Arquivo mensal: Agosto 2020

AQUI FOI HASTEADA A BANDEIRA DOS AÇORES

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História dos Açores is at São Miguel Island.

1986, Casa do Monte – Ginetes,Ilha de S. Miguel

– Placa comemorativa do primeiro local dos Açores a ser hasteada a bandeira autonómica.
A Bandeira da Autonomia, foi hasteada pela primeira vez por José Maria Raposo de Amaral, em Novembro de 1876, na casa do Monte, Ginetes.

A commemorative plaque of the first location on the Azores Islands, at Casa do Monte, in Ginetes, on São Miguel Island, to have hoisted the 1st Autonomous Flag for the first time by José Maria Raposo de Amaral.

>> Foto relacionada
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=247559042015622&set=a.197581797013347.35030.197544470350413&type=3&theater

English translation: Kevin de Ávila; Foto: Sara Nóia

ASTERÓIDE A CAMINHO, SÓ CÁ FALTAVA ESTE

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Gina Carrascalao

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Now we dont have to worry about COVID

Image may contain: text that says "NWS .com.au NEWS NASA FLAGS ASTEROID ZOOMING TOWARDS EARTH"

7NEWS Australia

2020 has already been quite a testing year, but NASA has now flagged there is an asteroid zooming toward us.
Find out more about the potential impact zones here: https://bit.ly/32eDR7n

ATIVIDADE SÍSMICA NOS AÇORES

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Félix Rodrigues
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Ontem (22/8/2020) ocorreram 9 sismos no Arquipélago dos Açores assim distribuídos: -Seis sismos a oeste da ilha do Faial, onde o com magnitude máxima da escala de Richter chegou a 2.8. -Dois a sudeste da ilha Terceira, onde o com magnitude máxima atingiu o valor de 2.5 na escala de Richter. -Um…

Vivam os portugueses iludidos e mal pagos!

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Vivam os portugueses iludidos e mal pagos!

Posted: 22 Aug 2020 11:40 AM PDT

 

Comprem meninos comprem, canudos ao desbarato!

Andam eles a estudar nas universidades para isto? Gestores? Ministros? Diretores? Doutores? E são eles os suprasumos das elites. E dizem-se a governar Portugal… e blá-blá. Ou será que na realidade, ao estilo do “ótimo negócio” Novo Banco, nos andam a desgovernar e, provavelmente, alguns “nichos” a governarem-se? Ou toda esta desgovernação será causada pela compra e oferta de canudos ao desbarato?

Kamov parados desde 2018 forçam Estado a gastar 12 milhões

Seis meios aéreos pesados estão parados há mais de dois anos e meio e para substituir parte deles o Estado gastou no aluguer de três Kamov, desde 2018, mais de 12,6 milhões de euros.

Uma auditoria que está a ser realizada pela Força Aérea, pela Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil e pela Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) para avaliar se vale a pena reparar os seis helicópteros Kamov comprados pelo Estado Português, em 2006, e que se encontram todos parados desde Janeiro de 2018, está há quase dois anos para ser concluída. Não há data prevista para a avaliação ser terminada e tal não parece estar para breve…

Público

Ilusões: Salário mínimo “poucochinho” e mais exploração e miséria

Costa entrevistado, no Expresso. Fala de um “novo” apoio social que deve ser mais do mesmo (miserável), das pensões/reformas indignas (miseráveis) não se vislumbra palavra mostrada pelo anunciado no Expresso. Que o SMS vai ser aumentado (um poucochinho) miseravelmente… E quer o apoio da chamada esquerda para continuar com as suas políticas e governação neoliberal, ao estilo dos partidos do “arco da governação”, agora com mais partidos à direita na AR, um até racista e fascista até dizer chega. E os liberais – como se o PS não fosse tão liberal. Lá vêm mais “cantigas do bandido” protagonizadas por Costa e “sus muchachos” da ala esquerda-direita do seu PS cor-de-rosa-alaranjado. O costume: camafeu-camaleão.

