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Redefinição de valores e prioridades e aceitação das incertezas: o filósofo Edgar Morin reflete sobre efeitos da pandemia global.
Source: Edgar Morin – As certezas são uma ilusão | Fronteiras do Pensamento
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Redefinição de valores e prioridades e aceitação das incertezas: o filósofo Edgar Morin reflete sobre efeitos da pandemia global.
Source: Edgar Morin – As certezas são uma ilusão | Fronteiras do Pensamento
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Nanismo político e idadismo digital
1. Todas as epidemias têm períodos mais ou menos longos de novos surtos intermitentes e nenhum país tem, por enquanto, uma solução para a actual pandemia. Mas o futuro ficará mais difícil nos que são governados por políticos que torturam a realidade com o seu nanismo político. Não há muito tempo, o presidente Marcelo exultava com um pindérico orgulho nacional, que nos comparava com espanhóis e italianos. Não lhe ocorreu, na altura, comparar-nos, por exemplo, com o Vietname, com uma população dez vezes maior que a nossa e uma longa fronteira com a China, que não registava, então, um só morto. Agora, António Costa e Santos Silva não entendem porque vale mais para os ingleses o nosso segundo pior rácio europeu de novos casos de covid-19 por 100 mil habitantes que o que foi escrito no Tratado de Windsor, em 1386.
Desde a cena confrangedora, que reuniu no Palácio de Belém nada menos do que o Presidente da República, o presidente da Assembleia da República, o primeiro-ministro, o ministro da Economia e a ministra da Saúde, para anunciarem ao país a realização de meia dúzia de jogos de futebol, que não dava pela existência do ministro da Educação, que também lá esteve. Reapareceu, finalmente, em entrevista ao Expresso. Do que disse e do que consta nas orientações oficiais para a organização do próximo ano lectivo, resulta um caderno de encargos irreal para as escolas e para os professores que, em nome de uma autonomia inexistente mas hipocritamente invocada, acabarão responsabilizados por tudo o que possa correr mal. O que antes era imperativo (dois metros de distanciamento por altura da reabertura das aulas, em Maio, e um metro de distanciamento aquando das primeiras orientações para 2020/21) deu lugar ao “sempre que possível” e ao “preferencialmente”, até chegarmos à seguinte insólita afirmação do ministro:
“Os alunos vão caber todos na mesma sala. Não haverá desdobramento de turmas. A única obrigatoriedade é a máscara a partir do 2º ciclo. O distanciamento não.”
É preciso cara dura para dizer isto, depois de termos sido literalmente massacrados, meses seguidos, com a necessidade de respeitar o distanciamento social, como a medida profiláctica mais eficaz de combate à pandemia.
2. A adesão pouco reflectida a fenómenos da moda acaba sempre alimentando mecanismos de constituição de poderes. Foi assim com as pedagogias salvíficas para o século XXI, começa a ser idêntico com o fluxo de ideias alternativas às aulas presenciais e a obsessão pela escola digital, seja lá o que isso for, que não é, isso sei, o gatilho mágico que resolve os atrasos acumulados dos nossos alunos.
Os professores reorganizaram-se para que, numa situação de excepção, se minorasse o prejuízo dos alunos. Entregaram-se abnegadamente a um desafio que não foi fácil, lhes pediu mais do que o muito que já se lhes pedia, e foi vencido. Apesar disso, têm vindo a ser alvo de várias prosas, que glosam o que apelidam de iliteracia digital dos professores mais velhos, numa onda de idadismo estigmatizante. Entendamo-nos: os professores utilizam, uns mais, outros menos, naturalmente, os meios informáticos, desde que eles se democratizaram. Não precisam, novos ou velhos, de serem peritos em informática para resolver todos os passos processuais de utilização da tecnologia disponível. Não fosse ela desenvolvida para ser utilizada em massa, por isso mesmo ao alcance de utilizadores universais. Outra literacia, não digital, que abunda no seio dos professores portugueses, desiderato difícil de conseguir numa escola de massas e numa sociedade consumista, é a que permite tocar o coração dos alunos, estabelecendo um vínculo afectivo essencial para que a aprendizagem resulte.
3. Nos últimos dias falou-se de rankings, falou-se do que se perdeu no ano em curso e falou-se, sobretudo, de como vai ser o próximo ano. Mas pouco se tem prognosticado sobre as classificações que, provavelmente, certificarão um paradoxo: o ano em que menos se aprendeu terminará com resultados gerais bem acima da média. Porque todos os critérios formais cederão passo ao critério de não penalizar, ainda mais, todos os alunos coercivamente privados da escola e, particularmente, aqueles que, sem equipamentos necessários, ficaram impossibilitados de acompanhar as soluções de recurso.
