Mês: Novembro 2020

  • teoria da treta 2006

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    11.24. A TRETA E INVERDADE. CRÓNICA 31, 1 NOVº 2006

    Estamos a viver na sociedade de treta ou parafraseando Harry G. Frankfurt “On bullshit”. Esta é a nova adjetivação. A treta (bullshit) é mais perigosa e insidiosa do que as mentiras, pois está-se nas tintas para a verdade, generalizada e entrincheirada nos discursos dos políticos e dos fazedores de ideias. Trata-se de regra socialmente aceite por todos, escondendo dos destinatários o que o autor ambiciona. Inicialmente utilizada pelo marketing e relações públicas, passou a ser utilizada por todos, mesmo sem intenções de vendas. Todos têm opinião esclarecida sobre tudo, mesmo que nada saibam sobre os temas. Agora nos jornais e telejornais todos são comentadores e opinam sobre tudo e mais alguma coisa, sem formação específica. Começam como comentadores desportivos e acabam graduados em políticos ou vice-versa, falam de defesa nacional, economia, religião, relações internacionais, terrorismo, gastronomia, epidemias e o for necessário. Lembram a versão séc. XXI dos vendedores da banha da cobra.

    A hipocrisia substituiu a busca da verdade e os interesses de Estado. Os ministro já não dizem o que é melhor para o país, mas descaradamente confessam o que melhor pode servir os seus interesses e dos grupos que os alimentam.

    A verdade deixou de ser importante, permutada pela inverdade, para não lhe chamar abertamente, mentira. Cada vez mais o que se lê nos jornais tem de ser posto em causa, e, como no tempo da ditadura, temos de buscar fontes alternativas ou subterrâneas. Assiste-se nos jogos de futebol televisionados a comentadores que não sabem disfarçar o sectarismo clubístico e interrogámo-nos sobre se estão a ver o mesmo jogo. Num país em que a responsabilidade morre sempre solteira, dizem que se vai fazer um estudo, uma investigação, seja lá o que for, para apurar responsabilidades que nunca serão esclarecidas. Nunca é dito a culpa é minha, a incompetência foi nossa, ou coisa desse jaez.

    É a regra da treta aplicada a tudo, desde professores doutores sem cursos, a lecionar sem quaisquer pruridos, em instituições universitárias, a ministros corruptos em negociatas resultantes de anteriores postos políticos. A vergonha desapareceu da face da terra e os valores educacionais que tenho, foram reciclados na incineradora. Ministros e políticos, empregam mulheres, filhos, cunhados, sobrinhos, primos, descaradamente, sem concurso, porque são pessoas da confiança (aqui levado ao extremo nos Açores). Nem acho mal empregarem pessoas de confiança desde que tenham mérito, mas essa seria a exceção. Acho melhor fazermos o mesmo com o nosso voto e só o darmos a pessoas da nossa inteira confiança e da família…é a descrença total do sistema político, da saúde, da justiça, da educação, eu sei lá.

    Os alunos não passam ou o ranking PISA indica que Portugal está atrasado? Passemos todos e a taxa melhora…os alunos não aprendem? Reduzam-se e simplifiquem-se os cursos ao mínimo denominador comum para que passem e sejam doutores. Que interessam cursos desajustados da realidade e do mundo do emprego? Faça-se um país de doutores que a taxa está baixa. Mais regra da treta. A vida está cara? Para quem[1]? Para os que fruto de arranjinhos vários depois de trabalharem x tempo no lugar y recebem compensações ou rendas vitalícias que acumulam livremente com outro emprego sem perderem as reformas? Ou aquele senhor que se reformou por incapacidade aos 45 anos e recebe salário de milhares? Ou os que saem de ministros depois de favorecerem uma firma para cuja administração irão a seguir? Mas se isto é pior do que há 25 anos, ainda pode piorar mais e não haverá reformas para ninguém. Óbvio, o que me move é a inveja de não ter uma Fundação (Soares ou Saramago ou outra) a receber subsídios a fundo perdido do Estado, ou de já não ter ninguém da família no Governo ou no Parlamento. Mera inveja de não pertencer ao bando da regra da treta. Ainda sou do tempo em que uma verdade bem contada podia arruinar a carreira de qualquer um, hoje nem uma mentira bem contada afeta seja quem for… e sempre fui mau mentiroso.

     

    [1] Para o Cavaco antes da reforma, ou depois de ser Presidente da República com reforma paga e mal podia viver com 12 mil € e tudo pago…?