António Costa em entrevista: um novo apoio social, salário mínimo sobe, IRS não desce, IVA da luz sim

O primeiro-ministro, António Costa, pede à esquerda apoio até 2023 para manter a recuperação de rendimentos nos próximos orçamentos e acena com novo apoio social paralelo ao RSI (só enquanto a pandemia durar), com o aumento do salário mínimo (ainda que mais baixo do que o previsto) e a redução do IVA do luz. No plano fiscal, a redução de IRS será adiada para 2022 ou 2023.

Expresso

Os mais velhos e os mais fracos que se lixem…

Vamos contar mentiras, pode dizer-se e constatar, porque a verdade é que na UE e no resto do mundo, os idosos, em lares ou sem ser em lares, têm sido as grandes vítimas da pandemia em curso de que agora se espera a segunda vaga. Desde o inicio que se sabe que os mais em risco de morrerem se contraírem covid-19 são os idosos e os mais fragilizados pelas doenças – os mais fracos. Não obstante, por toda a UE e no resto do mundo, os idosos têm sido “esquecidos”, desprezados em lares, desprotegidos. Também muitos dos cidadãos mais fracos e mais pobres têm “gozado” do mesmo trato de polé. Doentes oncológicos e muitos outros, sem os apoios e a atenção na proteção devida são igualmente “esquecidos” pelos “mais que tudo sabem e tudo decidem” neste país à beira da miséria permanente implantada. Os velhos e os mais fracos que se lixem! – exclamou Hitler.

O que falhou em Reguengos? O modelo de lar, “uma bomba-relógio”

O surto de covid-19 no lar de Reguengos de Monsaraz veio “expor feridas conhecidas” de forma “violenta”, porque há muito se sabe que o modelo de lar em Portugal, que dá resposta à maioria dos idosos, “é uma bomba-relógio”, “uma realidade desadequada”, admitem as Misericórdias. E quando algo corre mal, os argumentos são sempre os mesmos: falta pessoal, formação e financiamento. Ao DN, Manuel Lemos, Constantino Sakellarides, Manuel Lopes, Ricardo Mexia e André Dias Pereira falam do que falhou em Reguengos, do que falha em geral e da questão de fundo, “o envelhecimento”.

Diário de Notícias

Portugal | Uma vacina obrigatória?

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Portugal | Uma vacina obrigatória?

Posted: 22 Aug 2020 12:03 PM PDT

Inês Cardoso | Jornal de Notícias | opinião

“Num contexto de pandemia, a legislação portuguesa prevê que uma vacina possa ser obrigatória.” Depois de uma frase assim, dificilmente se evitam estilhaços e confusões na mente de muitos portugueses, ainda que a diretora-geral da Saúde tenha acompanhado essa declaração de mil e um alertas e ressalvas. Graça Freitas acabou por dar um salto de gigante num tema fraturante. E a discussão pode até vir a ser necessária, mas seguramente não faz sentido desgastarmo-nos com ela quando é prematura.

Vamos por partes. Portugal assegurou, no contexto da negociação global da União Europeia, a possibilidade de aquisição futura de vacinas – por agora a quatro farmacêuticas, mas estão em curso outras negociações. Há quem já faça contas sobre o alcance dos 6,9 milhões assegurados por Portugal, mas uma pré-reserva não passa disso mesmo. Primeiro, é preciso que os testes comprovem a eficácia da vacina. Depois, sabe-se e foi claramente explicado pelo primeiro-ministro, a vacinação será progressiva e dependerá de muitos fatores, incluindo a capacidade de produção. Iremos tendo lotes e um processo que demorará tempo. Quanto, ninguém saberá dizer.

