Mês: Março 2021

  • MISTÉRIOS POR EXPLICAR

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    Locals in Sierra Leone, Africa were searching for diamonds when they came across a set of extraordinary stone figures depicting several human races, and in some cases, semi-human beings. These figures are extremely old, with some estimates dating them as far back as 17,000 BC.
    The Unknown Origins of the Mysterious Nomoli Figures
    ANCIENT-ORIGINS.NET
    The Unknown Origins of the Mysterious Nomoli Figures
    Locals in Sierra Leone, Africa were searching for diamonds when they came across a se
  • DESTAPAR A TAP

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    A TAP e a Olívia patroa
    A tempestade que se abateu sobre a aviação não se chama, em Portugal, apenas pandemia. Da TAP ao novo aeroporto passando pela Groundforce, o caos está instalado. Se correr bem vai ser uma surpresa.
    O ministro das Infra-estruturas Pedro Nuno Santos é tudo. Ministro e, enquanto tal, defensor dos interesses dos cidadãos portugueses, gestor e accionista da TAP, accionista e defensor dos contribuintes na Groundforce e negociador de garantias para empréstimos entre empresas. É também dono e senhor das decisões sobre o novo aeroporto. Longe vão os tempos da separação clara entre a gestão das empresas detidas pelo Estado e o Governo. No caso da TAP, longe vão os tempos em que Jorge Coelho, então ministro de António Guterres, deu à TAP uma gestão autónoma e profissional.
    O que se tem passado nos últimos tempos no sector da aviação em Portugal, não fosse tão grave, e era digno da rábula Olívia Patroa, Olívia Costureira de Ivone Silva. Nunca, nos tempos recentes, assistimos a uma intervenção tão directa, e sem que ninguém a discuta, de um governante na vida de uma empresa. Como se os interesses das empresas estivessem completamente alinhados com os interesses da governação, como se não fosse importante separar as águas para se atingirem melhor os objectivos que cada uma das partes deve defender. Os interesses de um Governo e de uma empresa não são os mesmos e é da negociação que se espera um resultado melhor para a sociedade.
    A mistura de papéis que o ministro Pedro Nuno Santos protagoniza na TAP, e também na Groundforce, ameaça seriamente a sobrevivência da companhia aérea. Primeiro, e como chapéu de tudo isto, não estamos perante um qualquer ministro. É Pedro Nuno Santos, que não esconde nem as suas ambições de suceder a António Costa nem as suas divergências com o primeiro-ministro. De tal maneira que se dá a luxos que seriam impensáveis com outros ministros. E não está em causa apenas o apoio explícito a Ana Gomes nas presidenciais. Estamos a falar, por exemplo, da surpresa que foi para os restantes membros do Governo o anúncio de Pedro Nuno Santos de que ponderava fazer uma avaliação ambiental estratégica para o novo aeroporto. Isto quando, meses antes, em Março de 2020, o primeiro-ministro tentava encontrar um entendimento com as autarquias que se opõem ao novo aeroporto. Sim, houve a pandemia, que pode servir de argumento para adiar ou acelerar o novo aeroporto.
    É legítimo perguntar o que colocará Pedro Nuno Santos em primeiro lugar caso enfrente um conflito dessa natureza: a sua ambição como líder do PS e futuro primeiro-ministro ou os interesses da TAP em particular e do sector da aviação em geral, incluindo a construção do novo aeroporto. Ou seja, dará prioridade aos interesses do país ou à sua ambição de liderar um Governo de esquerda em Portugal?
    Além dessa questão geral, os múltiplos papéis assumidos pelo ministro na TAP têm criado dificuldades à companhia e correm o risco de ainda gerarem mais problemas. Primeiro pôs na rua o accionista privado que percebia de aviação, um activo especialmente importante quando se vive a pior crise de sempre no sector. Depois não conseguiu ver a TAP abrangida pelos apoios Covid, considerando isso normal porque, disse-o várias vezes, a empresa estava falida.
    Esta última semana viu demitirem-se 2 administradores não executivos – Esmeralda Dourado, Diogo Lacerda Machado – e a perspectiva de saída de mais um, Trey Urbahn. O Conselho de Administração ficará reduzido a 6 elementos, como escreve Ana Suspiro no Observador, violando os estatutos. Além disso, a Comissão Executiva está reduzida a dois elementos numa altura em que a empresa enfrenta o maior desafio da sua vida. Neste momento, já não está na TAP nenhum executivo da anterior gestão.
    O ministro aproveitou o anúncio de saída dos dois administradores para dizer que já tem gestor para a TAP, o alemão Albrecht Binderberger, que por sua vez não quer assumir o cargo sem conhecer o plano de reestruturação da empresa, que estará pronto, na melhor das hipóteses, em Abril. Repare-se que data de Julho de 2020 o compromisso do ministro de encontrar uma gestão profissional para a TAP. Disse, na altura, que não seria o Estado a gerir a TAP. Mas, contrariamente ao que prometeu, é o Governo, neste caso o ministro Pedro Nuno Santos, que está a gerir a TAP.