In “Público” de 8.7.20
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Apesar das tentativas do nacionalismo espanhol de deformar a História da Galiza, as fontes estão aí para quem queira vê-las. Afonso II é conhecido na Idade Média como rei da Galiza de forma sistemática e só marginalmente como rei da Galiza e Astúrias, sempre por essa ordem, pois Astúrias nunca aparece como reino. Chega com consultar a documentação cristã e árabe da sua época.
Afonso II é conhecido como príncipe das Galicias (Galletiarum principis) na Vita Hludovici, (814-840), assim como rei da Galiza (rex Gallaeciae) no cronicão de Hermann de Reichenau do século XI (1013-1054).
Igualmente, nas fontes mussulmanas, é chamado rei da Galiza por Al-Maqqari e rei dos galegos por Ibn Khaldun. A mencionada denominação como rei de Galicia e Asturias (regis Galleciae et Asturiae nos Annales Regni Francorum e regis Asturiae atque Galleciae na Vita Karoli Magni de Exinardo) é totalmente ocasional, pois o resto das fontes cristãs e mussulmanas sempre fazem referência unicamente a Galiza, que ademais é o único reino que aparece como tal nos mapas da época de todo o mundo cristão e árabe.
Porém, é permanente a suplantação da sua titulação pola de rei de Astúrias, denominação esta inventada na Espanha do século XIX polos primeiros historiadores romantistas como Modesto Lafuente, em pleno período de criação do nacionalismo espanhol contemporâneo.
Ainda hoje os programas educativos das escolas e faculdades ocultam de forma sistemática nos livros de história e nos manuais escolares que na história sem manipulações Afonso II era rei da Galiza.
O Peneguê quer deixar clara a manipulação que o espanholismo fai da história da Galiza, que mesmo usa a mentira para construir uma história de Espanha deformada e ao serviço do projecto político nacionalista espanhol.
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SUMÁRIO EXECUTIVO
UM PARTIDO SOB O CÉU
A total subordinação do sistema judiciário de Hong Kong ao arbítrio do Partido Comunista, consagrada na Lei de Defesa Nacional, deixa cidadãos e empresas estrangeiras presentes na antiga colónia britânica num
limbo legal ainda mais atemorizador do que o vigente na República Popular da China.
O Artigo 28º, 4, enumera entre os crimes de «conluio com país estrangeiro ou elementos externos para colocar em perigo a segurança nacional» o acto de «impor sanções» o que se aplica, designadamente, a toda e qualquer empresa que acate, por exemplo, sanções norte-americanas ou da União Europeia visando a República Popular.
A Lei, em vigor desde 30 de Junho, aplica-se a crimes «contra a Região Administrativa Especial de Hong Kong cometidos fora da Região por pessoas que não tenham o estatuto de residente permanente», segundo o Artigo 38º.
O primado da extra-territorialidade
Esta disposição é mais gravosa do que a consagrada no Código Penal da República Popular que no Artigo 8º do Capítulo I («Disposições Gerais») ao punir estrangeiro que tenha cometido um crime fora do espaço soberano chinês ou contra cidadão chinês passível de pena não-inferior a três anos.
O Código Penal da República Popular exclui, contudo, crimes que não sejam punidos pela lei dos estados onde ocorreram, mas no caso da nova Lei de Segurança Nacional aplicável em Hong Kong tal salvaguarda é inexistente.
Qualquer acto tido por atentatório à segurança nacional nos termos da legislação de Hong Kong é punível independentemente do local onde ocorra e do que estipule a lei aí em vigor.
Instituições académicas, organizações não-governamentais, jornalistas, entidades religiosas, empresas passam a saber com o que contam.
A Agência de Zheng
Uma Agência de Segurança Nacional, designada por Pequim e isenta de supervisão judicial, supervisionará a aplicação da lei e investigação de crimes envolvendo países, entidades ou cidadãos estrangeiros.