     

     

    atualizado em

    Sobre as Teorias de Bullshit e os Bulshitters (ou, traduzindo à letra, sobre as Teorias de Merda e os Merdosos). Um artigo de Elliott Crozat na revista Epoché Philosophy Monthly a propósito das aparências de verdade que hoje nos rodeiam. Inclui uma prática classificação das Teorias de Merda e dos Merdosos #bullshit https://epochemagazine.org/an-examination-of-bullshit…
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  • acabar com a cultura

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    salvamo-nos se nos juntarmos à agricultura ..os das vacas recebem sempre e nem são agricultura são pecuária..

  • CONSTA QUE A VACINA DE OXFORD É MELHOR

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    Várias notícias indicam que a eficácia da vacina de Oxford é de 70%. Na verdade, é bem melhor do que isso. Foram experimentados dois tratamentos:
    1) Num deles, deram 1 dose e, mais tarde, outra dose. Esse tratamento revelou uma eficácia de 62%.
    2) No outro, deram meia dose primeiro e, depois, 1 dose completa. Este tratamento revelou uma eficácia de 90%.
    A média dos dois é que deu 70%, o que quer dizer que cerca de dois terços da amostra levou o primeiro tratamento e um terço o segundo.
    Sendo esta vacina incomparavelmente mais barata do que as restantes, e não levantando problemas logísticos de maior, deverá ser a vacina preferencial. Especialmente se se confirmar que meia dose seguida de dose completa tem mesmo os 90% de eficácia anunciada.
    Oxford University breakthrough on global COVID-19 vaccine | University of Oxford
    OX.AC.UK
    Oxford University breakthrough on global COVID-19 vaccine | University of Oxford
    Oxford announces interim trial data from its Phase III trials that show its candidate coronavirus vaccine is effective at preventing COVID-19 and offers a high level of protection.
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  • NADA SERÁ COMO DANTES JOSE GABRIEL AVILA

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    (Crónica transmitida hoje na Rádio Atlântida )
    Já várias vezes afirmei, na imprensa e na rádio que nada ficará como dantes, no final da pandemia: haverá grandes alterações na atividade laboral, o processo produtivo em todos os setores sofrerá mudanças e as regras do mercado também serão modificadas. Basta analisar a situação decorrente do encerramento de empresas, a enorme perda de postos de trabalho, a quebra significativa do turismo e os seus efeitos nas infraestruturas hoteleiras, basta olhar em redor e ver a quantidade de portas fechadas nas principais artérias da cidade para compreendermos que não há dinheiro em circulação e portanto, quem não tem dinheiro não tem vícios.
    Mesmo que se apele às compras no comércio tradicional, o consumismo de outrora nunca vai voltar a ser o que era, temos de nos convencer disso.
    O Papa Francisco, numa mensagem enviada a um encontro virtual com jovens quadros de 115 países: cientistas, economistas, homens do saber, afirmou que “Passada esta crise sanitária que estamos vivendo, a pior reação seria cair ainda num febril consumismo e em novas formas de autoproteção egoísta. E acrescentou: política e economia devem estar ao serviço da vida, especialmente da vida humana.
    A medida do desenvolvimento é a humanidade. Sem esta centralidade e orientação, ficaremos prisioneiros de um círculo alienante que somente perpetuará dinâmicas de degradação, exclusão, violência e polarização. – citei
    Há um pensamento económico novo a afirmar-se que nada tem a ver com o sistema que nos trouxe até aqui, mas que muitos ainda, e infelizmente, pretendem recuperar.
    Ou seja, por um lado, há cada vez mais quem defende que a economia deve orientar-se na preservação do meio ambiente, na proteção da natureza, na inclusão de todos os homens, sobretudo dos excluídos, fruto da economia sem coração, sem alma, que criou um enorme fosso entre ricos e pobres; por outro, instituições de grande peso económico e político como o conselho económico e social portiguês, continuam a defender um orçamento de estado expansionista, para relançar a economia, dentro das linhas tradicionais. Se é verdade que não se pode mudar tudo de um momento para o outro, está-se a perder tempo, porque esta crise pandémica deve constituir um momento de viragem para reorientar a atividade económica e o desenvolvimento da sociedade numa direção que promova a integração social e a solidariedade humana.
    Sim solidariedade social, pois só ela promove o desenvolvimento humano de todos, sobretudo dos mais fracos, aproveitando o contributo coletivo e as capacidades que cada cidadão deve dar ao bem-comum.
    O desenvolvimento económico constrói-se com pessoas. Infelizmente parece-me que aqui nos Açores, estas questões passam ao lado das preocupações dos políticos, dos empresários, dos trabalhadores e até do meio académico.
    Defendo há muito que para deixarmos de estar na cauda da Europa, devemos saltar para a linha da frente com projetos empresariais que tenham na proteção ambiental e no turismo com ela conexo, na exploração e preservação da zona económica exclusiva e na investigação científica e tecnológica, as traves mestras do nosso processo de desenvolvimento.
    Pelos vistos, nada disto acontece. Reina um conservadorismo e uma impreparação confrangedora na tomada de decisões que nos afastará cada vez mais do pelotão da frente.
    A pandemia permite parar para pensar. É um conselho antigo que nunca deixou mal ninguém. Espero que o novo governo tenha a lucidez de apontar um novo caminho para uma nova e diferente economia.
    José Gabriel Ávila
    22nov2020
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  • SALVEM O SNS