    O mais recente episódio da interferência do ministro na gestão da TAP é o caso da Groundforce. Que parece demonstrar duas coisas: primeiro que o ministro não trata devidamente dos problemas do sector que, como governante, deviam merecer a sua atenção; em segundo lugar que se substitui à gestão da TAP.
    Face aos problemas que o sector da aviação enfrenta, era uma questão de tempo até a Groundforce enfrentar um problema de tesouraria muito grave. Foi resolvendo a falta de dinheiro com adiantamentos da TAP e da ANA, os mais importantes. Mas antecipando que não poderia viver assim, em Julho de 2020 avançou com um pedido de financiamento. Chegamos a Fevereiro de 2021 e o pedido não estava satisfeito. Porquê? Aparentemente perdeu-se nos corredores do poder administrativo, de tal maneira que só chegou onde devia chegar ao Ministério das Finanças há pouco menos de três semanas.
    E o que se está a fazer agora, já com mais de duas mil pessoas sem terem recebido o seu salário de Janeiro, é a construir o processo de financiamento de 30 milhões de euros, envolvendo a CGD e o Banco de Fomento, para que o Ministério das Finanças tenha os dados necessários para dar a garantia de Estado. Um processo que já podia estar concluído se tivesse começado em Julho do ano passado. Como tutela, o ministro devia estar a acompanhar as empresas em dificuldades no sector, por causa da pandemia, como aliás o fazem os seus colegas de Governo, como, por exemplo, o ministro da Economia. Mas, aparentemente, não o fez ou não o fez como devia fazer.
    Já com os trabalhadores sem receberem o seu salário é que o ministro se envolve, mas aqui num processo que deveria caber única e exclusivamente à gestão da TAP. O que está em causa, na intervenção do ministro, é que a TAP adiante cerca de dois a três milhões de euros para o pagamento dos salários, até que se liberte o financiamento da ordem dos 30 milhões de euros que espera o aval das Finanças. A companhia aérea, e bem, recusou-se a continuar a resolver os problemas de tesouraria da Groundforce, tanto mais que vê a empresa sem qualquer plano de reestruturação. Mas devia ter sido a gestão da TAP a resolver o problema e não o ministro.
    Face a todo este historial, que começa na forma como foi tratado o accionista privado e tem nesta última semana os episódios de interferência do ministro na gestão da empresa, quem será o gestor com curriculum que quererá gerir a TAP? Especialmente numa altura em que todas as companhias lutam pela sua sobrevivência e querem contar com os melhores gestores, como vai a TAP convencer alguém que a conseguirá salvar quando é tutelada por um ministro que se mete em tudo?
    O que se perspectiva para a TAP é, lamentavelmente, um futuro muito pouco risonho. Num dos momentos mais difíceis da sua vida, tem dois gestores executivos que foram directores da companhia, um ministro altamente interventivo e um plano de reestruturação desconhecido que pode até pôr em causa os acordos que foram obtidos com os sindicatos. E enquanto a sua concorrência já se está a preparar para o pós-pandemia, a TAP continua envolvida em guerras que são mais políticas do que de gestão estratégica.
    O novo aeroporto é mais um processo de conflito, neste caso com as mensagens do primeiro-ministro a não parecerem coincidir com aquilo que o ministro das Infra-Estruturas vai dizendo e anunciando. A pandemia tanto pode servir como argumento para adiar a construção do novo aeroporto, e partir da estaca zero para se ir parar ao mesmo sítio – uma volta de 360º como escreve Pedro Santos Guerreiro–, como para acelerar o processo. Mas Pedro Nuno Santos preferiu deitar tudo abaixo, esquecendo-se até de como era importante começar uma obra daquela dimensão para contribuir também para recuperar a economia.
    O que faz correr Pedro Nuno Santos desta forma? Pode ter a sorte ou engenho de tudo, a partir de determinada altura, começar a correr bem. Todos nós ficaríamos satisfeitos, já que o que tem nas mãos é muito importante para o país. Mas aquilo que se tem passado até agora não antecipa nada de bom. Quer em matéria de princípios gerais de gestão das empresas do Estado, numa mistura de papéis que está longe de garantir os melhores resultados, quer no constante conflito que vai ditando o abandono de quem conhece os temas.
    (Helena Garrido – Observador de 08/03/2021)
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    Artur Neto and 10 others
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  • PAULO SIMÕES VENTOS UIVANTES

