Quase todos os países europeus já constituíram os seus grupos de trabalho e todo o planeamento para transportar as vacinas contra a Covid-19.
Portugal só agora acordou e, sem saber ainda como virão as vacinas, já está instalada a confusão com gente (i)responsável a anunciar que não haverá vacinas para todos ou que os idosos acima de 75 anos, sem doenças, não terão acesso!
Como diz o Presidente da República, deixem-se de “ideias tontas” e comecem já a trabalhar.
O alerta também serve para cá. É verdade que só agora é que o novo governo tomou posse, mas já devia estar preparado para o que aí vem no sector da Saúde, pelo que não há tempo a perder, especialmente com burocracias tontas, como parece existirem na constituição da tal equipa de peritos de saúde pública.
O tempo actual é de urgência total, sob pena de entrarmos numa situação de colapso total com consequências desastrosas para a vida de todos nós.
Aliás, algumas dessas consequências já se notam na região, fruto de uma má preparação para a segunda vaga que estamos a enfrentar.
De Março até agora parece que não aprendemos nada e andam as autoridades a discutir se o titular da Saúde Pública pode ou não continuar no cargo!
O Serviço Regional de Saúde está ligado às máquinas e se não tiver quem o reanime urgentemente, não haverá cuidados intensivos que o salve.
De Março até 15 de Novembro já morreram nos Açores mais 90 pessoas do que a média de óbitos nos últimos 5 anos.
É um dado preocupante, que só tem explicação no facto de muita gente não estar a recorrer aos cuidados de saúde, por dificuldades de acesso ou por incapacidade de resposta do Serviço Regional de Saúde.
A crescente lista de espera de açorianos para uma cirurgia é um dos grandes falhanços da nossa governação e há que pôr termo a isso.
Há quatro anos tínhamos menos de 10 mil doentes em espera, hoje já vamos quase nos 13 mil e só no último ano entraram mais 500 para a lista.
Há que dotar os hospitais, urgentemente, de recursos de toda a ordem e pô-los a funcionar com uma organização de excelência.
O que se está a passar no maior hospital desta região é preocupante e o novo governo ou toma conta da situação rapidamente ou será apanhado pela impopularidade num abrir e fechar de olhos.
Não se entende que o simples confinamento profilático de funcionários ligados ao Serviço de Esterelização provoque suspensões e atrasos nas cirurgias, quando situações como esta, mesmo a ocorrerem noutros serviços, devem estar acauteladas para que todo o processo de actividade vital dos hospitais não seja interrompido.
Não se compreende que um Plano de Contingência, em qualquer empresa, não tenha o contributo decisivo do médico de trabalho, especializado em saúde pública, muito menos num hospital.
Não se compreende que se adquire e inaugure, com pompa e circunstância, um aparelho de ressonância magnética de topo de gama e depois não funcione porque é preciso dar formação a quem o opera.
Não se entende que se deixe o quadro médico e de outros profissionais de saúde a esvair-se, sem contratar outros em nome de uma qualquer poupança que vamos todos, utentes, pagar depois mais caro.
Não se entende que, lá fora, se recrutem médicos e outros profissionais na reforma, quando aqui não se autoriza que eles permaneçam nem mais um dia nas instalações, mesmo que se ofereçam para continuar a trabalhar.
Custa a perceber que, entre Março e agora, não se tenha resolvido um único caso de falta de recursos apresentado pelos Delegados de Saúde, que estão a recorrer a profissionais de outras áreas para o trabalho extenuante que estão a enfrentar diariamente.
É preciso acabar com o desleixo e desorganização que reina em muitos sectores da saúde, reformular tudo o que for preciso reformular e não deixar ninguém para trás, em nome da pandemia, muito menos os outros doentes que necessitam de cuidados permanentes.
Deixem-se de burocracias, deixem-se de discussões estéreis e acabem com os enredos de bastidores.
Mexam-se!