língua portuguesa usada na Idade Média

Rio de Janeiro, 10 out (EFE).- O “Vocabulário do Português Medieval”, um lista com cerca de 170 mil palavras que eram usadas nos atuais territórios de Portugal e da Galícia (norte da Espanha) na Idade Média, foi lançado nesta sexta-feira no Rio de Janeiro após 35 anos de pesquisa.

A obra, elaborada por filólogos e lexicólogos da Fundação Casa de Rui Barbosa, instituto vinculado ao Ministério da Cultura, foi apresentada em cerimônia no Rio que contou com a presença da ministra, Marta Suplicy.
O vocabulário, em que cada palavra em desuso está vinculada ao seu correspondente atual, foi elaborado a partir de documentos datados em Portugal e na Galícia entre os séculos XIII e XV, segundo o Ministério de Cultura.
“Usamos uma grande quantidade de manuscritos da língua falada entre Galícia e Portugal. Com esse repertório foi possível retratar o processo de consolidação da língua portuguesa”, explicou o diretor de pesquisas da Fundação Casa de Rui Barbosa, José Almino de Alencar.
O vocabulário, que começou a ser redigido em 1979, também permite identificar a origem comum do português e do galego e os diferentes caminhos que os separam.
“Entre o latim romano e o português, a língua atravessou uma grande história. É um dos momentos desconhecidos dessa história que estamos retratando no vocabulário”, disse Alencar.
Além do trabalho de buscar e compilar os documentos originais, o projeto levou 35 anos para ficar pronto por causa das dificuldades em publicá-lo.
Os autores tentaram pela primeira vez em 1984 mas, sem patrocínio, se limitaram então a um fascículo. Em 1986 e em 1994 foram publicadas adaptações em partes, mas não todo o vocabulário.
A lista só foi completada em 1999, quando foi digitalizado.
E só agora, com o patrocínio do Ministério de Cultura, os autores conseguiram lançar mil exemplares do vocabulário, que tem dois volumes.
Outra dificuldade da equipe liderada pelo lexicógrafo Antônio Geraldo da Cunha foi decifrar os caracteres originais com que os documentos foram escritos.
“Dado o aspecto peculiar da grafia do português medieval, desde o começo do projeto a grande preocupação foi garantir a integridade da reprodução dos caracteres originais”, afirmou Ivette Maria Savelli, também pesquisadora do Setor de Filologia da Fundação Casa de Rui Barbosa.
“Precisávamos estar seguros de que a versão impressa seria bem executada em todos os aspectos, desde a atualização da estrutura e a revisão do conteúdo do banco de dados até o projeto gráfico, a edição e a impressão”, acrescentou.
Segundo o Ministério de Cultura, os mil exemplares editados serão distribuídos gratuitamente entre bibliotecas e universidades de Brasil, Espanha, Portugal, França, Alemanha e Estados Unidos.
“Não contávamos com nada publicado com essa densidade (sobre o português medieval). Esperamos que a obra seja o ponto de partida para estudos de nossa língua e de inspiração para que outros países façam o mesmo”, afirmou a ministra de Cultura no ato de apresentação da obra, na sede da Casa de Rui Barbosa.
Na cerimônia, a Orquestra Barroca da Universidade de Rio (Unirio) ofereceu um concerto com composições de Antonio Vivaldi e Giovanni Batista Pergolesi. EFE

Cultura
10/10 às 13h04 – Atualizada em 10/10 às 13h05
Obra reúne 170 mil palavras da língua portuguesa usadas na Idade Média
Agência Brasil+A-AImprimir
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A Fundação Casa de Rui Barbosa lançou hoje (10) um vocabulário listando palavras da língua portuguesa usadas na Idade Média e as relacionando com suas correspondentes atuais. O Vocabulário do Português Medieval demorou 35 anos para ser preparado e publicado. Utilizada em Portugal e na região espanhola da Galícia, entre os séculos 13 e 15, a obra conta com 170 mil verbetes.

O trabalho começou em 1979, com o lexicógrafo Antônio Geraldo da Cunha, do Setor de Filologia da Casa de Rui Barbosa, instituição vinculada ao Ministério da Cultura. “Ele arrebanhou uma quantidade de manuscritos de uma língua falada entre a Galícia e Portugal. Com esse repertório, é possível retratar o processo de consolidação da língua portuguesa”, disse o diretor do Centro de Pesquisas da Casa de Rui Barbosa, José Almino de Alencar. “Entre o latim romano e o português, a língua atravessou uma grande história. É um dos momentos dessa história desconhecida que está retratado no vocabulário.”

Além do desafio de recolher os vocábulos em documentos antigos, trabalho que levou alguns anos, os pesquisadores tiveram dificuldade para levá-lo ao público. A primeira tentativa foi em 1984, quando os pesquisadores, tentando conseguir patrocínio, publicaram um fascículo-amostra. Sem sucesso, houve uma adaptação da obra, publicada, em partes, entre 1986 e 1994.

Em 1999, todo acervo de pesquisa foi digitalizado, o que possibilitou a publicação do material no ano seguinte, como um CD-ROM (disco multimídia usado em computadores). Uma atualização, ainda em CD-ROM, foi publicada em 2007. Somente sete anos foi publicado o vocabulário, em dois volumes e mil exemplares.

O material será distribuído a bibliotecas e universidades do Brasil, Portugal, Espanha, França, Alemanha e Estados Unidos. “Não tínhamos nada publicado com essa densidade [sobre a origem da nossa língua]. Esperamos que a obra seja um ponto de demarcação para estudiosos da nossa língua e também de inspiração para outros países se debruçarem sobre suas próprias”, ressazltou a ministra da Cultura, Marta Suplicy, presente à solenidade.