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    EDITORIAL
    Ventos uivantes
    As ilhas portuguesas do Atlântico Norte são de meteorologia e humor imprevisíveis e, por ser assim, os ilhéus sabem que nos Açores e na Madeira manda a lei universal da Natureza. Nem mesmo o simpático e selfie-Marcelo, no seu fato presidencial, escapa aos ventos uivantes das ilhas e a viagem marcada para sexta-feira às regiões Autónomas teve que ser adiada porque o vento madeirense não quis nada com o Presidente da República – talvez um sinal dos Deuses de que a Madeira, tal como os Açores, começa a ficar saturada de uma República que por detrás de um sorriso afável esconde um cinismo genético para com estas ilhas que a custo toleram.
    Os Açores e a Madeira são um mal necessário para um país que quer ter uma das maiores Zonas Económicas Exclusivas do mundo, que quer encher o peito com um mar quase-infinito que lhe garante lugar nas principais mesas negociais internacionais. Lisboa vai tolerando as ilhas porque somos uma espécie de “visto gold” para a roda dos grandes. Os mais de duzentos deputados da Assembleia Legislativa, as dezenas de governantes e figurantes do Estado sabem lá o quanto custa viver rodeado de mar e sujeitos aos caprichos da natureza. Sabem lá o que é viver no Corvo, na Graciosa ou mesmo em São Miguel e Terceira. Mas, contudo, são eles que decidem; são eles que mandam; é deles a Constituição. São eles que destinam 2 por centos das vacinas para as ilhas-adjacentes e 5 por cento para os PALOP. Complexo de culpa do Grande Conquistador agora reduzido à sua insignificância geopolítica?
    A vinda do Presidente da República para dar posse ao Representante da dita é um bom ponto de partida para que nos revoltemos contra quem nos coarta a liberdade a troco de umas benesses que julgam suficientes para nos manter mansos. Desenganem-se que nestas terras-de-mar habitam bravos que chegada a hora exigirão mais da República. Esta é a altura certa para redefinirmos as regras de um jogo com o tabuleiro sempre inclinado para o lado continental, mesmo quando são as ilhas que conferem dimensão mundial a um país pequenino, entalado entre o grande oceano e a gigante Espanha.
    A geopolítica está a mudar e os Açores vão estar de novo no centro do mapa onde se irá disputar o futuro da Europa. Aguardemos , tal como Ulisses, pelos ventos uivantes que se avizinham.
    (Paulo Simões)
    in, Açoriano Oriental, 07 de Março / 2021
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  • Cronica: CRÓNICA 359 descolonização, COLONIALISMO, COMBATENTES E FALTA DE RESPEITO | Diário de Trás-os-Montes