Em Portugal, a vacinação não é obrigatória e esse caminho foi recusado em anteriores surtos de doenças como o sarampo. A lei prevê a obrigatoriedade em situações excecionais, mas tal hipótese está dependente de muitos fatores, a começar na eficácia da imunização e na evolução da pandemia. Por mais desejada que a vacina seja, a sua chegada e sobretudo a sua utilização em massa não passam de uma expectativa. Cada vez mais sustentada, é certo, mas ainda assim uma expectativa.

Com tanta dúvida sem resposta, seja sobre a vacina ou a imunidade pós-infeção, qualquer conjetura sobre a obrigatoriedade não passa de especulação. O que temos mais certo é enfrentar o outono e o inverno sem as esperadas ajudas da ciência. É em função disso que temos de preparar o Serviço Nacional de Saúde e continuar a viver, adaptando comportamentos. E seguindo em frente, porque a solução milagrosa não está, ainda, ao virar da esquina.

*Diretora-adjunta

A “cenoura” da democracia e o “pau” do fascismo”

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A “cenoura” da democracia e o “pau” do fascismo”

Posted: 22 Aug 2020 01:05 PM PDT

Dr. Jacques Pauwels: “Para promover os seus objectivos de maximização de lucros, o capitalismo está disposto a usar a “cenoura” da democracia, bem como o “pau” do fascismo”

Entrevista realizada por Mohsen Abdelmoumen *

«É efectivamente um mito que o capitalismo seja uma espécie de gémeo siamês da democracia. Por outras palavras, que o ambiente político favorito do capitalismo seja a democracia. A história mostra-nos que o capitalismo floresceu em sistemas altamente autoritários e apoiou entusiasticamente esses sistemas.» Isso verifica-se de Bismark a Pinochet passando por Hitler, e não ficará por aí, se isso lhe for permitido.

Mohsen Abdelmoumen: No seu livro “Big Business and Hitler”, fala da colaboração da elite económica, industrial e financeira mundial com Hitler. Hitler era um produto puro, um instrumento do sistema capitalista?

Dr. Jacques Pauwels: o chamado “Nacional-Socialismo” de Hitler, na realidade nenhuma forma de socialismo, era a variedade alemã do fascismo, e o fascismo era uma manifestação do capitalismo, a forma brutal e sórdida com que o capitalismo se manifestou no período entre guerras em resposta à ameaça de mudança revolucionária, personificada pelo comunismo, e a crise económica da Grande Depressão. Na medida em que Hitler personificou a variedade alemã de fascismo, ele pode de facto ser chamado “instrumento” do capitalismo; entretanto, como mencionei no meu livro, o termo “instrumento” é realmente demasiado simplista. Seria mais exacto definir Hitler como uma espécie de “agente”, um ser humano complexo com uma mente própria, agindo em nome do capitalismo alemão, mas nem sempre de acordo com os desejos dos capitalistas, ao invés de um mero “instrumento” ou “ferramenta” do capitalismo alemão. Isso explica por que os capitalistas alemães nem sempre estiveram perfeitamente satisfeitos com os serviços de Hitler. Mas a vantagem desse arranjo era que, após o colapso da Alemanha nazi, eles poderiam culpar o “agente” por todos os crimes que havia cometido em seu nome.

Tem o capitalismo uma necessidade vital do nazismo e do fascismo?

O capitalismo é um sistema socioeconómico muito flexível, capaz de funcionar em diferentes contextos políticos. É certamente um mito que o capitalismo, eufemisticamente conhecido como “mercado livre”, seja uma espécie de gémeo siamês da democracia, em outras palavras, que o ambiente político favorito do capitalismo seja a democracia. A história mostra-nos que o capitalismo floresceu em sistemas altamente autoritários e apoiou entusiasticamente esses sistemas. Na Alemanha, o capitalismo saiu-se extremamente bem quando Bismarck governava o Reich com punho de ferro. A Alemanha permaneceu 100% capitalista sob Hitler, e o capitalismo floresceu sob Hitler, antes e durante a guerra, como demonstrei no meu livro. O capitalismo também pode e deseja fazer parceria com a democracia, especialmente se as reformas democráticas parecem necessárias para dissipar a ameaça de mudança revolucionária, como por exemplo depois da Segunda Guerra Mundial, quando reformas políticas e sociais democráticas (o Welfare State) foram introduzidas na Europa Ocidental para inviabilizar as reivindicações muito mais radicais, até mesmo revolucionárias, formuladas por movimentos de resistência em países como a Itália e a França. Pode dizer-se que, para promover os seus objectivos de maximização de lucros, o capitalismo está disposto a usar a “cenoura” da democracia, bem como o “pau” do fascismo e outras formas de autoritarismo, como as ditaduras militares.

