mia couto e premio camoes

Eis o discurso
de Mia Couto ao receber o Prêmio Camões!

Mia Couto partilha Prémio Camões com a gente anónima de Moçambique

rr.sapo.pt

Embora muitos moçambicanos não saibam escrever ou sequer falar português, são co-autores dos seus livros
Eis o discurso
de Mia Couto ao receber o Prêmio Camões!

Mia Couto partilha Prémio Camões com a gente anónima de Moçambique

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Embora muitos moçambicanos não saibam escrever ou sequer falar português, são co-autores dos seus livros

As misteriosas descobertas arqueológicas nos Açores

 

As misteriosas descobertas arqueológicas nos Açores

expresso.sapo.pt

São dezenas de estruturas em pedra ou escavadas na rocha encontradas em várias ilhas dos Açores e estão a gerar polémica, porque parecem apontar para a presença humana no arquipélago muito antes da chegada dos portugueses.
https://expresso.pt/multimedia/fotogalerias/misteriosas-descobertas-arqueologicas-nos-acores=f812970

São dezenas de estruturas em pedra ou escavadas na rocha encontradas em várias ilhas dos Açores e estão a gerar polémica, porque parecem apontar para a presença humana no arquipélago muito antes da chegada dos portugueses.

Amultiplicação de descobertas arqueológicas no Corvo, na Terceira e noutras ilhas dos Açores está a provocar polémica, porque parece indicar a presença de navegadores muitos séculos antes da chegada oficial dos portugueses, em 1427 (Diogo de Silves).

Celtas, fenícios, cartagineses, romanos podem ter passado pelo arquipélago, porque o regresso ao Mediterrâneo ou ao norte da Europa de qualquer barco que viajasse ao longo da costa africana teria de ser feito pela chamada volta do Atlântico, por causa da direção dominante dos ventos de nordeste.

Essa rota passava precisamente pelo grupo central das ilhas dos Açores e pelos seus dois melhores portos naturais: Angra do Heroísmo, na Terceira, e Horta, no Faial.

Faltam sondagens, escavações e datações por radiocarbono para se tirarem conclusões definitivas, mas se fosse provada a origem pré-portuguesa dos achados arqueológicos, a História teria de ser rescrita, tanto no que diz respeito à descoberta das ilhas como ao paradigma da navegação no Atlântico.

Félix Rodrigues, professor catedrático da Universidade dos Açores, que descobriu e estudou em profundidade alguns destes achados, vai mais longe e afirma ao Expresso: “Seria a maior descoberta arqueológica da Europa dos últimos 100 anos”.

Mapa da ilha do Corvo, com a localização dos achados arqueológicos. São cerca de 100 estruturas que parecem hipogeus (túmulos escavados na rocha) como os da região do Mediterrâneo
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Mapa da ilha do Corvo, com a localização dos achados arqueológicos. São cerca de 100 estruturas que parecem hipogeus (túmulos escavados na rocha) como os da região do Mediterrâneo

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SANTOS NARCISO ESCREVE SOBRE DANIEL DE SÁ

Livro Grande fechado

Tanto havia para ler… e tão inesperadamente se fechou este Livro, em manhã magoada de oitava da Trindade que jamais esquecerei. O telefone, a voz serena e dorida de Américo Viveiros, director deste Atlântico e do Correio dos Açores: Morreu Daniel de Sá! E fez…-se um silêncio de livro fechado. Toda e qualquer palavra estaria a mais! Morreu Daniel de Sá!
Claro que estas “Leituras do Atlântico” teriam de ser sobre este Livro Grande fechado, uma vida única na simplicidade e diferente na multiplicidade de conhecimentos, sempre transmitidos com a fidelidade de pensamento de quem nunca se vergou a modas nem a correntes literárias, porque ele mesmo, o Daniel de Sá, traçou a sua linha de vida, pautada por um grande Amor, a Maria Alice, os filhos e os netos, Marta, Tiago e Isabel e a quem mais possa vir acrescentar a família em beleza e amor (in O Deus dos Últimos, Ver Açor 2011) e por um grande sonho: universalizar a Literatura açoriana sem lhe retirar o encanto da autenticidade insular.
A grande amizade que me une a Daniel de Sá, desde 1973, tolhe-me o pensamento e limita-me a expressão, porque tudo quanto eu quero dizer é como um mar de saudade que bate na dor da ausência e se transforma em espuma de pensamentos que se evola no leve sopro de quem sente que a outra dimensão da vida afinal está mais perto do que aquilo que podemos imaginar.
Dizia Agostinho de Hipona que muitas das honras prestadas a quem morre mais são consolo para os vivos do que refúgio para quem partiu. Por isso, quero falar de Daniel de Sá como se ele aqui continuasse, respeitando os seus gostos, a sua humildade e a sua discrição. Daniel de Sá detestava o elogio fácil e a homenagem de circunstância. Fugia de palcos e passadeiras, com a mesma naturalidade com que se dispunha a ajudar toda e qualquer pessoa que a ele recorresse, para um conselho, uma palavra, uma correcção, um texto ou um pensamento. Era fiel aos seus Amigos e sofria com traições e ingratidões. Nunca competiu e por isso mesmo não pode nem deve ser objecto de competição na sua memória. E porque esta tentação pode existir, de alguém querer servir-se do nome de Daniel de Sá para autopromoção ou outros interesses, deixo aqui o repto a quem de direito para que o nome de Daniel de Sá não seja usado para satisfazer desejos de brilho momentâneo mas seja honrado e perpetuado da única forma que ele quereria: a divulgação dos seus livros e dos seus ensinamentos. Ler Daniel de Sá, levá-lo às escolas, incluí-lo nos manuais e na história, divulgar os Açores e cada uma das ilhas através de textos por ele escritos, eis a melhor maneira de o homenagear, porque o legado cultural que nos deixa é tão vasto que levará anos a ser entendido em toda a sua dimensão. Não cedam as entidades políticas, regionais ou autárquicas à tentação fácil de emoldurar a memória de Daniel de Sá, aceitando propostas mais ou menos oportunistas, porque ele iria detestar e com a sua proverbial calma e frontalidade, declinar.
E há tanto para divulgar a quem pouco conhece de Daniel de Sá, um dos mais marcantes escritores açorianos de todos os tempos. Urge ler, por exemplo, a simplicidade e ternura de A Longa Espera, contos imortais, de 1987, ou a força de Um Deus à Beira da Loucura. Daniel de Sá era um intimista com sede de Infinito e preocupava-o o mal da sociedade que o levou a escrever um grande livro: E Deus Teve Medo de Ser Homem, no mesmo ano em que publicava o magnífico romance As Duas Cruzes do Império.
A Terra, a gente e modo ser açoriano, tudo isto se imortaliza em A Ilha Grande Fechada. Mas a obra de Daniel de Sá passa ainda por A Terra Permitida e O Pastor das Casas Mortas, tudo com o mesmo carinho com que é capaz de narrar as Ilhas, desde Santa Maria – Ilha Mãe até à Terceira, Terra de Bravos, não esquecendo São Miguel, e muito mais, impossível de resumir nesta coluna.
Daniel de Sá escreveu um dia que ao ler um livro, em vez de nos fixarmos no que está dentro dele, devemos concentrar-nos em QUEM está nas sua páginas. O Livro Grande que agora se fechou abre ainda mais esta ilha e estes Açores para a universalidade da palavra e dos afectos, como só Daniel de Sá sabia cultivar!
Até sempre, Amigo!
Santos Narciso