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    CRÓNICA 359 descolonização, COLONIALISMO, COMBATENTES E FALTA DE RESPEITO, 2.9.2020 CRÓNICA 289 Há temas que alguns chamam fraturantes e eu designo como demasiado incómodos para discutir, e desde há

    Source: Cronica: CRÓNICA 359 descolonização, COLONIALISMO, COMBATENTES E FALTA DE RESPEITO | Diário de Trás-os-Montes

  • povo aquático

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    POVO DE BAJAU
    Capazes de mergulhar mais de 70 metros e permanecer submersos por até cinco minutos, os bajaus possuem características genéticas que os adaptam ao seu estilo de vida
    Mergulhadores, Povo de Bajau, grupo semi- anfíbio - Mar Sem Fim
    MARSEMFIM.COM.BR | BY JOAO LARA MESQUITA
    Mergulhadores, Povo de Bajau, grupo semi- anfíbio – Mar Sem Fim
    O povo de Bajau, mergulhadores do arquipélago malaio, passa quase toda vida no
  • sou. Mulher! Sandra Fernandes

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    Eu tinha tudo para ser…

    Cedo percebi que ter nascido mulher me iria trazer algumas batalhas dolorosas de travar. Mas tinha de as enfrentar de caras, sem fugir ou passar a vez.
    Nasci num mundo de homens. Sim. Ainda há quem acredite que o homem é o dono do mundo, quando estes, tantas vezes nem sabem bem o que fazer com a sua vida, quanto mais com a vida dos outros…

    À minha volta, na sua maioria, as figuras eram masculinas. Umas a aprenderem a ser macho, outro macho puro, e no meio daqueles exemplos, um, o meu Avô, que apesar de às vezes parecer rústico, carregava uma sabedoria serena difícil de encontrar num homem. Morreu cedo demais… A sua partida deixou-me à beira do precipício…

    A menina da casa tinha de seguir os padrões estipulados. Nada de andar de bicicleta, brincar com amigas, estava fora de questão. Continuar os estudos… Nem pensar.

    Durante muitos anos ouvi que “o lugar de mulher é em casa”, a “obedecer o marido em tudo” e “a criar os filhos”. Ouvi “que mulher que trabalha fora é puta” e que “mulher que pinta os beiços (lábios) com batom era mulher da vida”… Realmente, eu tinha tudo para ser uma destas mulheres que acabam por ceder a estes ensinamentos… Mas não cedi! Segundo o modelo, sou puta até hoje, continuo a ser uma “mulher da vida”, que já casou duas vezes, que já se divorciou duas vezes e contínua “à procura de sarna para se coçar”…

    Durante anos, eu vi como não se deve tratar uma mulher, a mãe dos filhos, a companheira que abriu a porta de casa para abrigar quem tinha sido expulso de casa dos pais e não tinha aprendido com o desamor de mãe… Durante anos, muitas vezes jantei no meu quarto para não aborrecer o monstro que morava em casa.
    Durante anos eu deixei de andar de bicicleta, deixei de brincar com as amigas… De um dia para o outro, deixei de ir ao Liceu, pela simples razão de que “mulher é em casa, sentada no canto do estrado a fazer renda…”. Eu deixei a meio o estudo do Auto da Barca do Inferno, para viver o inferno em tempo real, deixei para trás os Lusíadas e fui viver o meu próprio Cabo das Tormentas, passei a ser o escudo defensor da Mulher que mais amo neste mundo…