A ascensão de grupos neonazis e fascistas ao redor do mundo serve ao grande capital e à oligarquia que governa o mundo?

Como mencionado anteriormente, o fascismo é uma manifestação do capitalismo. Em outras palavras, é a forma pela qual o capitalismo, como um camaleão, ajusta a sua cor a um ambiente social e político em mudança. O fascismo histórico dos anos 30, personificado por gente como Mussolini e Hitler, reflectiu a resposta do capitalismo, na Itália e na Alemanha, à ameaça dupla da mudança revolucionária ao estilo russo e da Grande Depressão. Após a Segunda Guerra Mundial, quando o fascismo estava presumivelmente morto e enterrado, o capitalismo, especialmente o capitalismo americano, apoiou-se em sistemas neo, quase ou cripto-fascistas para neutralizar ameaças semelhantes. Por exemplo no Chile, onde Pinochet foi levado ao poder para bloquear reformas radicais e manter o país seguro para o capital de investimento dos EUA. Hoje, problemas económicos e sociais cada vez maiores, juntamente com ameaças revolucionárias reais ou percebidas, fizeram com que o capitalismo em vários países gerasse partidos e movimentos fascistas ou, se preferir, quase ou neofascistas. De momento, o capitalismo não precisa de levar esses fascistas ao poder; mas eles são muito úteis porque, como Hitler com seu anti-semitismo, desviam a atenção do público das deficiências do sistema capitalista culpando todas as coisas desagradáveis em bodes expiatórios (de preferência de cor), como muçulmanos, refugiados, os chineses e os Russkis. O escritor alemão Bertolt Brecht nos alertou poeticamente, aludindo ao fascismo hitlerista e à capacidade inalterada do capitalismo de gerar novas formas de fascismo:

“So was hätt einmal fast die Welt regiert! (O mundo quase era governado por tal monstro!)
Die Völker wurden seiner Herr, jedoch (Felizmente, as nações derrotaram-no)
dass keiner von uns zu früh da triunphiert (Mas não nos alegremos demasiado cedo)
Der Schoss ist fruchtbar noch (O útero de onde rastejou ainda é fértil.)
Aus dem das kroch”
(“A resistível ascensão de Arturo Ui”)

A União Europeia culpa a URSS por iniciar a Segunda Guerra Mundial. O que acha disso?

Culpar a URSS e, por implicação, o seu estado-sucessor russo pela Segunda Guerra Mundial, é uma declaração puramente política. Constitui uma distorção monstruosa e vergonhosa da história. Nos anos 30, a União Soviética procurou durante anos estabelecer uma aliança anti-Hitler com a França e a Grã-Bretanha, mas foi sucessivamente rejeitada. A razão para isso é que os cavalheiros no poder em Londres e Paris não queriam ir para a guerra ao lado dos soviéticos contra Hitler, mas queriam que Hitler usasse o poderio militar da Alemanha para marchar para o leste e destruir a União Soviética enquanto assistiriam alegremente do lado de fora. Hitler certamente queria a guerra, e é justamente culpado por iniciar a Segunda Guerra Mundial. Mas os líderes franceses e britânicos merecem uma parte da culpa porque encorajaram Hitler e o apoiaram com sua política de “Apaziguamento”, por exemplo, oferecendo-lhe a Tcheco-Eslováquia numa bandeja de prata no infame pacto que concluíram com ele em Munique em 1938.

