À recepção do telegrama sobre a notícia da vista de Óscar Carmona aos Açores, câmaras como a de Santa Cruz das Flores haviam ficado na expectativa, aguardando indicações do Governador Civil da Horta para que “(…) câmara, apesar de pobre, se pudesse preparar dentro das suas possibilidades. Pede-se para se saber se sim, e qual o concelho em que tocará (…)”. Este exigiria uma receção notável e prestigiante, que no caso da CM de Santa Cruz das Flores incluiria um almoço à regional e um conjunto de ofertas de lã, à mistura com mostras de outros tecidos. Tratava-s de uma excelente oportunidade de demonstrar a capacidade das indústrias locais, mesmo que rudimentares. Estavam autorizadas as requisições do que fosse necessário e tornava-se essencial que tivessem em atenção os parcos transportes entre o Faial e as Flores antes da chegada do Presidente da República (basicamente, uma viagem do Carvalho Araújo). Todos os funcionários públicos e elementos do clero deveriam estar presentes, “(…) prova de todo o nosso regozijo por tal facto, que é o mais notável até hoje de nós conhecido e o mais digno de se registar nos anais deste município, pois é a primeira vez que esta ilha é visitada pelo seu venerado chefe de Estado. Fique bem na memória de todos, para poder ser transmitida aos vindouros de geração em geração (…)”.
No Corvo, que acabara de inaugurar o retrato do Presidente da República, seria recebido num espaço de tempo muito curto, a quatro de agosto de 1941. Seria convocada uma reunião extraordinária presidida pelo chefe de Estado, que fazendo-se acompanhar pelos ministros da Marinha, do Interior e pelo Governador Civil da Horta, ouviria a filarmónica local tocar, cumprimentando todo o povo que o saudaria com tapetes de flores, colgaduras nas varandas, aplausos, salvas, flores e vivas. Os sinos tocaram, as girândolas rodaram e o General Carmona deixaria uma foto com a sua assinatura, a que se juntaria 8.000$00 para beneficência, embarcando de seguida rumo à ilha das Flores. Contudo, a ajuda financeira apregoada tardaria a chegar e na ilha, que tanto havia investido na receção, nada mais ficando para além da quantia dada para filantropia.
O que as autoridades locais reclamariam nesta visita, seria uma ajuda, célere de preferência, no desenvolvimento de obras públicas, não só para melhorar as graves carências de áreas púbicas como a higiene e os transportes, como para criar emprego aos pais de família para as retirar da miséria, e desenvolver o comércio, melhorando-se, em última instância, as receitas camarárias e estatuais. Contudo, a resposta do Chefe de Estado seria mais mobilizadora do que prática. O processo de constituição de comparticipações continuaria a ser oneroso e complexo, com resolução tardia (à semelhança de outras ajudas institucionais), pouco eficazes ou mesmo em alguns casos, nefastas como a visita do Presidente da República demonstrou.