l’argent”!
Percebe-se o drama da VINCI e do seu ceo JLA, o custo de uma infraestrutura construída de raiz em Alcochete, em vez da reconversão da já existente no Montijo, custaria à Ana Aeroportos, no mínimo, cinco vezes mais – 7,6 mil milhões em vez dos 1,5 mil milhões no Montijo.
Mas o valor a pagar a mais por esta solução é bem maior que este, devido a uma indemnização prevista no contrato entre o Estado português e a Ana Aeroportos.
Uma nova construção implica um concurso público, o que significa que pode não ser a mesma empresa a responsável pela obra. No contrato de concessão, uma cláusula dita que, em caso de “falha” para com o contrato, o Estado terá de pagar um montante calculado com base nos ganhos futuros da empresa a 40 anos, o que perfaz mais de 10 mil milhões de euros.

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