Ao culpar a URSS, os políticos e os media ocidentais não procuram encobrir a sua própria horrível história de colaboração com Hitler e o nazismo?

Na verdade, culpando a União Soviética os países “ocidentais”, ou pelo menos seus líderes, procuram desviar a atenção do seu próprio papel na eclosão da Segunda Guerra Mundial. Por meio da sua infame política de apaziguamento, os líderes britânicos e franceses encorajaram e facilitaram os planos de Hitler para uma “cruzada” contra a União Soviética. E a elite corporativa e financeira dos países ocidentais, incluindo os Estados Unidos, colaborou de forma muito próxima – e muito lucrativa – com Hitler, como demonstrei nos meus livros, “Big Business and Hitler” e “The Myth of the Good War”.

Nos seus livros “Big Business and Hitler” e “Myth of the Good War: America and the Second World War”, desmantela o mito da “libertação” da Europa pelos Estados Unidos quando sabemos que foi a vitória soviética de Stalingrado que foi o ponto de viragem da guerra. Não é outra mentira histórica dizer que os Estados Unidos libertaram a Europa? Os Estados Unidos simplesmente não colonizaram a Europa? Como explica a dependência da Europa em relação aos EUA e o facto de os europeus ainda seguirem a política imperialista dos EUA? A NATO não se tornou obsoleta?

É verdade que a União Soviética deu, de longe, a maior contribuição para a vitória dos Aliados. Se o Exército Vermelho não tivesse conseguido deter o rolo compressor nazi em frente a Moscovo em 1941 e obter grandes vitórias em Stalingrado e outros lugares, Hitler teria vencido a guerra. Mas os nazis tinham a máquina de guerra mais poderosa que o mundo já vira, e derrotá-la exigiu contribuições de todos os exércitos aliados e também de movimentos de resistência. Que o exército norte-americano deu também uma contribuição importante não pode ser negado; entretanto, os líderes americanos aproveitaram a presença de seu exército na Europa Ocidental para estabelecer a sua hegemonia sobre aquela parte do mundo. Em muitos aspectos, realmente não “libertaram” os países da Europa Ocidental. Mesmo hoje, a Alemanha não é “livre” para pedir que as tropas americanas deixem o seu solo, e a Bélgica e a Holanda devem tolerar a presença de bombas atómicas norte-americanas no interior das suas fronteiras. O presidente da França, Charles de Gaulle, não estava longe do alvo quando descreveu a libertação norte-americana da França como uma segunda “ocupação”, seguindo os passos da ocupação alemã. Ao contrário dos alemães e belgas, ele teve a coragem de exigir que as tropas dos Estados Unidos deixassem a França, e essa foi uma das razões pelas quais a CIA parece ter-se envolvido em vários atentados contra a sua vida. Mas mesmo de Gaulle verificou ser impossível evitar a adesão à NATO, que não é de todo uma aliança de iguais, mas um clube de “satélites” europeus dos EUA, estritamente controlado pelo Pentágono, e funcionando como um departamento de vendas e relações públicas do “complexo militar-industrial” norte-americano. A NATO foi originalmente criada para defender a Europa Ocidental contra uma totalmente fictícia ameaça proveniente da União Soviética e, portanto, deveria ter sido dissolvida após o colapso do “império do mal”. Para os Estados Unidos, entretanto, a OTAN é um muito útil e poderoso instrumento de controlo da Europa. E, de facto, esse controlo, essa hegemonia, foi estabelecido pelos EUA nos meses que se seguiram ao desembarque das suas tropas na Normandia em 1944. Ironicamente, essa conquista não teria sido possível se o Exército Vermelho não tivesse anteriormente assestado golpes mortais à Alemanha nazi.

A intervenção norte-americana na Europa durante a Segunda Guerra Mundial não foi simplesmente uma guerra capitalista? Não serve principalmente aos interesses do imperialismo norte-americano e do seu complexo militar-industrial?