    Eu pensava que a minha realidade poderia mudar, se eu mudasse de lugar. Mas os meus dezasseis anos, não me permitiam ver ainda que, de onde tinha vindo aquele monstro, tinham vindo outros mais… Mais monstros haviam sido criados para fazerem das mulheres, não companheiras de vida, mas escravas, não seres felizes, mas máquinas de cozinhar, lavar e passar, e à noite serem fodidas como se não sentissem, como se não estivessem ali, quer lhes apetecesse ou não, serem tocadas e invadidas…

    Eu tinha tudo para ser uma fraca. Sem auto-estima, sem amor-próprio, sem vontade de viver e procurar amor… Cada queda que dei deixou uma ferida. Cada vez que me levantei, criou em mim uma cicatriz… Mas ter sofrido à mão de alguns homens que passaram na minha vida, não me faz odiar todos os homens. Não podia, que “uma árvore não faz a floresta”. A vida deu-me a missão de criar um e ensinar-lhe que o homem não pode tudo por ser homem e que ser homem não faz dele mais, nem menos do que uma mulher. Desde cedo que lhe ensinei que não há tarefas de homem nem de mulher, há sim tarefas que precisam ser feitas e que em nada nos reduzem. Cedo lhe ensinei que o corpo de uma mulher não é terreno baldio. Cedo aprendeu que Sim é Sim e Não é Não.

    Eu tinha tudo para ser saco de pancada. Mas não. Vou defender-me sempre que me sentir ameaçada. Não deixo que mais ninguém me empurre escada abaixo… Não permito que mais nenhum homem me levante a mão ou me use, quer a nível emocional ou material, como se a minha vontade, os meus interesses ou os meus desejos não existam.
    Há uma altura da nossa vida que não podemos continuar a perder tempo com o que não tivemos. Temos de avançar. E avançar é dar valor ao amor que nos foi dado e acreditar que ainda há muita coisa boa para nós.
    Há quem diga que temos de perdoar para avançar. Eu sei que só perdoo quando sinto que foi um erro, mas repetições não podem ser vistas como erros. E não posso perdoar quem nunca muda e quem nunca se arrepende… Apenas deixa de fazer parte da minha vida, deixa de ter tempo e importância. Se isto me deixa mais fria? Não. Apenas mais leve… Que de nada adianta carregar quem não quer seguir, aprender e evoluir…
    Eu tinha tudo para ser um ser vazio, sem poesia no interior, mas eu dou importância a quem me estima e a quem me dá amor. Tenho tantos capítulos tristes e magoados para partilhar, mas agora dou privilégio aos que me fortalecem e me levam aos jardins da felicidade…
    Cedo percebi que ter nascido mulher me iria trazer algumas batalhas dolorosas de travar. Mas tenho de as enfrentar de caras, sem fugir ou passar a vez.
    Por mim e pelas mulheres da minha vida.
    Aquelas que nasceram livres e aquelas que conquistaram a sua liberdade, com lágrimas e dor, e ainda assim, sempre têm para dar, um abraço de amor.
    Pelas mulheres que não se vitimizam para ter atenção.
    Pelas mulheres inteligentes que não usam atributos físicos para atingirem lugares de destaque. Pelas mulheres que até podem ter errado como mulher mas não como mães.
    Eu tinha tudo para ser…
    E sou.
    Mulher!

