Mês: Agosto 2019

  • A PAROLICE DAS ROTUNDAS

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    Vítor de Sousa
    Quando as coisas vêm para a placa central das rotundas é porque estão em fase de desaparecimento, mitificação ou ambas.

    PUBLICO.PT
    Quando as coisas vêm para a placa central das rotundas é porque estão em fase de desaparecimento, mitificação ou ambas.

    As rotundas como mostra parola de pretensos ex-libris locais. A minha rotunda é melhor do que a tua.
    Como nos conta Álvaro Domingues (“Público, domingo, p. 33, em “O chão pacífico da lavoira”), as rotundas servem para albergar coisas que estão em vias de desaparecer, ou em vias de mitificação, ou ambas. E, olhar para a maior parte das rotundas – uma moda recente que, antes, figurava quase só em Lisboa ou no Porto, ou apenas no livro do código da estrada -, é olhar para a patetice local de quem, em meia dúzia de metros de terra, quer que represente qualquer coisa. Mesmo que, à pala das árvores entretanto plantadas, se deixe de vislumbrar o ícone, nem se consiga ver o fluxo automóvel.
    Há mesmo uma localidade portuguesa a quem chamam a terra das rotundas em que um candidato à “cambra” prometia “uma rotunda vitória”. No Porto, à da Boavista, ainda chamam de “Rotista da Boa Bunda”. Nas mais recentes, há batismos alternativos para todos os gostos, a começar por uma localidade em que uma delas é referida como “calhaus da rotunda”. E, um destes dias – é só alguém vestir-se de Scolari – vamos ver rotundas vestidas de verde e vermelho, mostrando aos totós a ‘portugalidade’ que deviam ter. A bem dos eleitos locais que, aliados às empresas de marketing, podem não saber dizer tá-tá, mas vestem a pose de grandes líderes do povo.
    PS: Quem é o povo?!
    “Nas rotundas, contudo, o passado não é abolido; o pretérito conjuga-se no presente em estilo hiper-realista e tamanho natural que não esqueceu a garça, o canino e outros figurantes das lavoiras”.
    (…) “Dessa majestática iconografia do poder, esta é todo o seu contrário: o cavalo perdeu a sela, ocavaleiro ea pose, e olha submisso para o chão na sua condição de animalde trabalho; a mulher, o xaile, lenço e avental pretos, conduz a cavalgadura por uma corda; o homem, segurando na rabiça do arado, parece tão cavado no chão como o próprio arado. (…) São apenas visões visões fugazes para automobilistas do Porto para o Montijo, Vila Franca, Lisboa, Coimbra, Setúbal e suas muitas redondezas”.

  • OS ERROS DO NOVO PORTO DA HORTA

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    Manuel Leal shared a post to the group: DIÁSPORA DE IDENTIDADE AÇORIANA.

    11 hrs

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    José Miguel Barros to Porto da Horta – Açores

    1871, passados 148 anos parece incrível e surreal como se conseguem fazer erros numa baía de tanto relevo histórico que teve pela sua geografia natural. Baía natural que tornou o Porto da Horta num abrigo marítimo no meio do Atlântico. Em 1871 não só se sabia com rigor as batimétricas (medida da profundidade), como tinha-se o cuidado de saber que na preia-mar (maré cheia, estofo da maré) o molhe teria de ter altura suficiente acima desta. Já para não falar que se contava com o método de construção deste molhe a construir em 1871, de modo que se usasse pedras das pedreiras da ilha do Faial. E não é que este molhe que se está a falar é o mesmo molhe sul que ainda existe e perdura após 148 anos. Talvez fosse bom que o Sr. Dr. Miguel Costa e o Sr. Eng. (o mesmo que fez o erro no molhe norte) passassem pelo Museu da Horta e vissem o que se fez e como se fez há 148 anos atrás. Só não vê o mal que está feito e que se vai fazer, quem não quer.

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    José Miguel Barros to Porto da Horta – Açores

    1871, passados 148 anos parece incrível e surreal como se conseguem fazer erros numa baía de tanto relevo histórico que teve pela sua geografia natural. Baía natural que tornou o Porto da Horta num abrigo marítimo no meio do Atlântico. Em 1871 não só se sabia com rigor as batimétricas (medida da profundidade), como tinha-se o cuidado de saber que na preia-mar (maré cheia, estofo da maré) o molhe teria de ter altura suficiente acima desta. Já para não falar que se contava com o método de construção deste molhe a construir em 1871, de modo que se usasse pedras das pedreiras da ilha do Faial. E não é que este molhe que se está a falar é o mesmo molhe sul que ainda existe e perdura após 148 anos. Talvez fosse bom que o Sr. Dr. Miguel Costa e o Sr. Eng. (o mesmo que fez o erro no molhe norte) passassem pelo Museu da Horta e vissem o que se fez e como se fez há 148 anos atrás. Só não vê o mal que está feito e que se vai fazer, quem não quer.

