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RESPOSTA AO SR. PADRE JOÃO VILA-CHÃ
REPÚDIO DE UMA TENTATIVA DE ASSASSÍNIO DE CARÁCTER
por Carlos Fino
Mão amiga fez-me chegar, a noite passada, o texto – que a seguir reproduzo – da autoria do senhor padre João Vila-Chã e por ele publicado no seu portal do FB.
Pelo seu teor ofensivo, a matéria não pode passar sem resposta, pois quem não se sente não é filho de boa gente.
O TEXTO-ACUSAÇÃO E A SENTENÇA
“Carlos Fino deve ser um jornalista com muito pouco trabalho, pois desde há meses que não o vejo fazer outra coisa senão divulgar artigos que outros escreveram e produziram, uns com algum interesse, muitos sem interesse algum.
Foi o caso de um artigo que Carlos Fino hoje divulgou com o título «Devota de Nossa Senhora, ex-freira e lésbica». Ao ler o título, comentei: « Notícia parva, completamente inútil, indigna de aparecer numa qualquer folha de couve. Que o Folha de São Paulo o faça, significa uma só coisa: essa folha de couve já perdeu o prazo de validade. Infelizmente, poderá servir em alguma estrumeira comunicacional. Mas de relevante, nada tem.
Sim, a história é ridícula e não merece os bytes que estou a gastar com ela. Assim sendo, imploro: por favor, poupe-nos a estes desmandos. A luz está cada vez mais cara, e do tempo nem sequer se fala.»
Resultado? Primeiro, o habitual chorrilho de insultos dos frequentadores da página do sr. Fino; depois a intervenção do mesmo para nos recordar que a Inquisição já tinha acabado, como se eu não soubesse do facto ou precisasse de um tão pobre jornalista para me explicar o que quer que seja sobre o assunto.
Curioso, porém, é que, incapaz como é de responder à substância do que quer que seja, ou ainda de dizer por palavras próprias o que quer que seja com um mínimo de substância, o sr. Carlos Fino passou a eliminar todas as respostas que eu ia dando às suas «justificações», respostas que, como se pode imaginar, de justificação, no sentido próprio da palavra, não tinham nada. E o meu ponto é este, que quero assinalar: um jornalista que fala de boca-cheia contra a Inquisição, afirmando, e bem, que a mesma já tinha acabado, e dois minutos depois está ele mesmo, pseudo-arauto da liberdade de expressão, a impedir-me de lhe responder, eliminando sistematicamente os meus comentários, a mim, infelizmente, não merece outro apelativo que não seja o da mais vil hipocrisia. Francamente, todos podemos ter comportamentos patéticos. Mas não acham que há patetices que «bradam aos céus»?
Seja como for, o Sr. Carlos Fino, no meu conceito, perdeu toda a respeitabilidade como jornalista ou lá o que ele seja, motivo pelo qual há meses aceitei o seu pedido de «amizade», coisa que em mim é sempre bem-vinda.
Agora, que tudo terminou, desejo ao Sr. Fino saúde e boa sorte na vida, naturalmente esperando nunca mais ter de me confrontar publicamente com as suas tiradas ou, sobretudo, as suas hábeis tentativas de manipulação. Sobretudo, lamento que alguém com a sua profissão dedique grande parte do seu tempo a divulgar textos pseudojornalísticos, frequentemente nada sérios, a maior parte do tempo feitos de faits-divers e vazios de conteúdo. Uma péssima nota, portanto, esta que dou a um nome que cheguei a pensar fosse um dos grandes do Jornalismo em Portugal. Infelizmente, sei agora que não o é. E fico com pena, como se pode compreender.”
A MINHA RESPOSTA
Esta não foi a primeira vez que me desentendi com o sr. prelado Vila-Chã. Já antes, traindo a confiança que nele depositei ao acolher o seu inicial pedido de amizade, o senhor padre foi de tal modo agressivo nas suas intervenções e comentários, que me vi na contingência de suspender a sua amizade, como aliás aconselha o próprio FB que se faça em casos desta natureza.