    Sandra Fernandes
    8 de março de 2021 ❤

  • racismos

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    A propósito dos insultos de Mamadou Ba ao povo português e à sua História, escreve Paula Helena Ferreira da Silva (Assistente Graduada de Ortopedia, Chefe de Equipa do Serviço de Urgência do Centro Hospitalar do Baixo Vouga):
    Tal como o Sr. Mamadou, nasci em África. Não me corre sangue africano nas veias, mas a alma moçambicana habita em mim.
    Fui expulsa do meu país sem hipótese de escolha, sem justificação, tão somente pela cor da pele, arrancada à força da minha família, da minha casa, dos meus conterrâneos.
    Fui expulsa por pessoas como o senhor e os seus comparsas do SOS Racismo.
    Roubaram-me o resto da infância e da adolescência, forçada a viver em hábitos e costumes diferentes onde só a língua me unia.
    Durante décadas, senti-me deslocada, fui barbaramente vítima de bullying, mandada para a minha terra vezes sem conta apenas e só por ser retornada…
    A ignorância não tem limites e retornada não sou, refugiada talvez, pois a nada retornei. Nasci em África com muito orgulho e mantenho orgulho na História que me proporcionou que assim fosse.
    Nasci na maravilhosa cidade de Lourenço Marques, a pérola do Índico, no fantástico continente africano, rico nas gentes e nos recursos, destruído por décadas de governos ditatoriais que o senhor tanto defende.
    O senhor não sabe, mas em 1974, Moçambique era o produtor número um do mundo de algodão e cana de açúcar.
    Hoje, é um dos países mais pobres do mundo!
    Os retornados foram a maior lufada de ar fresco a entrar em Portugal.
    Ao contrário de si, os retornados e refugiados das ex-colónias, apesar de apenas trazerem a roupa do corpo e a alma carregada de tristeza e mágoa, trouxeram também a resiliência e transformaram a mágoa em trabalho e não em ódio e raros são os que não singraram.
    Nada trouxemos na bagagem a não ser memórias. Tudo foi confiscado, queimado, dizimado. Mas ao contrário de si, a quem tudo foi dado de mão beijada, não nos vitimizámos, não nos encolerizámos, apenas trabalhámos! Trabalhámos e honrámos a Terra e as gentes que nos acolheram!
    Não hostilizámos, não ridicularizámos, não confrontámos os Portugueses da metrópole! Apenas trabalhámos, com a resiliência que nos caracteriza, porque ao contrário de si, as nossas feridas não estão putrefactas e não destilam ódio, antes pelo contrário, emanam tolerância e compaixão.
    Ao contrário do senhor, não recebemos subsídios, não recebemos apoios, o único apoio foram e continuam a ser as doces memórias.
    Memórias de países maravilhosos ao qual um dia ansiávamos voltar, de gente humilde de sorriso largo e alegria sem fim, memórias do cheiro da terra molhada, do cheiro das gentes, das cores, de vidas simples.
    Mantenho gravado o dia da partida e do choro de despedida de quem me criou e amparou e a isso, senhor Mamadou, chama-se Amor. Nós, Africanos brancos, sentimos amor pelos nossos conterrâneos, mas sei que para si não é amor, é racismo.
    Sim, senhor Mamadou, ainda hoje sinto amor pelos meus conterrâneos, choro por eles e pelos vis ataques que sofrem em Cabo Delgado, que curiosamente nunca o ouvi defender.
    Em si só vejo ódio, intriga e difamação.
    O racismo não se combate com racismo!
    O ódio não se combate com ódio!
    Humildade e gratidão é coisa que não lhe assiste. E trabalho Sr. Mamadou? Não será por interesse que move esse ódio? É que esse ódio dá-lhe tachos e tachinhos e trabalho? As suas mãos não parecem ter calos e o seu sobretudo de caxemira não me parece second hand.
    Senhor Mamadou, o senhor pode ter instrução, mas não tem educação.
    Sou de uma geração em que fui educada a respeitar o meu país, Portugal, a minha bandeira, o meu hino, as minhas gentes, os meus heróis.
    Tenho orgulho em Afonso Henriques, Vasco da Gama, Luiz Vaz de Camões, Padre António Vieira, Pedro Álvares Cabral e tantos outros que escreveram a nossa História.
    A História não se apaga, não se reescreve, é um legado dos nossos antepassados, goste-se ou não, é a nossa História.
    Quem é o senhor para a destratar? Ou será que pertence ao grupo daqueles, que por não gostarem dos pais e avós também os apagam?
    Respeito, senhor Mamadou! Respeito! Em casa alheia não se diz mal do pão que é oferecido, porque, um dia, o pão pode acabar.
    Fonte: O Observador
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  • Crónica 386 racismo a rodos (politicamente incorreta)