  • DESPORTIVISMO NA ESTRADA

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    Já não há desportistas como antigamente. 😂😂😂😂😂

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  • Portugal, o calor em 1930 OS CICLOS DE MUITO CALOR NÃO SÃO NOVIDADE

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    Virgínia Valdez shared a post to the group: Rastos Quimicos Portugal//Chemtrail Activism.

    1 hr

    OS CICLOS DE MUITO CALOR NÃO SÃO NOVIDADE…
    …como se pode ver neste resumo-memória publicado já há um ano.

    «Uma escaldante onda de calor está varrendo Portugal, tendo elevado a temperatura a 45,5ºC à sombra. Em Lisboa a temperatura subiu a 35ºC, tendo sido em Elvas que se registou o máximo de 45ºC».
    A notícia podia ser de agora, mas não é: foi publicada em 1949, no jornal A Manhã. E se ouvir dizer por aí que “a vaga de calor que passou sobre o país nos últimos dias provocou incêndios nas florestas”, não pense que só agora é notícia, porque já em 1938 foi escrito, no Diário da Tarde. O calor em Portugal tem estado presente nos jornais — portugueses e não só — ao longo dos anos, em episódios que marcam a história.»

    E a altura de marchar para a praia!
    VL

    https://24.sapo.pt/…/um-calor-tropical-incendios-nas-flores…

    “Uma escaldante onda de calor está varrendo Portugal, tendo elevado a temperatura a 45,5ºC à sombra. Em Lisboa a temperatura subiu a 35ºC, tendo sido em Elvas …

     

    24.SAPO.PT
    “Uma escaldante onda de calor está varrendo Portugal, tendo elevado a temperatura a 45,5ºC à sombra. Em Lisboa a temperatura subiu a 35ºC, tendo sido em Elvas …

    OS CICLOS DE MUITO CALOR NÃO SÃO NOVIDADE…
    …como se pode ver neste resumo-memória publicado já há um ano.

    «Uma escaldante onda de calor está varrendo Portugal, tendo elevado a temperatura a 45,5ºC à sombra. Em Lisboa a temperatura subiu a 35ºC, tendo sido em Elvas que se registou o máximo de 45ºC».
    A notícia podia ser de agora, mas não é: foi publicada em 1949, no jornal A Manhã. E se ouvir dizer por aí que “a vaga de calor que passou sobre o país nos últimos dias provocou incêndios nas florestas”, não pense que só agora é notícia, porque já em 1938 foi escrito, no Diário da Tarde. O calor em Portugal tem estado presente nos jornais — portugueses e não só — ao longo dos anos, em episódios que marcam a história.»

  • O ELOGIO DA DEMOCRACIA Lições da História

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    Carlos Fino and Eunice Brito shared a photo.

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    Luís Maria Gottschalk

    O ELOGIO DA DEMOCRACIA
    Lições da História

    TUCÍDIDES, na sua admirável História da Guerra do Peloponeso, guerra que opôs Atenas a Esparta e, mais do que isso, duas concepções opostas do homem e da sociedade, dá-nos conta do discurso de Péricles em 430 a.C., no final do primeiro ano da contenda. Distinguindo-se dos seus inimigos, Péricles pretende relevar a superioridade de Atenas, do seu modo de vida e do seu sistema político, a democracia, bem como do modo de educação dos seus jovens que, seguindo o programa de Fénix, o educador de Aquiles, eram educados para duas coisas: “praticar acções valorosas e proferir belos discursos”.

     

    Por contraste, Esparta estava organizada como uma poderosa máquina de guerra, dominada pela oligarquia dos Iguais, sociedade fortemente disciplinada e hierarquizada, dotada de um Estado centralizador, desprezando os discursos e a discussão (daí vem o termo “laconismo”: de Lacónia, cuja capital era Esparta) e centrando a educação dos jovens, a cargo do Estado, num rigoroso treino físico e militar.