Passado algum tempo, retomei o contacto, na esperança de que a lição tivesse sido aprendida e considerando ser útil ter opiniões fortes e fundamentadas sobre os temas que aqui vou levantando para conhecimento e debate público.
Hoje, infelizmente, estou arrependido de o ter feito. O sr. padre não só não deixou de ser ofensivo, como agora, num verdadeiro processo sumário à minha revelia, publica um texto altamente contraditório que equivale a uma tentativa de assassínio de caráter.
Ao contrário do que diz o sr. padre, não houve da minha parte qualquer atitude no sentido de cercear a sua liberdade de expressão, o que não faria sentido sendo eu um jornalista profissional, mesmo tendo em conta que o portal do FB não é propriamente um jornal e se destina, antes de mais, a exteriorizar interesses e opiniões pessoais, que devem ser entendidas e respeitadas como tais.
O que se passou foi que o sr. padre, manifestamente irritado pelo facto de eu ter publicado uma notícia do jornal Folha de São Paulo que não era do seu agrado, em vez de aceitar o debate aberto sobre as questões de fundo nela levantadas – a difícil e complexa problemática do sexo e do amor no interior da Igreja – entrou de rompante chamando parvos a todos os que deram crédito à matéria, recorrendo à velha táctica de desqualificar o mensageiro.
Ao contrário do que ele diz, a Folha de São Paulo não é uma “folha de couve” vencida – é simplesmente um dos melhores e mais influentes jornais do Brasil e da Lusofonia.
Chamei-lhe então à atenção de que esse comportamento não era admissível nem compaginável com o seu estatuto de membro de uma Igreja que publicamente defende os valores humanistas de respeito pelo outro, diálogo e entendimento, mesmo na diferença.
Disse-lhe literalmente “contenha-se!” e expliquei que a primeira regra a observar por quem entra em casa alheia é respeitar o dono da casa e as visitas. Não o fazendo, não tinha outra alternativa, por uma simples questão de sanidade, que não fosse apagar os seus comentários ofensivos, como de facto aconteceu.
Esta é uma regra que já explicitei várias vezes e sigo há muito tempo com todos os intervenientes no debate.
Respeito pela liberdade de expressão é uma coisa, ter de aceitar ofensas e agressões pessoais a mim e aos meus amigos, outra bem diferente.
Agora, depois do sucedido, o sr. Padre Vila-Chã persiste na mesma linha acusatória, tentando desqualificar-me como jornalista e arrancando-me na praça pública as insígnias que in illo tempore afirma ter-me atribuído; deviam ser muito fraquinhas para assim as retirar tão facilmente…
Tudo isso num processo em que é instrutor e juiz ao mesmo tempo, decretando a sentença sem me ouvir depois de se proteger bloqueando o acesso ao seu portal. Um método que lembra outros tempos de má memória, em que os réus acabavam no patíbulo ou na fogueira.
O lema do meu portal é e continuará a ser SEJA BEM-VINDO QUEM VIER POR BEM – SINE IRAE ET STUDIO. E está sempre aberto a quem nele queira de forma civilizada expressar as suas opiniões. O que nele não será permitido – como agora não foi – é ofender os outros.
Apesar de tudo, continuo a acreditar que as pessoas podem mudar. Por isso, ao contrário do que faz o senhor padre Vila-Chã, que me condena inquisitorialmente sem apelo nem agravo, peço a Deus que o ilumine para que não ceda à tentação da jactância e da sobranceria e aprenda a dialogar com a humildade própria de um cristão. Sendo pessoa culta e com a ajuda do Senhor, terá todas as condições para o fazer.
Entretanto, tendo tomado conhecimento de alguns dos textos que escreveu, e sem perder a esperança na conversão da sua conduta, vou até procurar conhecer a sua obra na expectativa de que ela transcenda o autor.
