Há quem diga que 2020 foi o pior ano de sempre.
Não foi. Os nossos antepassados enfrentaram crises muito maiores, sanitárias e económicas, como a chamada “gripe espanhola”, em 1918, no fim de uma guerra mundial.
Seja como for, esqueçamos a tragédia de 2020 e saibamos retirar do ano velho a aprendizagem para um novo ano muito melhor e mais perfeito.
Há dois desafios cruciais que vamos enfrentar em 2021: um de ordem política e outro estratégico.
É preciso definir um rumo novo para o desenvolvimento das nossas ilhas.
O projecto harmónico dos primórdios da Autonomia e o das Ilhas de Coesão das últimas duas décadas revelaram-se tremendos falhanços e com consequências desastrosas para as ilhas mais frágeis.
A estratégia tem de ser outra, criando um verdadeiro mercado interno, com acessibilidades iguais para todas as ilhas, evitando os tradicionais privilégios, sem burocracias ruinosas e com um objectivo comum: criar riqueza em cada uma delas para alavancar empregos e manter os jovens nas suas terras.
É para aí que devem estar focados os próximos fundos comunitários, numa aposta forte na valorização das pessoas, na qualificação dos jovens, caso contrário vamos continuar com a hemorragia demográfica que já é bastante grave em várias ilhas.
No plano político, o novo governo vai ter de fazer prova a duplicar.
Tem de provar que esta solução de coligação tão fragmentada é a melhor para os destinos da nossa região e, ao mesmo tempo, tem que provar que as nomeações que fez foram as mais acertadas.
Tudo porque este governo começou mal, dando sinais ao cidadão comum de que “é igual ou pior” do que os anteriores na distribuição de cargos, já que aumentou a sua estrutura com uma catrefada de secretários e directores regionais, muitos deles repescados, como sempre, nas jotas dos “boys and girls”, outra vez com muitos cruzamentos familiares e cujos currículos mais vistosos são a colagem de cartazes nas campanhas eleitorais.
Se isto resultar, cá estaremos para reconhecer humildemente o engano.
Só que a história recente nos ensina que nunca resultou. Nem cá, nem lá fora.
Fiquemos, pois, redobradamente atentos aos novos desafios e façamos a nossa parte como contribuintes de corpo inteiro: pagando, mas ajudando a criar bons resultados.
E se os governantes não se portarem à altura, também pagarão nas urnas.