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    Crónica 386 racismo a rodos 8.2.2021

    Já escrevi sobre este tema em 2019 e 2020, mas a comunicação social insiste em considerar tudo racista e inclui obras literárias (agora foi a vez do Eça), sem ter em conta as noções socialmente aceitáveis da época e que não podem ser julgadas pelos valores de hoje, caso contrário temos de ir já ao dealbar da nacionalidade em que Afonso Henriques era um racista na sua luta de reconquista contra os islâmicos na Península. O melhor é desconstruir o país e devolvê-lo ao Califado, apagamos os descobrimentos e lavamos as máculas coloniais. E esperemos que os outros países façam o mesmo, caso contrário não serve de nada…Ou ir mais atrás ainda aos primeiros homídeos.

    Este tema é sempre difícil de abordar pois todos têm, ou julgam ter, a resposta e a atitude certa, seja ela politicamente correta ou incorreta, mais de acordo com as crenças políticas de cada um do que com quaisquer outros fatores endógenos ou exógenos. A esquerda faz dele bandeira e a direita responde com a portugalidade a que nunca prestou atenção nem preito. Todos são rápidos a disparar, condenar e julgar quaisquer afirmações que se profiram sobre este tema. É um dos chamados tema fraturantes, não só da sociedade portuguesa, mas da maioria das sociedades (ie., daquelas onde é permitido falar dele).

    Cresci numa sociedade fechada em pleno Estado Novo, quando as criadas (não havia técnicas auxiliares domésticas) diziam “se a menina não come corto-lhe a trança e dou-a aos ciganos”, “se o menino se porta mal chamo o polícia”. Havia variações ao tema da cegonha que vinha de Paris. Quando alguém se comportava mal “se continuas assim devolvo-te aos ciganos a quem te comprei”, ou similares.

    Apesar da mistura genética da família, não havia africanos na família, até em 1973 chegar a Timor Português e descobrir um luandense negro com o meu apelido, filho de um primo direito do pai. Também vim a descobrir primos mulatos no Brasil onde havia um ramo de parentes que ali se radicou há um século atrás.

    O racismo era religioso. Quando me casei pela primeira vez e não o fiz pela Igreja, metade da família ostracizou o casamento. Mais tarde quando me divorciei (consta que fui o primeiro) outros houve de mais idade a seguirem o exemplo.

    O racismo era socioeducacional, havia quem tivesse meios para prosseguir os estudos no liceu ou nas escolas comerciais e industriais e outros sem esses meios, e a distinção fazia-se logo ali nesses infantes com quem nem brincar se podia.

    O racismo revelava-se nos nomes e apelidos, resquícios dos tempos da monarquia e de fidalguias arruinadas. Era igualmente visível nos subúrbios onde se crescia dentro da cidade (no Porto era a Foz, Avenida da Boavista, Avenida Marechal Gomes da Costa vs Rua dos Combatentes nas Antas, por exemplo), e prolongava-se pelos locais de férias (no norte, os transmontanos iam de banhos para a Póvoa de Varzim, e a gente “fina” andava mais pela Granja ou Miramar enquanto a Aguda era mais classe média baixa…)

    O racismo social (e económico) prosseguia dentro das próprias elites consoante os colégios que se frequentavam e as festas onde se ia. Depois veio o 25 de abril e tudo se baralhou, mas o racismo continuou com novos paradigmas e alvos (apenas os ciganos se mantiveram na linha da frente).

    Quase todos os que se insurgem seriam incapazes de viver num subúrbio de ciganos ou afrodescendentes que alegadamente dizem defender desse racismo. Mas fica-lhes bem a defesa dos mais fracos.

