PORTUGUÊS EM GOA

Fundação Oriente promove português em Goa

Instituição divulga a língua portuguesa no estado indiano.

Por Agência Lusa.

Após uma fase mais voltada para a recuperação do património, hoje é sobretudo ao nível da promoção da língua e da cultura portuguesa que a Fundação Oriente entende estar a desenvolver “uma acção muito importante” em Goa.

O papel que a Fundação Oriente (FO) tem em Goa, onde conta com uma delegação desde 1995, é “diverso”, diz Eduardo Kol de Carvalho, há três anos e meio no cargo de delegado da instituição naquele estado indiano que deixou de ser português há mais de meio século.

“Temos uma acção muito importante que é a promoção da língua portuguesa. Desde 1999 que apoiamos professores do ensino secundário”, cujo currículo contempla o português como língua opcional do 8.º ao 12.º ano, abrangendo um total de 848 alunos e damos prémios aos melhores de cada ano”, explicou Eduardo Kol de Carvalho, em declarações à agência Lusa.

A FO dirige a sua acção para o secundário enquanto o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua para o ensino universitário e, “nesse sentido, há também uma boa colaboração”.

Mais do que nas salas de aula, o português conheceu um novo fôlego com o “Vem Cantar” – concurso da canção portuguesa -, que granjeou indiscutível popularidade. “Quando estava em Lisboa pensei que era uma coisa que valia a pena acabar, mas, muito pelo contrário, é uma iniciativa muito interessante”, realçou Kol de Carvalho, que chegou a Goa depois de 15 anos no Japão, onde leccionou e exerceu funções de conselheiro cultural da embaixada de Portugal.

A última edição do concurso, a 15ª, cujo grande final enche uma sala com mais de mil lugares, bateu o recorde de adesão com 52 solos e 33 grupos.

Na vertente cultural, destaca-se ainda um concurso de contos em que português, inglês e concani (a língua local) disputam o mesmo prémio. Após a primeira edição (2011), que atraiu 68 participantes, foi lançada uma antologia dos contos em inglês, compilando os 22 melhores, a qual constitui “um enorme contributo para a nova literatura goesa porque os temas têm obviamente a ver com o quotidiano contemporâneo”, observou.

Actualmente encontram-se em curso os trabalhos para que a nova antologia seja dada à estampa pela editora Broadway, na sequência da segunda edição da iniciativa, a qual abriu o leque de idiomas ao marati e atraiu 101 concorrentes.

Já na área da conservação/recuperação do património, sensivelmente desde 2009, a instituição tem vindo a operar “muito mais ao nível da promoção e do apoio técnico”, referiu o arquiteto.

Foi, aliás, nesse sentido que se organizou, no ano passado, o terceiro ?workshop’, com a duração de cinco semanas, ministrado por um técnico especialista de Lisboa que, além dos ensinamentos sobre a pedra, acabaria por deixar um trabalho executado, que foi um dos pórticos do Convento de Santa Mónica de Velha Goa.

No plano do património, o “ícone” do trabalho efectuado pela FO é a Capela da Nossa Senhora do Monte, totalmente recuperada em 2001, não obstante outras intervenções em capelas e em templos hindus.

Erguida num lugar com uma vista soberba sobre a antiga cidade de Goa, onde se podem ver os vestígios da presença portuguesa arquitetónica de então, a capela seiscentista transforma-se anualmente no palco do Festival de Música do Monte, iniciativa da FO que conquistou um lugar no cartaz cultural de Goa e que teve, no início do mês, a sua 12ª edição.

Outra “importante actividade” prende-se com a galeria de arte, que além de acolher exposições temporárias, tem patente ao público, desde finais de 2012, uma mostra permanente da colecção de arte do pintor goês António Xavier Trindade (1870-1935).

O conjunto exposto (que inclui óleo, aguarela e desenho) integra o espólio de 144 obras da autoria do pintor e de sua filha Ângela Trindade (1909-1980) que a FO recebeu em 2004.

“Dado que no final do ano vamos ter a exposição do corpo de São Francisco Xavier – o que acontece de dez em dez anos – e, uma vez que o patriarca nos tinha solicitado previamente que fizéssemos uma actividade em torno do acontecimento, contamos apresentar Ângela Trindade pela primeira vez porque a temática que pintou, e que faz parte da coleção, é sobretudo religiosa”, concluiu.

Também presente em Macau e em Timor-Leste, a FO desenvolve outras acções designadamente no domínio da formação, facultando diferentes programas de bolsas de estudo.