    É conhecido o desenlace trágico desta guerra, 26 anos mais tarde. Entre o momento da plena afirmação da democracia, com a retirada de todos os poderes políticos ao Areópago aristocrático e a sua concentração na Ecclesia (assembleia do povo), até à vitória de Esparta, conluiada com os seus aliados do partido oligárquico em Atenas, medeia cerca de meio século (embora a transição para a democracia se tivesse iniciado no final do séc. VI com a constituição de Clístenes). Ainda em vida (morre em 429 a.C.), Péricles terá reconhecido que temia mais os próprios erros do que os seus inimigos. A democracia, logo no momento do seu nascimento, revelava as suas fragilidades intrínsecas: o regime que consagra a liberdade é também o que abre caminho à demagogia e tolera no seu seio os seus próprios inimigos. Esta situação não se alterou, quanto ao fundamental, nos últimos 2500 anos. E não deixa de constituir uma ironia da História o facto de ser na Grécia, que viu nascer a democracia, que hoje ganham força, uma vez mais, os seus inimigos. Desde sempre, o autoritarismo dispôs de meios mais eficazes do que a democracia.

    Entretanto, as palavras de Péricles conservam todo o seu poder mobilizador e merecem ser lidas com atenção. Nelas podemos reencontrar o sentido daquilo por que nos batemos: a liberdade, a tolerância, a responsabilidade e coragem cívicas, a igualdade perante a lei, a dureza do trabalho temperada pelo prazer da cultura, o deleite na beleza, a serenidade, o gosto pela reflexão e pelo debate, o respeito pela lei, a soberania do “demos”…

    DISCURSO DE PÉRICLES
    (excertos)

    «A nossa Constituição não imita as dos Estados vizinhos. Pelo contrário, a nossa é que constitui um modelo para as outras. A nossa forma de governo é chamada democracia porque a sua administração está nas mãos, não de alguns, mas de toda a gente. Na resolução de litígios privados, todos são iguais perante a lei. A eleição para cargos públicos é feita com base na capacidade, não com base na pertença a uma determinada classe. Nenhum homem é excluído de cargos públicos por motivo da modéstia da sua posição social ou por causa da sua pobreza, desde que se disponha a servir o Estado.

    E não é apenas na nossa vida pública que somos livres e abertos, mas um sentido de liberdade regula as nossas relações mútuas no dia-a-dia. Nós não nos encarniçamos contra o nosso vizinho por ele fazer o que gosta. E nem sequer ostentamos o tipo de desaprovação silenciosa que magoa os outros, mesmo não sendo uma acusação explícita. Assim, nos nossos assuntos particulares, somos tolerantes e procuramos evitar ofender. Mas nos assuntos públicos, tomamos muito cuidado com não infringir as leis por causa do profundo respeito que temos por elas. Obedecemos aos cidadãos que detêm cargos públicos em cada ano. E prestamos especial atenção às leis que protegem os oprimidos, bem como a todas as leis não escritas que sabemos trazer desgraça ao transgressor, quando são desrespeitadas.
    .
    Deixem-me acrescentar outro ponto. Tivemos o bom senso de proporcionar aos nossos espíritos mais oportunidades para descansar do trabalho duro do que outros povos. Durante todo o ano, existem competições teatrais e atléticas, bem como festivais religiosos. Nas nossas casas encontramos beleza e bom gosto e o deleite que daí extraímos todos os dias afasta as nossas preocupações.

    Para nossa segurança, nós confiamos na coragem que procede das nossas almas, quando somos chamados à acção. Quanto à educação, o inimigo submete os seus filhos desde a sua primeira infância a um treino rigoroso da sua coragem viril. Nós, com o nosso modo de ser liberal, não estamos menos aptos que eles para enfrentar os perigos. Não é a dolorosa disciplina que nos faz ir ao encontro do perigo, mas a natural confiança que brota do nosso modo de vida e não da compulsão de leis. E também não gastamos o nosso tempo antecipando sofrimentos futuros, sem que por isso estejamos menos aptos para a batalha do que aqueles que continuamente se preparam para ela. É por estas qualidades, mas não só, que Atenas merece ser admirada.

    O nosso amor pela beleza não nos torna extravagantes, e o nosso amor pelas coisas do espírito não nos torna brandos. A nossa preocupação com os assuntos particulares é equilibrada pelo nosso envolvimento nos assuntos da cidade. E mesmo as pessoas muito ocupadas com os seus próprios negócios estão extremamente bem informadas sobre os assuntos políticos. Mas consideramos como um inútil um homem que não participa na vida da cidade e só cuida dos seus assuntos. Todos nós participamos no debate sobre os assuntos da cidade, ou pelo menos participamos nas decisões. Não pensamos que estas discussões impeçam a acção. Acreditamos que o que é prejudicial é agir sem que antes se faça uma reflexão cuidada.

    Em suma, eu afirmo que Atenas, tudo considerado, é um modelo para toda a Grécia.»