A nova Agência goza, também, de poderes para actuar no caso de «incapacidade das autoridades locais», procuradores e órgãos policiais, ainda essas entidades se encontrem subordinadas a partir de agora a representantes nomeados pelo poder central em todas as questões pertinentes para a segurança nacional,
Aos poderes discricionários atribuídos à Agência dirigida por Zheng Yanxiong — originário de Guangdong, província adjacente a Hong Kong e Macau, onde fez toda carreira até ascender, em 2018, à chefia da organização provincial do Partido Comunista – acresce o cunho vago da definição de crimes de «secessão», «subversão», «terrorismo» e «conluio com forças estrangeiras».
O julgamento de crimes contra a segurança nacional estará a cargo de juízes nomeados pelo executivo da Região Administrativa Especial, neste particular assessorado por um delegado do governo central na recém-instituída Comissão para a Salvaguarda da Segurança Nacional, presidida pela chefe do executivo local, Carrie Lam.
Outra lei, outro mundo
As garantias processuais de suspeitos ou arguidos em processo penal próprias da common law, que ao abrigo do acordo sino-britânico de 1984 deveriam vigorar por 50 anos após a transferência de soberania a 1 de Julho de 1997, não se aplicam em questões de segurança nacional.
Por definição na República Popular o «segredo de estado» cobre tudo o que as autoridades considerem atentatório dos interesses do Partido Comunista e Hong Kong não é excepção.
A dispensa de júri e julgamento à porta-fechada estão previstos na Lei (Artigo 46º) que admite a intervenção da Procuradoria-Geral de Pequim para designar procuradores e tribunais para investigação e julgamento em tribunais não-especificados (Artigo 56º) de casos particularmente sensíveis e complexos.
Ao Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular em Pequim cabe a última palavra na interpretação da Lei, seus patibulares seis capítulos e 66 artigos.
Tudo o que a terra abarca
Caiu o pano sobre a autonomia de Hong Kong, Macau pouco conta e Taiwan teme pelas garantias de defesa que Washington possa de facto oferecer.
Xi Jinping multiplica os órgãos de segurança de estado, seus comités de supervisão, agências de coordenação, e um dos mais recentes, criado em Abril, é o grupo de trabalho «China Segura», a cargo de Guo Shengkun, membro da Comissão Política do Partido.
Informava a imprensa oficial de Pequim, a abrir esta semana, que Guo lidera os esforços para «reprimir impiedosamente actos contra a segurança do sistema político», conter desordens e solucionar disputas provocadas pela pandemia de coronavírus.
Outra frente, portanto, num combate incessante em que o Partido Comunista se arroga o divino mandato do céu dos imperadores de antanho, impondo a suprema ordem de um estado perfeito sobre tudo o que o céu cobre, o mar espelha e a terra abarca.
barradas.joaocarlos@gmail.com
jornalista
assina esta coluna semanal à terça-feira no Jornal de Negócios
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Da embaixada, agora autodenominada “dos Países Baixos”, a Holanda para todas as pessoas enfim, recebemos o email abaixo,Exmo. Senhor,Espero que est
Source: Estrategizando | E a ideia da manifestação contra o turismo irresponsável holandês reforça-se…
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KONDISAUN ESTRADA BA SUCO EDI MAUBISSE IHA TEMPU UDAN DIFIKULTA TEBES MOVIMENTU TRANSPORTE INKLUI MOS EMA NEBE LAO HO AIN…..08/07/2020.
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Segundo artigo do jornalista, escritor e ex-ministro angolano João Melo sobre a língua portuguesa em Angola.
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« (…) O português exerce em Angola três papéis fundamentais: primeiro, é a única língua de comunicação nacional do país e substracto da unidade dos angolanos; segundo, é a língua oficial e da administração; e, terceiro, é o primeiro veículo de comunicação internacional dos angolanos, permitindo-lhes comunicar com os cidadãos de outros sete países e de várias comunidades onde o referido idioma é utilizado.
Ao contrário do que alguns ainda pensam, não apenas em Portugal, mas também nos outros territórios de língua portuguesa, incluindo o Brasil, maior usuário desta última, a mesma há muito deixou de ser pertença da antiga potência colonizadora. As línguas, na verdade, pertencem a todos os que a falam. Ou seja, o português não é apenas a língua de Camões, mas também de Machado de Assis, Agostinho Neto, Amílcar Cabral, Corsino Fortes, Alda do Espírito Santo, José Craveirinha, António Ramos Horta e tantos outros.
O facto de ser o segundo maior falante de português atribui a Angola responsabilidades acrescidas no que diz respeito às respectivas políticas, não somente internas, mas igualmente externas. Na minha modesta opinião, o país tem negligenciado tais responsabilidades.