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    Nas últimas duas semanas o número de pessoas com responsabilidade ou visibilidade pública em Universidades, direcções de hospitais, juristas, nenhum deles em qualquer organização negacionaista, tomaram posição pública contra o confinamento e o estado de emergência. O desgaste do Governo que não fez o que podia de facto salvar vidas – reforçar o SNS e proteger os lares – é evidente, sobretudo com o colapso das PMEs, e da saúde não COVID. Nunca António Costa foi tão questionado, depois de um longo reinado em que governou sem que lhe fossem pedidas explicações sustentadas sobre as decisões. Incluo-me entre aqueles, na vertente da história do trabalho e da sociologia do país – o mapa hoje dos concelhos a vermelho é claro: a expansão dos contágios dá-se na zona industrial do país e nos municípios muito envelhecidos, com surtos em lares. Confinar pessoas e restaurantes ao fim de semana é inútil e prejudicial. As medidas ameaçam o Estado democrático. E há milhares pessoas a morrer porque o pânico foi lançado e têm medo de ir aos hospitais. Também me incluo nos que, desde Março, defendem o reforço dos cuidados médicos, e a requisição civil de hospitais e laboratórios privados para combater a doença.
    Que me recorde, rapidamente, temos neste campo, das críticas às medidas, cada um com reflexões e opiniões distintas, Jorge Torgal, Maria José Morgado, Manuel Alegre, Santana Castilho, Garcia Pereira e, só nesta semana, vários directores de grande parte dos hospitais que lidam com oncologia e dezenas de médicos, entre eles intensivistas e anestesistas, pediatras e cardiologistas, e ainda colégios médicos e directores de faculdades. Hoje no JN um psiquiatra tenta usar o meu nome como isco para um artigo onde pede que todos os críticos que se calem e, com pouco talento retórico, nos coloca a todos em grupos negacionistas. Isto é, na dúvida, como o paciente não está a reagir (não nos sujeitamos a medidas sem evidências), passa-se a dose de 10 mg para 500 mg: vamos dizer que todos os críticos são negacionistas, vegans, terraplanistas, amigos de extra terrestres, e assim calaremos os cientistas críticos por medo de serem confundidos com grupos que negam a ciência.
    Vejam, estudo o SNS há dez anos e, pelo lugar que o meu trabalho ocupa, tenho muita consciência do que digo ou não. E muita tranquilidade. Este artigo, na sua forma ad hominem, é um sinal do desgaste político evidente destas medidas, quando alguém usa a técnica do algoritmo (usar o nome de uma figura pública, na primeira linha) para depois falar de outros – negacionistas, grupos pela verdade – e no fim pedir por favor “Calem-se todos, tenham uma opinião desde que seja a favor”. Sendo o articulista psiquiatra confesso que me recordei com humor de um belo livro O Alienista, de Machado de Assis. Há no romance um psiquiatra que quer tratar toda a cidade e, passado pouco tempo, estão todos dentro do seu manicómio, diagnosticados com alguma doença, e só ele está cá fora.
    Sr. Dr., tenha calma por favor. A vida em sociedade tem cores brilhantes e a vida académica, científica e intelectual, por sinal, é das mais ricas em cores. Não existe consenso, o consenso é anti científico. Mas, sobretudo, compreenda algo: não estamos todos com vontade de frequentar o seu manicómio.
    Respeitosos cumprimentos
    Raquel Varela
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  • CARRERAS, DOMINGO, PAVAROTTI

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    Source:

     

    https://www.facebook.com/messenger_media?thread_id=1118047877&attachment_id=455745232492180&message_id=mid.%24cAAAAABNqVdd8Jc6Unl19Ij5tzYc3

  • que-anubis-nos-proteja-chrys

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    Que Anubis Nos Proteja ChrysPages From 2020 11 22

    366. Anubis

     

    esta e anteriores em https://www.lusofonias.net/mais/as-ana-chronicas-acorianas.html

  • maria luisa soares fomos nós

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    Pages From 2020 11 22 2.pdfmaria Luisa Soares Fomos Nos

  • Il Volo en Miss Italia (en sus inicios…realmente espectacular) – YouTube

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