    (mais…)

  • mais sobre a descolonização de Timor 1975

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    CONTINUANDO…

    Vou prosseguir, bisbilhotando uma ou outra passagem do livro, que já referenciei, “Timor, a Verdade Histórica”, ainda que tenha muitas passagens muito longe de a ela (a verdade) corresponderem. Mas tudo ajuda a nos aproximarmos da nossa intenção, impossível, até porque muitos intervenientes já partiram, e penso que nunca confessariam o que esteve, na realidade, por detrás da hecatombe timorense.
    Comecemos por um título “A FRETILIN nasceu alguns anos antes da queda do fascismo em Portugal”, denominação que cai imediatamente por terra, não só por aquilo que conhecemos, mas também pela ‘nota’ que ali está, retirada da pág. 28 do livro, “Timor — quem é o culpado?”,de que foi autor António Cravo Cascais, e que é do teor seguinte: “Esta afirmação é falsa. Antes do ’25 de Abril’ não havia FRETILIN”. Já a segunda parte da nota, não pode ser crível e deve ser absolutamente falsa, não se sabendo onde o dr. Cravo Cascais, infelizmente já há muito falecido, foi buscar que “e o Ramos Horta até era informador da PIDE/DGS”. O que é verdade, e de conhecimento geral, é que ele foi durante um ano ‘a ares’ para Moçambique, enviado pelo governo de Valente Pires, a solicitação daquela polícia.
    Passemos, então, adiante: “Aliás estas intenções já se vinham revelando, quer pela actuação de elementos radicais da ASDT/FRETILIN, em 11 de Setembro de 1974. Verificava-se, pois, que a FRETILIN enveredou por uma via revolucionária, apologista da violência, o que de modo algum era permitido pelo programa do MFA, tanto mais que em Timor não havia antecedentes recentes de movimentação armada contra o domínio colonial. Nestas circunstâncias, surpreende que o governo local não tivesse tomado atitude semelhante à que a formação da APODETI provocara, decidindo ou pedindo instruções a Lisboa sobre a viabilidade da existência da FRETILIN, com as características que anunciava e praticava já. A surpresa é tanto maior dado que o Comando Militar referiu em documento “a necessidade de actuar energicamente sobre os extremistas da FRETILIN, que visam ser o único interlocutor válido, sob pena de se contrariar o espírito do MFA”. Uma atitude de firmeza expulsando alguns elementos indesejáveis à evolução pacífica do processo de descolonização estava, aliás, prevista nas directivas verbais dadas pelo EMGFA ao encarregado de governo.”
    “Um dos aspectos mais importantes neste período foi o diferendo entre o tenente-coronel Herdade, encarregado do Governo e o comandante militar, e o Major Metello, CEM/CTIT e delegado do MFA. Daqui resultou a grande quebra de autoridade e a divisão dos militares, em especial os oficiais, formando grupos de apoio a cada um deles; os oficiais mais conservadores ligaram-se ao encarregado do governo, que representava a linha hierárquica tradicional; o delegado do MFA ficou muito isolado no meio militar (praticamente apoiado pelos elementos da Comissão de Autodeterminação e alguns oficiais milicianos) e civil. Ao grupo que apoiava o encarregado do governo juntaram-se também funcionários civis e elementos conservadores.”
    “Esta situação motivou a utilização de ligações directas, fora do conhecimento militar, entre o delegado do MFA e Lisboa e também com as unidades militares locais. A manutenção em Timor de duas entidades altamente responsáveis, durante dois meses, que logo de início revelaram incompatibilidade de processos, agravou substancialmente a “unidade” militar.”
    “Houve necessidade, em Agosto, transferir para outro território três oficiais milicianos que desenvolviam actividade partidária a favor da ASDT (posteriormente FRETILIN).”
    “Os militares metropolitanos, praças e milicianos, desenvolveram intensa actividade reivindicativa, com reuniões na via pública, visando forçar o seu embarque para a Metrópole. Chegou-se ao ponto de, com conhecimento do próprio comandante militar, os metropolitanos terem entregue uma carta com reivindicações ao Ministro Almeida Santos na altura em que desembarcou em Díli.”
    “Esta situação determinou a deslocação do Major Hugo dos Santos a Timor, onde teve prolongadas reuniões no âmbito militar; houve uma certa acalmia mas a situação continuou a considerar-se “potencialmente efervescente”.
    “A chegada da COM veio provocar um agravamento importante da já deficiente disciplina no meio militar. A indisciplina demonstrada pelos metropolitanos provocou pânico na população, desenvolvendo a ideia de que “Portugal teria a intenção de abandonar Timor”. A influência também foi grande entre os militares naturais, que viam quebrar-se o prestígio com que se habituaram a considerar os europeus. O agravamento do estado de disciplina obrigou à necessidade de abreviar a timorização das Forças militares, mandando regressar à Metrópole os elementos dispensáveis.”

    É PARA CONTINUAR…