A Segunda Guerra Mundial resultou em duas guerras reunidas numa só. Por um lado, foi efectivamente uma guerra “capitalista”, ou melhor, uma guerra “imperialista”. O imperialismo foi/é a manifestação internacional e mundial do capitalismo, envolvendo competição e conflito entre as principais potências capitalistas/imperialistas sobre territórios repletos de desiderata como matérias-primas (como o petróleo) e mão de obra barata. A Primeira Guerra Mundial foi um conflito imperialista, mas não resolveu as coisas, por isso as potências imperialistas foram à guerra uma segunda vez. Os EUA sairiam desse conflito como o grande vencedor, graças, ironicamente, à derrota esmagadora do outro candidato à supremacia imperialista, a Alemanha nazi, perante a União Soviética. Ao mesmo tempo, a Segunda Guerra Mundial foi também um conflito entre capitalismo/imperialismo e socialismo, personificado pela União Soviética. É uma ironia da história que os dois tipos de conflito se tenham fundido, produzindo contradições como a aliança de facto da União Soviética socialista, intrinsecamente anticapitalista e anti-imperialista, com duas potências imperialistas anti-socialistas, os EUA e a Grã-Bretanha. A guerra serviu os interesses do imperialismo dos EUA ao permitir que os EUA emergissem como o número um indiscutível do imperialismo. Mas o resultado da guerra foi imperfeito porque também significou um triunfo para a União Soviética anti-imperialista. É por isso que, imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, Washington iniciou uma nova guerra, a “Guerra Fria”, com o objectivo de nada menos que a eliminação da União Soviética.

O imperialismo dos EUA nunca cessou uma política de guerra e golpes em todo o mundo. As guerras imperialistas no Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria, Iémen, etc. não são um sintoma da barbárie do imperialismo norte-americano?

Historicamente, o imperialismo norte-americano perseguiu seus objectivos de maneira sistemática, implacável e, pode acrescentar-se, não apenas abertamente mas também furtivamente, por meio de guerra aberta, guerra económica, desestabilização, sabotagem e tentativas de assassínio. Exemplos dessa crueldade incluem o desnecessário bombardeamento nuclear de Hiroshima, guerra química contra os vietnamitas, tentativas de assassínio bem ou mal sucedidas de líderes recalcitrantes como Fidel Castro e Lumumba e sanções económicas que custaram a vida de dezenas, senão centenas de milhares de mulheres e crianças, como Madeleine Albright infamemente reconheceu numa referência ao Iraque. Então, sim, as guerras iniciadas pelos EUA no Iraque, Afeganistão, Líbia, etc., são sintomáticas dessa crueldade ou barbárie, como lhe chama.

*Jacques R. Pauwels é historiador, investigador e escritor, nascido em Ghent, Bélgica. Emigrou para o Canadá em 1969 após estudar história na Universidade de Ghent e instalou-se perto da cidade de Toronto. Fez estudos de doutoramento na York University em Toronto, especializando-se na história social da Alemanha nazi, e recebeu seu PhD em 1976. Tornou-se professor de história em várias universidades canadianas, incluindo a University of Toronto e a University of Guelph. Em 1995 obteve um Ph.D. em ciência política na especialidade de regulamentação do investimento estrangeiro no Canadá. É professor em várias universidades de Ontário, incluindo a University of Toronto, Waterloo, Guelph, e publicou numerosos artigos.

*É autor de vários livros traduzidos em várias línguas, incluindo “Women, Nazis, and Universities : Women University Students in Nazi Germany, 1933-1945”; “The Myth of the Good War”; “The Great Class War”; “Big Business and Hitler”.
O seu website contém conferências e entrevistas em que participou, bem como as suas numerosas publicações: http://www.jacquespauwels.net/

Fonte: https://ahtribune.com/interview/4347-jacques-pauwels.html

Publicado em O Diário.info