    Aqui nos Açores, além dos tipos de racismo atrás descritos, há outros derivados da canga feudal que constituía a matriz dominante das ilhas, mas muita gente, mais capaz do que eu, poderá elaborar sobre o tema. Como tornei a escrever ironicamente em 2020

    Não há racismo em Portugal, desde que sejam todos brancos, sem pretos, nem mulatos, mestiços, ciganos, judeus, imigrantes, árabes, muçulmanos e outros indesejáveis de raças inferiores

    Não há racismo em Portugal, desde que sejam todos brancos, e sejam do meu clube.

    Não há racismo em Portugal, desde que sejam todos brancos, e estejam orgulhosos de terem andado a matar turras em África

    Não há racismo em Portugal, desde que sejam todos brancos, e não sejam comunistas, socialistas ou traidores da descolonização

    Não há racismo em Portugal, desde que sejam todos brancos, e não sejam desertores ou objetores de consciência

    Não há racismo em Portugal, desde que sejam todos brancos, e não sejam criminosos

    Não há racismo em Portugal, desde que sejam todos brancos, e não sejam homossexuais, lésbicas ou outros com comportamentos desviantes

    Não há racismo em Portugal, desde que sejam todos brancos,

    desde que sejam todos brancos,

    todos brancos

    brancos

    Um povo que nunca cuidou de se educar, de ter formação pessoal e profissional capazes (os governantes não o quereriam, quanto mais incultos mais manipuláveis), sem gosto na sua história, na sua língua e na sua cultura sempre confundida com atividades circenses, touradas ou futebol surge retratado na TV como aquela mulher que dizia do primeiro-ministro goês “eu não vou lá muito com a cara dele” e assim faz as suas opções políticas, mal dissimulando o seu racismo, xenofobia e preconceitos seculares. É este povo que vota e faz as suas escolhas no seu analfabetismo disfuncional.

    Olho pela janela e as brumas não auguram a chegada de nenhum Sebastião, desejado ou não. São apenas brumas, o Sebastião jamais chegará em dias de nevoeiro e mesmo que chegasse não salvaria este país. Estamos neste mundo louco em que a desintegração da sociedade ocidental arrasta consigo princípios e valores, criando zombies, novos paradigmas da sociedade, novos escravos com a designação de colaboradores, em que ressurgem fantasmas de nazismo, racismo, xenofobia, egoísmo, mentira, manipulação, a um nível que há muito julgávamos arredados. Afinal, como diz o outro, apenas estalou o verniz primitivo.

    Mas a maioria dos que me rodeiam, impávidos e serenos, quase como nos tempos do Estado Novo em que íamos “cantando e rindo” e deixa-se enlevar por este torpor, este amolecimento das capacidades críticas de pensamento e de discernimento pensando que chamando a tudo e todos de racistas apaga as máculas ancestrais.

    Eu, sinceramente, não entendo que deva pedir desculpas por eventuais parentes e antepassados que agiram de acordo com as normas vigentes na época, por mais insanas que me possam parecer hoje. Se foram negreiros, bandeirantes, missionários ou meros miscigenadores, limitaram-se a cumprir essas normas então vigentes.

    Voltando ao início desta crónica, em minha casa havia criadas, hoje tenho empregadas ou funcionárias, adaptei-me aos tempos que correm sabendo que não é por se mudar o nome às coisas ou por as condenarmos agora que elas desaparecem ou que criamos uma igualdade que não existe.

    Chrys Chrystello, Jornalista, Membro Honorário Vitalício nº 297713

    [Australian Journalists’ Association MEEA]

    Diário dos Açores (desde 2018)

    Diário de Trás-os-Montes (desde 2005)

    Tribuna das Ilhas (desde 2019)

    Jornal LusoPress Québec, Canadá (desde 2020)

     

     

     

  • para pensar

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