Em tempo eleitoral nos Açores, a Calheta de Pêro de Teive não pode ficar esquecida
O presidente do Governo Regional dos Açores tem vindo a visitar várias obras públicas e a anunciar outras, na ilha de São Miguel.
Seria bom que também se detivesse um pouco na Calheta de Pêro de Teive, em Ponta Delgada, onde existe um “cemitério” de betão, ferro, lixo e ervas, tudo no maior abandono, há aproximadamente 12 anos.
O dr. Vasco Cordeiro não pode dizer que não é com ele. É, sim, porque são terrenos públicos conquistados ao mar e que foram concessionados a um privado, o que nunca deveria ter acontecido, porque o que estava inicialmente previsto era construir ali uma zona de lazer para a população.
O Governo Regional chegou a apresentar publicamente um polémico projecto de chamada requalificação para a zona, mas até hoje não foi concretizado. A construção de um hotel integrado nesse projecto não faz qualquer sentido, muito menos numa altura em que o turismo atravessa uma crise enorme, devido à pandemia.
No final de 2017, numa reunião pública promovida pela Junta de Freguesia de São Pedro, um director regional e o presidente da Câmara Municipal na altura, o dr. José Manuel Boleiro, prometeram que a obra de requalificação se iniciaria no início de 2018, mas foi só conversa fiada.
Em vésperas de eleições legislativas regionais, seria bom que Cordeiro e Bolieiro, agora líder do maior partido da oposição, o PSD, assumissem as suas responsabilidades quanto à Calheta de Pêro de Teive e dissessem o que pretendem fazer se vencerem o acto eleitoral. Ou vão fazer de conta que desconhecem o assunto? Seria grave!
Além disso, seria muito oportuno que a actual presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, a drª Maria José Lemos Duarte, fizesse também publicamente um ponto da situação sobre a questão da Calheta de Pêro de Teive, considerando, segundo consta, que é a autarquia que tem que fiscalizar o cumprimento ou não dos prazos de licenciamento para a obra prevista de requalificação da zona.
Há desde há muito um aparente mas estranho pacto de silêncio entre PS e PSD sobre a Calheta de Pêro de Teive, mas como estamos em tempo eleitoral este assunto tem que ser esclarecido, porque, como disse, os terrenos em causa são propriedade da Região Autónoma dos Açores.
Têm a palavra o líder do PS-Açores e presidente do Governo Regional, dr. Vasco Cordeiro, e o líder do PSD-Açores, dr. José Manuel Boleiro. Anunciar projectos “bonitos” e ideias “fantásticas” pode captar votos, mas resolver um grave problema que se arrasta há mais de uma década também poderá captar a simpatia do eleitorado.