A persistente ambiguidade e hesitação em tomar uma posição definitiva relativamente ao acordo ortográfico de 1990, por exemplo, confirma essa atitude. Pela parte que me cabe, tenho muita dificuldade em entender a relutância de alguns sectores em ratificar o referido acordo.
Do ponto de vista interno, Angola tem todos os motivos para ratificá-lo, pela seguinte razão de base: o acordo prioriza a fonética em detrimento da etimologia (ou seja, tende a grafar as palavras tal como elas são pronunciadas), o que facilita enormemente a sua difusão junto de uma população para a qual, originariamente, a língua portuguesa é uma língua segunda. Em termos de grafia, essa é a tendência da maioria das línguas contemporâneas: quanto mais simples, melhor.
Os seguintes argumentos principais costumam ser utilizados para questionar a ractificação do acordo ortográfico de 1990 por parte de Angola: o risco de uma “colonização linguística” por parte do Brasil, a ausência de qualquer previsão de inclusão das palavras de origem africana e a ameaça da dependên-cia de Angola em relação à indústria gráfica estrangeira (portuguesa e brasileira). Com todo o respeito, nenhum desses argumentos faz sentido.
Os números mostram, desde logo, que o Brasil fez mais concessões do que Portugal (cuja norma antiga ainda usamos), em termos do novo acordo ortográfico. Por outro lado, este é apenas um acordo sobre o modo de grafar as palavras, não tem nada a ver com o vocabulário, a fonética ou a sintaxe, ou seja, é falso que seremos todos obrigados a “falar como os brasileiros”. Por fim, no nosso caso, como angolanos, não deixa de ser esquisito recear uma hipotética “colonização linguística” do Brasil. A variante brasileira da língua portuguesa foi fortemente influenciada, em termos fonéticos, lexicais e sintácticos, pelas línguas angolanas de origem africana e não se vê ninguém, nesse caso, a falar em “colonização linguística” por parte de Angola.
A verdade é que as línguas transformam-se, viajam, cruzam-se, interpenetram-se e, se “caírem na boca do povo” (assim como na literatura ou no jornalismo), não serão os puristas ou sebastianistas que impedirão as mudanças, influências e apropriações mútuas.
Quanto à alegada necessidade de o acordo ortográfico incluir a questão das palavras angolanas de origem africana (processo que, na verdade, e como lembrei atrás, já ocorre há séculos), é um falso problema. Esse não é um tema do referido acordo, mas do vocabulário ortográfico comum. Segundo sei, este deverá ser elaborado com base nos vocabulários ortográficos nacionais, pelo que, em princípio, a bola está do nosso lado. É preciso elaborar primeiro o vocabulário ortográfico nacional e, depois disso, negociar a sua inclusão no vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa.
Finalmente, o que dizer da alegada ameaça da dependência de Angola, se ractificar o acordo ortográfico, relativamente à indústria gráfica portuguesa e brasileira? Mais do que um falso problema, tal argumento é um autêntico mito. Com efeito, o que o nosso país precisa, com ou sem acordo ortográfico, é de desenvolver a sua própria indústria gráfica. O resto é confusão de temas. Ponto final.
Angola tem igualmente responsabilidades externas em relação à língua portuguesa, o que inclui, entre outros, as seguintes questões: uso efectivo do português nos organismos regionais e internacionais, assim como na Internet; ensino da língua portuguesa no estrangeiro, desde logo no continente africano, onde vários países anglófonos e francófonos têm demonstrado interesse nisso; e internacionalização das literaturas em língua portuguesa.
A propósito, aliás, não posso deixar de evocar a relação entre alguns desses processos e o acordo ortográfico: a existência de uma grafia única facilitará, quanto a mim, o uso do português nos organismos internacionais e na Internet, bem como o seu ensino em países estrangeiros.
Acrescento que a CPLP deveria desempenhar um papel condutor dos processos acima referidos. Escrevo no condicional por ser claro, para mim, que a mesma está longe de desempenhar esse papel, talvez porque ainda não é reconhecido por todos, de facto e na prática, que o português (e as suas políticas) pertence a todos os seus falantes. Um sintoma notório dessa realidade é a existência de dois institutos de promoção da língua portuguesa.
Angola, como segundo maior falante mundial da língua portuguesa, não pode estar ausente de todos esses processos e debates. Em breve, o país assumirá a presidência rotativa da CPLP. Talvez possa inscrever estas questões na agenda.»